Capítulo doze

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P.O.V – Chris Matarazzo Addams

Ajeitei minha camisa para dentro da calça e afivelei o cinto de couro italiano; me olhei no espelho e respirei fundo pegando a garrafa de whisky e despejando o líquido no copo de vidro.

O clima nos Estados Unidos estava frio, mas a lareira estava sendo suficiente no momento, mesmo que a neve caísse incessantemente pela janela e eu devo admitir que adoro ver os flocos alvos que se faziam presente nessa época do ano; minha paz foi interrompida por batidas irritantes do outro lado, “entra” gritei dando um gole na bebida alcoólica.

- Querida, que saudade!- Vi meu pai adentrar a sala e corri em sua direção o abraçando com toda força.

- Quanto tempo!- Ele segurou as laterais do meu rosto emocionado, toquei suas mãos com um sorriso exagerado.- Faz o que? 9 meses?

- E 12 dias!- me entregou o pacote em suas mãos.- Sua mãe pediu para lhe entregar.

- Mamãe! Ah ela é sempre tão gentil!- Abri o pacote as pressas e vi uma camisa preta de gola alta.

- Tão elegante! Eu amei.

- Ela pensou em mandar um coração de cervo em conserva, mas eu a lembrei que você odeia mal tratos a qualquer animal.- Me ofereceu um olhar acolhedor.

- Obrigada por isso, diga a ela que estou radiante.

- Não é qualquer dia que se faz vinte e dois anos, como se sente?- Fiz uma careta.

- Velha.- Ele riu.

- Como estão os negócios? Ouvi dizer que a funerária está tomando rumo internacional!- Falou empolgado e eu ri.

- Isso mesmo pai, recebi uma proposta de Churchill para ter uma sede em Londres.- Dei espaço para ele se assentar.

Gomez não era meu pai de sangue, eu havia sido adotada aos dois anos pela família Addams e bom, quando me perguntaram se eu queria estudar em Nova York não pensei duas vezes, estudei minha vida toda entre homens e me destaquei dentre todos eles, mesmo tendo crescido longe de todos da minha família eu não me arrependo pois agora, ajudei eles a crescer financeiramente...como eles me tiraram daquele orfanato horrível.

Meus irmãos não tinham conhecimento de mim, preferi assim para evitar qualquer drama familiar, não quis atrapalha-los.

- Notícias de Wednesday?- Senti uma pontada ao lembrar da minha irmã em uma situação tão difícil.

- A última carta foi a 6 meses.- Seus olhos lacrimejaram e eu toquei seu ombro antes de dar a volta na mesa.

- Ela vai ficar bem, pai.- Ofereci um sorriso amarelo e ele assentiu.

Ouvi mais batidas na porta e Divina se fez presente no escritório com uma carta em mãos.

- Correspondência da Inglaterra, senhorita Addams.- Caminhou até minha mesa.- Está no nome de Samuel Lameda.

(...)

P.O.V – Wednesday Addams

Risquei mais um dia do calendário, hoje era dia 20 de janeiro de 1944, uau os dias aqui voam; por falar em voar faz tempo que não faço isso, mais de um mês na verdade desde que perdemos muitos soldados em um ataque aéreo a base, foi extremamente triste ter que enterrar os restos mortais e identificar os corpos.

Olhei para o meu baú e contei as cartas mentalmente, já eram 6, eu queria escrever mais porém com as crises de Pânico vem ficando realmente difícil de escrever.

Wenclair - Forty-threeOnde histórias criam vida. Descubra agora