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— Meu amorzinho – Meu pai diz entrando no meu quarto.– Tem alguém tocado a campainha, você pode ver que é? Papai está cansado, já vai dormir.

— Essa hora?!– Franzi o cenho olhando para meu Apple Watch, que marcava um pouco mais de meia-noite.

— Estranhei também.– Me levanto, e meu pai me dá um beijo na testa.– Vou deitar, se precisar de ajuda me chame.

— Tudo bem, papai. Vou lá ver, boa noite!

— Ah – Meu pai que já havia saído do quarto, põe a cabeça para dentro do mesmo.– Foi tudo bem com sua mãe ontem? Quando eu cheguei todas vocês já estavam dormindo.

— Ah...– Meus pensamentos logo viajam até meus roxos.– foi tranquilo, ela estava calma. Não tinha bebido, fica em paz.

— Fico muito feliz! Se alguma coisa acontecer com você, me diga, querida.

— Muito obrigada, papai.– Dou um sorriso reconfortante.

— Boa noite!

Quando meu pai entra no quarto, eu desço as escadas, e abro a grande porta.

— Du?!– Franzi o cenho, muito confusa.

— Oi, morena.– O preto mormura sorrindo.

— O que você está fazendo aqui?! Como sabe onde eu moro, menino?

— Eu perguntei para o Gustavo!

— Que boca aberta!– Dou risada.– Como você entrou aqui.

— Joguei meu charme para o porteiro, e ele me liberou.

— Ah, não!– Rio mais ainda.

— Eu vim te entregar isso.– O camisa trinta e sete ergue meu colar em minha frente.

— Meu Deus! Onde isso estava?– Pego com cuidado o colar de suas mãos, abrindo o pingente.

— Estava no chão da balada. Eu ia te devolver, mas você tinha sumido. E hoje você não foi ao dentro.– O mesmo diz, e eu solto um sorriso enorme para Du.

— Muito obrigada, preto! Esse colar é extremamente importante para mim.

— Sua família é linda.

— É, ela é.– Mormuro.– E eu fui embora sem me despedir porque minha mãe precisava de uma ajudinha.

— Ah, entendi! Eu pensei que você ia todos os dias para os treinos no ct.

— Eu vou de vez em quando. Mas é que na maioria das vezes eu estou trabalhando.

— E qual vai ser minha motivação agora?– Queiroz faz biquinho, me fazendo rir.

— Se orienta, menino.

— Cê gosta do álbum da copa?– O mesmo cruza seus braços.

— Gosto... mas do nada?!

— Ah, era só pra te avisar que você vai ganhar figurinha repetida.

— Que?! Como as...– Sou interrompida por um beijo de Queiroz.

Suas mãos invadem minha cintura, me puxando para perto do preto.

Eu deslizo minhas mãos sobre seus braços até chegar aos seus ombros, pousando minhas mãos ali.

Du sorri contra meus lábios.

Nossas línguas são suaves e aproveitadoras, dançam juntas, como se fossem uma só.

E só distanciamos nossos lábios quando nos falta ar.

Mas mesmo assim estamos muito perto, e encaro a boca do jogador, que agora abriga um sorriso lindo.

— Você é maluco, Eduardo?

— É que você não me deixa em sã consciência, Isabelle. 

— Me tira dessa!

— Tá afim de ficar batendo um papin'? Atoa mesmo?

— Eu não vou te atrapalhar?

— Que nada!

— Beleza, então.

Me afasto de Du, e fecho a porta atrás de mim.

— Vem!– Sigo o preto, e ele abre a porta do passageiro, e entro lá.

(...)

— Tá – Du dá uma risada.– Mas eu sou mais disciplinado no meu trabalho do que você!

— Caralho, Eduardo! – Pego uma batata frita.– Agora é uma da manhã, e você tem treino de manhã. Eu não trabalho hoje.

Eu e Queiroz compramos lanches no McDonald's, e estamos comendo no estacionamento, conversando sobre tudo.

— Você é uma má influência.

— Eu?!

— Você! Nunca que eu comeria um lanche de madrugada, faltando poucas horas pra eu ir treinar.

— Beleza, preto! Então dá meia volta.

— Ah, não!– O garoto gargalha.

— Tá vendo! Você que é todo desviado.

— Desculpa aí, certinha.

— Como é a sua relação com a sua família?

— Do nada?– O preto da um risinho, franzindo o cenho.

— Curiosidade.

— Ah, minha família é bem grande, acho que por isso sempre fomos muito unidos. Mas quando eu era moleque, lá pra minha adolescência mesmo, eu tive uns bo com meu pai.

— Por que?

— Meu pai sempre me amou muito, mas quanto mais eu crescia, mais ele tentava tirar a ideia de futebol da minha cabeça.

— Sério?!

— É, ele achava que não ia dar em nada. E não era por maldade, mas é que para nós, o sistema limita nossa vida de tal forma, tá ligada? E aí a gente brigava direto.

— E hoje? Vocês são tranquilos hoje em dia?

— Sim! Ele se orgulha muito das conquistas que eu tenho tido. Inclusive eles vão estar no jogo de domingo!

— Acho que você vai se sair muito bem nesse jogo. Ansioso?

— Muito! Ah, e não esquece que nós ainda vamos sair hoje.

— Que?!

— Lembra que eu tinha te dito sexta, às quatro?

— Verdade!

— Eu disse sério. Até na parte que disse para você ir de vestido.– O mesmo cruza os braços.

— Eduardo Queiroz!– Dou um tapa nele, e com o braço que eu o acerto, ele me puxa para seu colo.– Você é um tarado.

— E você é uma gostosa.– Queiroz diz na maior tranquilidade, me fazendo rir.

Eu estava prestes a contextar, mas o garoto me puxa para um beijo.

Canção de Exaltasamba.- Du QueirozOnde histórias criam vida. Descubra agora