Capítulo Nove

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Uma das exigências feitas pelo torneio era a de ter 18 anos ou mais. De primeiro, o cara não acreditou que Anne tinha 18, então ela mostrou a identidade e a carteira de motorista, e agradeceu.

– Ainda bem que pareço mais nova.

Minha aparência já estava normal para minha idade. Afinal, eu tinha aquela mesma altura desde os meus 16. As única coisa que mudou foi o meu porte físico, eu havia ganhado mais massa corporal. Mas isso foi antes de eu passar duas semanas sem comer direito.

Estávamos na recepção de um hotel ali próximo da minha casa e da praia. Os organizadores haviam ficado lá. Eu e Anne fomos até ali para resolvermos toda a parte chata, que sinceramente, se eu pudesse pular, eu pularia. Toda aquela burocracia de nomes e RG e o caralho a quatro... coisa que eu não tinha saco algum para lidar.

– Anne, resolve essas coisas para mim – falei, entregando minha carteira de identidade. Ela revirou os olhos.
– Tá, Luke.

Sorri e ela foi junto com a mesma mulher que estava na tenda quando nos inscrevemos naquela mesma manhã. Me sentei num sofá grande e macio, da mesma cor clara de minha camisa. Parei de bater meu pé no chão quando percebi que estava fazendo isso. Comecei a mexer nos meus dedos, impaciente. Queria meu celular, mas estava na bolsa de Julia, e ela tinha ficado na praia.

– Você está meio abatido. – Brad Phillips disse, sentando ao meu lado no sofá que eu estava.
– E aí, sr. Phillips. – Me sentei direito no sofá, mas ele continuou largado.
– Você pode me chamar de Brad, se quiser – colocou as duas mãos atrás da cabeça. – Eu nem sou tão velho assim.

Pelo que eu havia visto, ele tinha 43. Mas não parecia. Brad era alto, forte e seus cabelos castanhos e cacheados não aparentavam ter um fio branco. Sua pele era tão dourada quanto quando o sol bate na areia da praia. Ele era boa pinta. Queria continuar assim aos 40.

– Brad. Ok. – Falei, mais como uma nota mental do que como uma resposta.

Olhei ao redor e vi os outros dois participantes conversando com duas outras mulheres que supuz terem o mesmo cargo que a que estava cuidando das coisas com Anne.

– Sua garota é muito bonita. – Brad falou, e eu estava olhando fixamente para uma janela. Depois de dois segundos, captei o que ele disse e o olhei.
– Quem, a Anne? – Ri um pouco. – A Anne não é minha namorada.

Ele apenas levantou-se e saiu rindo.

Que louco.

Anne passou por seu lado, vindo em direção a mim, com uns papéis na mão e um sorriso nos lábios. Sentou-se no lugar que Brad ocupava antes.

– Então... vamos amanhã. 6h da manhã, pegamos o trem junto com a equipe e os outros dois participantes.
– Incluindo o David.
– Sim, Luke – ela riu e colocou uma mão no meu ombro.
– Vai ser legal. Eu espero de coração que isso consiga me entreter.

Ela sorriu e começou a mexer nas folhas, e me explicar tudo que a moça disse a ela. Anne disse que a mulher se chamava Grace. Enquanto ela falava sobre o hotel - super legal, enorme, bem frequentado por celebridades e blá-blá-blá, olhei para David e ele sorriu pra mim. Sorri de volta e pensei: "preciso ter muita paciência".

– Fala sério, Anne. Será que agressão me faria ser expulso da competição?
– Quê? – Ela seguiu meu olhar e suspirou. – Vê se não estraga tudo, caramba. Passaremos quase um mês lá, tudo grátis, num lugar bom pra caramba, por favor, não faz merda.
– Ah, foda-se. Vamos embora daqui.

Levantei e puxei Anne pela mão. Passamos pela porta do hotel e escutei as chinelas dela baterem na cerâmica chique do piso. Fomos pela calçada até o lugar onde combinamos de achar Julia. Ela tinha continuado lá, mas, ela estava fazendo outra coisa, uma coisa que não estava fazendo quando a deixamos. Ela com certeza não estava beijando um cara mais cedo. Anne viu na mesma hora que eu.

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