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— Ele te chamou de morena, puta que pariu.– Duda diz, me devolvendo o celular.– Gostosão ele. Seu pai contrata bem, hein.

— Aquieta o fogo no rabo, garota.

— Ele não leva apavoro fácil, do jeitinho que você gosta.

— Garota! Relaxa. Eu só ajudei um novato qualquer.

(...)

— Como que vamos dar um apavoro no Queiroz?!– Vital questiona, curioso.

— Que horror, Matheus.– Digo, me sentando ao seu lado.

— Na minha vez ninguém teve dó de mim, não!

— Vamos fazer o de sempre– Fagner dá um gole em sua água.– Só aloprar na apresentação dele.

— É, não venham ter dó agora, quando foi eu mês passado, ninguém teve piedade!– Guedes diz arrumando seu cabelo.

— Boa tarde, pessoal!– Tânia, a secretária-chefe diz, adentrando o refeitório.– Vocês sabem do nosso volante novo, não é?!

— Sim!– Os jogadores dizem em um unisso.

— Pois se comportem!– A mais velha diz em um tom baixo e rígido desta vez. Fazendo eu rir baixo.– Pode entrar, Eduardo.

Dito isso, um cara jovem adentra o refeitório com as mãos no bolso. E se põe ao lado de Tânia, ficando a nossa frente.

— Eai, gente!– O garoto diz brevemente, mas revelando seu lindo sorriso. Eu pisco duas vezes, atordoada pelo garoto, que eu não imaginava ser assim.– Eu sou o Eduardo Queiroz, mas podem me chamar de Du, não tem neurose, não.– Dou um sorriso involuntário, e Du percebe, já que o preto lança uma piscadela para mim, me fazendo corar um pouco.

— Cê é daqui de São Paulo, Queiroz?– Piton questiona, se sentando do meu lado.

— Sou sim!

— Canta um pouco aí pra gente, Eduardo.– Roger diz, e o garoto me olha, eu sibilo com os lábios um "eu avisei".

— Beleza! Aonde? Aqui mesmo?

— Sobe aqui na cadeira.– Mosquito puxa a cadeira para frente da grande mesa. O mais velho da umas batidinhas na cadeira, fazendo menção, para Queiroz subir nela.

E é isso que o mesmo faz, ele sobe, e indaga a fala:

— O que vocês querem que eu cante?!

— O que vocês acham de pagode?– Sugiro aos meus amigos, me virando para eles. Instantaneamente um sorriso travesso domina os lábios deles.

— Pagode! Pagode! Pagode!– Eles começam a exclamar em um unisso, batendo na mesa.

— Falou! Mas qual?

— Até que durou?– Renato sugere.

— Camisa 10?

— Opa, essa é minha.– William diz, nos fazendo rir.

— Tá vendo aquela lua que brilha lá no céu!– Digo rindo, apoiando minha cabeça no ombro de Piton.

— Vai essa!– Mendez diz.

— Te filmando, eu tava quieto no meu canto! Cabelo bem cortado, perfume exalando...– Eduardo me olha breve, com um pequenos sorriso em seus lábios.

Antes mesmo do garoto começar a cantar, os jogadores já estavam vaiando. Mas quando a cantoria começou, eles foram obrigados a parar, já que Eduardo estava realmente cantando bem.

— Daquele jeito que eu sei que você gosta, mas eu te dei um papo, e você nem deu resposta!– Os jogadores batucam na mesa, para dar continuidade ao ritmo da música.

— Tudo bem, um dia vai, e outro vem!– Cantamos em um unisso, nos remexendo nas cadeiras.– Você deve estar pensando em outro alguém.

— Mas se ele não te merecesse, eu não estaria aqui!– A voz volta para Eduardo, e dizemos o "não, não, não..." da música.– Ou talvez você não queira se envolver, magoada, tá com medo de sofrer! Mas se ele não te merecesse, eu não estaria aqui!– O garoto agora se remexe, e canta com mais confiança.

— Não, não, não, não, não!– Exclamamos em um unisso.– Tá vendo aquela lua que brilha lá no céu? Se você me pedir eu vou buscar só para te dar, se bem que o brilho dela nem se compara ao seu, deixa eu te dar um beijo vou mostrar o tempo que perdeu.

— Que coisa louca, eu já sabia– Todos param de cantar, sobrando só a minha voz e a de Eduardo. Ele aponta para mim breve, para eu não parar de cantar. Então, eu continuo.– Enquanto eu me arrumava, algo me dizia. Você vai encontrar, alguém que vai mudar, a sua vida inteira da noite pro dia!

Todos começam a bater palmas e Queiroz dá um sorriso orgulhoso.

(...)

— Vou fazer um drink para você, Belle!– Lucas diz saindo do meu lado, e adentra a casa de Mantuan.

Depois do treino dos garotos, viemos pra casa do Gustavo, curtir uma música, comendo churrasco na área da piscina.

— Eai, nem tive chance de conversar com você.– Queiroz se senta ao meu lado.

— Você se saiu muito bem no trote, parece até que já estava preparado.– Digo, dando um risinho.

— Valeu, morena. Consegui me preparar mesmo.

— Você realmente não toma apavoro fácil, não é, preto?– um sorriso largo surgiu em seus lábios depois que o chamei de preto.

— Acho que não tomo mesmo.– Eduardo sussurra.

— Você canta bem.

— Sou o pacote completo, gatinha.– Ele aproxima seu rosto do meu.

— Será?

— Aham.– Queiroz fica a milímetros de distância do meu rosto, fazendo eu conseguir sentir o alito de absolut.

— Eu sou filha do seu chefe, viu?

— Eu já disse. Não tomo apavoro fácil.

— Tenta a sorte, preto.– Mordo meus lábios.

Canção de Exaltasamba.- Du QueirozOnde histórias criam vida. Descubra agora