Capítulo 23. I'm Nobody! Who are you?

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Henrique me acompanhou até o carro em frente ao hotel, seus dedos estavam ao redor do meu braço, segurando-me. Desde o momento que levantei daquele sofá minhas pernas estavam tremendo e minhas mãos geladas. Ele insistiu para me levar para casa, mas não permiti. Eu queria ir embora sozinha, eu estava bem!

Abri a porta do carro e sentei no banco quando ele me soltou.

- Eu estou bem! – Respondi antes mesmo que ele perguntasse. Liguei o carro e coloquei o cinto.

- Me passe sua localização, quero saber assim que você chegar! E me ligue também! – Disse ele todo preocupado.

- Henrique. – Suspirei baixo olhando para ele. Esse homem era o mais próximo de pai que eu teria novamente. – Obrigada. Eu te aviso quando chegar, não se preocupe.

Manobrei o carro e saí com o mesmo da vaga, pegando a avenida principal logo em seguida. Liguei o radio e passei pelas estações, nada de bom estava tocando. Uma angústia e um aperto no peito tomavam conta de mim, na realidade, eu não fazia ideia de como conseguir chegar em casa. Meu pé tremia no pedal, meu dedos trêmulos se agarravam ao couro do volante.

A casa de Paola era a mais próxima de onde eu estava, em cinco minutos eu estaria lá mas nem morta isso seria uma opção. Eu queria ver meu irmão, abraçá-lo e chorar em seu colo. Virei a esquina e peguei o caminho para casa de Beatriz.

I'm in here, a prisoner of history.
Can anybody help

Começou a tocar no rádio. Ótimo, uma música triste para embalar meu sofrimento, minha tristeza e minha desgraça. Que saudade dos meus pais, que saudade da minha vida antes de tudo isso. As vezes nem sequer consigo me lembrar.

Ninguém te ensina a viver e amadurecer sem seus pais. Antes eu era uma pessoa, era filha de alguém, hoje eu sou só... uma pessoa aleatoriamente em busca do rumo da vida.

Eu não sou ninguém.

Não sou mais a filha de alguém.

I've been waiting for

You to come rescue me

I need you to hold

All of the sadness I can not,

Living inside of me

Não sei como consegui chegar na casa de Beatriz, meus olhos estavam vermelhos e ardidos e meu rosto molhado pelas lágrimas silenciosas que teimavam em descer desenfreadamente. Estacionei o carro em frente ao seu prédio e saí com a bolsa no braço. Meus dedos tremiam mais do que nunca. Agarrei as mãos na frente do corpo tentando controlar o tremor.

Passei silenciosamente pela portaria do prédio e chamei o elevador. Apertei os lábios com força e soltei o ar pesado pelo nariz. As vezes eu esquecia de respirar. Entrelacei os dedos uns nos outros com toda força que me restava. Eu ainda estava tremendo.

Toquei a campainha do seu apartamento e aguardei.

Alguns segundos depois a porta foi aberta. Esperei ver Beatriz, mas foi meu irmão quem me recebeu. Soltei o ar que me restava e olhei seus olhos. Senti meu ombro cair quando olhei seu rosto e ele me olhou de volta. Pisquei devagar, ainda parada na porta. Seus olhos estavam arregalados e sua palidez ficou evidente.

Passei o olhar pelo ambiente, silenciosamente, olhando para dentro do apartamento. Beatriz estava parada um pouco atras dele segurando dois copos. Uma mulher a esquerda estava sentada no sofá e uma outra no chão, apoiada em suas pernas.

Cravei com força a unha do indicador em outro dedo, sentindo-a arder. Pisquei novamente e uma lágrima pesada caiu diretamente em meu braço. A mulher sentada no chão era Mackenzie.

Em busca de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora