Capítulo dezenove

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P.O.V - Wednesday Addams

Meus braços tremiam em uniformidade a alguns minutos, eu sentia a respiração de Emma contra o mesmo quase como uma brisa suave. Seus olhos se encontravam em repouso e suas pequenas mãos estavam fechadas; Sua beleza era de um anjo, assim como de sua mãe que era a criatura mais perfeita criada por Deus.
Agora definitivamente havia uma competição. Percebi que Chris estava demorando demais, o relógio já marcava 4 horas da manhã e ela havia descido a mais de meia hora com Ava nos braços.

Em uma velocidade aceitável caminhei lentamente para fora do quarto das meninas, meus pés descalços sentiam a madeira recém polida. Desci os degraus com calma e me deparei com Chris chorando baixinho, três mamadeiras abertas e Ava concentrada na tia.

- Meu Deus, o que aconteceu aqui?- Ergui as sobrancelhas.

- E-ela não quer minha mamadeira, e-eu já tentei três vezes!- Seus soluços atrapalhavam sua fala e eu segurei o riso.

- Você deveria saber que Ava só toma as que eu faço...- Um sorriso presunçoso tomou meu rosto.
- Agora pegue Emma que eu cuido da minha pequena exigente.

A morena veio até mim onde recebeu a sobrinha nos braços com todo cuidado, peguei o babador de Ava e coloquei no pescoço da mesma.
Fui até o fogão e lavei a panela, comecei a preparar o leite com cuidado e atenção ouvindo a mais nova reclamar com o bebê o quanto ela tinha magoado seus sentimentos, não pude conter o riso dessa vez.

Minhas meninas haviam chegado a alguns dias, no início foi um verdadeiro desespero a ponto de Chris pedir uma licença de três dias da direção das empresas. Nós não sabíamos trocar uma fralda quanto mais duas.
Mamãe nos ajudou e a cada passo errado da minha irmã era um esporro diferente, então eu entendi o porquê Chris se manteve em segredo esses anos, ela era a mais exigida entre nós.

- Prontinho sunshine, seu leite só precisa esfriar.- Tirei o pano do ombro e coloquei sobre a bancada.

- Nunca terei filhos.- Passou a mão livre pelas temporas, percebi as olheiras profundas em seu rosto.

- Interessante, Liandra sabe disso?- Peguei minha pequena no colo.

- Lia não precisa saber de nada, até porque eu e ela não temos nada.- Pontuou colocando Emma no carrinho e balançando o mesmo.

Decidi me manter em silêncio. Ava me encarava com olhos pidões, aqueles azuis tão lindos sempre me lembravam dela.
Testei o líquido e já estava morno, com cuidado ajudei a mesma a ingerir vagarosamente.

Já estava no quarto com ambas dormindo, eu encarava as pequenas com os olhos pesados, afinal já passava das 6am, eu realmente precisava dormir.
Dei um beijo na cabeça de cada uma e fechei as janelas para o sol não entrar. Ouvi a campainha tocar e amaldiçoei pela governanta ainda não ter chegado.

Desci as escadas com medo de sair rolando degraus a baixo por causa do sono, ajeitei o pijama e soltei os cabelos na tentativa de ficar mais apresentável.

- Em menos de uma semana elas já te deixaram assim?- Sam apareceu do outro lado com uma criança nos braços.

- E quem é essa criança?- Franzi o cenho e ele me empurrou para que eu o deixasse entrar.

- Minha filha.- Disse com uma expressão culpada e eu senti meu queixo cair.

- Perai como é que é?- Fechei a porta indo até ele que tinha sentado no sofá.

- Ele é meu papai! Mamãe que disse!- A menina de cabelos ruivos se pronunciou e eu arregalei os olhos.

- Querida por que você não vai até o quarto da tia Chris e pula nela? Fica naquela porta ali.- Ele apontou e a criança saiu em disparada.

- E a Chris sabe desde quando?- Minha ficha ainda não havia caído.

- Desde que ela e a mãe dela se mudaram para cá.- Suspirou.
- Foi um descuido a mais de 4 anos, eu soube por uma carta a uns 3 meses. Eu ainda estou me adaptando, sabe?

Procurei alguma vestígio de mentira em sua feição porém não encontrei, pelo contrário, vi culpa e medo no seu olhar. Samuel ia fazer 27 anos em poucos meses, eu sempre achei estranho não ter filhos ou querer casar e nesse sentido ele sempre foi muito reservado.
Eu confiava nele de olhos fechados e sabia que ele não abandonaria ninguém, muito menos uma filha já que além de amar crianças ele tem um caráter invejável.

- Qual o nome dela?- Quebrei o gelo e ele ajeitou sua camisa polo.

- Usler, Usler Leiniger.- Um sorriso bobo brotou no seu rosto e eu dei uma risada.

- Você já a ama muito, não é?- O ruivo concordou.

- Mesmo não ficando com a mãe dela, eu quero fazer parte da vida da minha filha, Wed.

Chris apareceu na sala com uma criança em suas costas e sua aparência era Ilária. Seus cabelos desgrenhados e sua camisa totalmente amarrotada eram a cereja do bolo.

- Papai achei a tia Chris!- Deu um sorriso largo e a maior fez um joinha com a mão.

(...)

Apertei o o chapéu sobre a minha cabeça e segurei o pack de garrafas de leite mais firme.
Eu estava disfarçada de vendedor, o que era muito comum por essas ruas.
Bati na porta esperando ansiosamente ela ser aberta e não demorou muito para acontecer. Enid tinha olheiras, seus cabelos não eram penteados a dias, ela fungava e segurava um lenço além de ter um olho esverdeado de um possível machucado sarando.

- Sinto muito, senhor. Mas não precisamos mais de leite nessa residência.- Falou por fim antes de tentar bater a porta porém eu impedi.

- Sabe... você já foi mais educada, Sinclair.- Levantei a cabeça e olhei nos seus olhos.

Suas pupilas se dilataram deixando o azul do seu olhar ficar cada vez mais forte. Sua expressão se abriu e ela soltou o lenço em sua mão. Enid procurou o ar com suas narinas como se tivesse esquecido como respirar, seu peito subia e descia em milésimos.
Ela me puxou para dentro como se eu fosse desaparecer como fumaça...

"Como se eu fosse um alucinação" pensei.

Suas mãos tocaram a carne do meu braço antes de arremessar meu chapéu longe. Seus dedos finos pentearam meus cabelos como se eu fosse apenas uma criança novamente.
Eles logo desceram para o meu rosto onde seu indicador fez uma trilha até meus lábios levemente ressecados. A loira abriu um sorriso e eu a acompanhei antes de soltar o Pack no chão com cuidado.

- Sentiu minha falta, meu amor?


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Finalmente aconteceu em galera, já não precisam me ameaçar de morte mais!!!
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Wenclair - Forty-threeOnde histórias criam vida. Descubra agora