Capítulo dois

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Acordei em Pânico com um balde de água sendo despejado no meu rosto, xinguei mentalmente por tamanho desconforto; Me levantei e dei de cara com a cara assustada da Bianca e logo fomos puxadas para fora do dormitório e fomos empurradas em direção ao Bloco dos Comandantes.

-O Coronel Galpin quer ter uma conversa com vocês.-Eu e Barclay trocamos um olhar temeroso e caminhamos em passos lentos até o local.

Ontem chegamos com os faróis apagados e a quase 5km por hora, os guardas de segurança eram soldados fieis ao Lameda pois ele os treinava sempre que podia, então eu sabia que eles não teriam provas que fomos nós que saímos com o maldito olhudo móvel.
Ao adentrar o lugar meus olhos procuraram quase que imediatamente o ruivo que eu sabia que estaria lá, o encontrei de pé em frente a mesa mais refinada entre as outras; Atrás do objeto de carvalho polido enxerguei o coronel com um rosto nada amigável e o seu irritante primogênito nos olhando fervorosamente.

-Agora que estão todos aqui, poderiam me dizer o porquê meu carro está quase sem gasolina e em uma posição que eu não o deixei?

-Não fazemos a mínima ideia, senhor.-A mulher ao meu lado falou prontamente e Tyler deu um sorriso debochado.

-Que conveniente não é? Os três Cabos que mais me odeiam dentro dessa base e ninguém tem nada a ver com o ocorrido?

-E porque teríamos? Peço perdão Coronel, mas não acha de certo exagero escolher a dedo possíveis culpados para uma aventura que seu filho de 20 anos possa ter feito?-Perguntei de forma segura e o homem bateu na mesa e se levantou.

-Está acusando meu filho de ter feito tamanho desrespeito?-Seu olhar furioso me dava um certo frio na espinha.

-Claro que não foi o que ela q-

-O carro tinha sinais de ligação direta?-Cortei a fala de Samuel que suspirou e abaixou a cabeça.

O coronel pareceu pensar um pouco.

-Não.

-Então quer dizer que a pessoa tinha a chave, como conseguiríamos a sua chave, senhor?-Perguntei de forma curiosa e Tyler me empurrou e ficou de frente para o pai.

-Pai eu estava no campo praticando futebol americano, junto do Davies e do Jansen! Chame-os aqui e eles irão confirmar.-O garoto colocou as mãos nos ombros do pai e o mesmo retirou as mesmas.

-Se porte como um homem, Tyler! Não me envergonhe na frente dos outros!-O garoto manteve um olhar triste, agora só tinha abaixado os ombros e retomou a posição de descanso ao lado da cadeira do pai.

O Coronel molhou a caneta na tinta e começou a escrever alguma coisa no caderno a sua frente, eu olhei para os dois ao meu lado e todos pareciam na espectativa da pior forma possível.
Observei em volta e tinha que admitir, o homem tinha um gosto elegante para alguém que participava da guerra; Várias estantes com livros pesados e coloridos sem seguir necessariamente uma ordem, as janelas de cor dourada que brilhavam sutilmente ao ter o toque da luz solar e sem contar o quadro com sua esposa e seu filho pendurado atrás de si.

-Cabo Barclay você irá cortar a grama do campo e podar as árvores dos dormitórios.-A mulher ao meu lado suspirou.

-Sim senhor.

-Cabo Lameda você irá lavar todos os banheiros da base.-O ruivo tinha um olhar indiferente como se esperasse coisa pior.

-Sim senhor.

-E você Cabo Addams, eu espero que não fale mais sem permissão do seu superior. Por isso sua pena será acompanhar a tropa da base 134 na missão das montanhas.-Arregalei os olhos.

-Está me mandando para a defesa das montanhas do norte?-Tyler soltou uma risada sádica e seu pai o olhou furioso.

-Imediatamente, você vai com a equipe de resgate e irá trazer o máximo de sobreviventes que conseguir.-Eu não estava nem raciocinando mais.-Claro, depois da sua aula de ataque aéreo. A previsão é que vocês voltem amanhã pela madrugada.

-Senhor, eu me disponibilizo para acompanhar a cabo Addams.-Samuel encarava um ponto fixo, como se fosse apenas um soldado que obedecia ordens.

-E eu não autorizo, Lameda.

-Senhor, levando em conta meus dons de primeiros socorros e que fui alistado como socorrista acredito que posso salvar muitos homens ao lado da cabo Addams.-O capitão o encarou por alguns segundos e carimbou a página depois de fazer mais uma anotação.

-Parece decidido, salvem vidas e não me causem mais problemas.-Olhei apreensiva para o mais alto e ele me lançou um olhar de conforto.-Dispensados.

O silêncio reinou entre nós, caminhamos em passos rápidos até o dormitório onde tomamos banho e fizemos nossas higiene para ir para a aula.
Ao chegar na pista de aviação pude avistar os caças, todos alinhados e um mais lindo que o outro principalmente por todos serem Bell P-39 Airacobra, o meu sonho de consumo desde que vi sobrevoando o céu de Los Angeles a dois anos atrás.

-Muito bem pilotos, alguém pode me dizer como identificamos nosso alvo em meio a tantas casas e prédios?-Capitã Yoko perguntou nos observando e eu levantei a mão.-Diga Addams.

-Avistando um ponto de referência depois de estudar o terreno.-Ela assentiu.

-Errar o alvo pode custar muitas vidas do nosso próprio exército, fora a destruição civil que causarão desnecessariamente e eu se fosse vocês não iria querer sangue inocente nas mãos.-Ajeitou seus óculos e apontou para o avião na pista. -Já que respondeu prontamente minha pergunta, faça as honras Addams e nos mostre como fazer um bombardeio correto.

-Funcionará assim, Você irá usar uma caixa de bombinhas infantis para simular a precisão da bomba, irá soltar a mesma sobre a torre oeste de vigilância.-A capitã terminou de explicar e eu senti minhas mãos soarem frio.

-Capitã deveria colocar quem realmente sabe, como um homem...-Galpin fez questão de ser inconveniente e a mulher deu um sorriso satisfeito.

-Se faz tanta questão, Galpin... Pegue o avião a esquerda e quem bombardear corretamente ganhará direito de passar um dia em Bakewell.-Sorri e olhei para o insuportável, eu faria de tudo para conseguir isso.

Wenclair - Forty-threeOnde histórias criam vida. Descubra agora