Capítulo Doze

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Take off: onde o surfista levanta da prancha.

Re-entry: batendo na crista da onda verticalmente e reentar na onda.

Air/Aéreo: Saltar fora da onda

•••

Abri meus olhos com dificuldade. Tinha esquecido de fechar a cortina na noite anterior. "Noite?" pensei. Então lembrei que quando havia voltado para o quarto, o sol já tinha nascido.

Me sentei na cama e instantaneamente senti uma dor horrível na cabeça, que depois foi passando para o tronco, e depois os meus membros, que me fez deitar de novo. Coloquei a mão na cabeça e senti ela pegando fogo.

– Puta que pariu – falei quando vi o relógio em cima do criado mudo marcar 13h.

Vi que ali tinha um bilhete. Peguei e comecei a ler.

"Lucas,

Não sei se você está bravo comigo, mas, hoje tem a primeira etapa do torneio. Vai ser de 13h20, na praia aqui da frente. Tenta não se atrasar.

Beijos, Anne."

Xinguei novamente em voz alta, me levantei mesmo com dor e fui ao banheiro. Olhei no espelho e vi meu reflexo. Eu estava horrível. Parecia que eu havia bebido a noite toda.

Fechei os olhos e tive algumas visões da noite passada.

Peitos. Peitos? Sim, alguém tinha feito um lapdance em mim. Não reconhecia o rosto, nem a voz que gemia. Eu estava numa boate. As luzes piscavam, e eu pude ver a imagem de David. Ele me estendia um baseado. Eu fumava. Então eu vi Bruce cheirando cocaína. Ele me ofereceu, eu recusei. Voltei a ver mais peitos na minha frente. E várias doses de vodka descendo por minha garganta.

Engoli seco. Ainda podia sentir a bebida queimando. Fui até o frigobar e bebi uma água. Minha cabeça latejou. Como eu conseguiria subir naquela prancha hoje? Seria possível mesmo que eu iria ser desclassificado na primeira etapa? Tive vontade de me dar um murro, mas eu já estava sentindo dor o bastante. Mais imagens da noite passada invadiram minha mente. Mas aí, comecei a lembrar do que havia acontecido antes.

Alice e Caleb estavam na piscina. Eu passei pra almoçar com Anne e os vi. Alice me viu e Anne tentou me levar pra outro canto. Eu gritei com ela. Ela chorou e saiu correndo, eu fui atrás dela mas David me impediu.

Cara, eu sei toda sua história com essa garota. Sei que você tá acabado. Mas, você tem que sair dessa. Ele falou, me puxando pelo braço até a porta da frente do hotel. Vamos, eu vou te mostrar a cidade.

Entramos num carro e ele andou pelas ruas de Malibu. Até que o sol saiu do céu, e fomos para a boate.

Balancei a cabeça tentando lembrar de mais coisa, mas não consegui. David só podia ter feito aquilo pra me foder. Molhei o rosto, escovei os dentes e saí do banheiro. Eu não podia misturar maconha com bebida, e aposto que fiz isso em excesso na noite anterior. Vesti uma bermuda e coloquei minha malha, peguei a prancha e saí correndo do quarto. Quando cheguei no elevador, escutei uma voz gritando meu nome.

– Lucas! Espera, porra. – David gritava no final do corredor.
– O que é? – Tentei falar, mas o máximo que saiu da minha boca foram ruídos de quem teve uma noite péssima. Ele chegou do meu lado e colocou uma de suas mãos no meu ombro.
– Cara, você tá bem? A Anne me pediu pra te chamar. – Entrei no elevador, e ele fez o mesmo.
– Qual é? Você me leva pra beber, me dá droga, me faz misturar com bebida alcoólica e ainda pergunta se eu estou bem? – Gritei, mas logo quando terminei a frase, me arrependi disso. Encostei minha cabeça no espelho e murmurei alguns resmungos.
– Você não lembra mesmo, não é?
– De que?
– Quem pediu pra comprar maconha foi você. E foi você mesmo que quis misturar tudo. Eu só queria te apresentar umas garotas pra ver se você parava de chorar que nem criancinha por causa da sua ex.

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