Capítulo Vinte e Nove

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Precisava conversar com Alice. Mas, confesso, tive medo. Medo de ouvir sua voz e mudar de ideia, medo de não conseguir falar tudo que precisava, medo de esquecer algo. E, quando a olhei dormindo serena, com um meio sorriso nos seus lábios rosados, seus cabelos bagunçados... não consegui acorda-la.

O hotel deixara disponível aos hóspedes algumas canetas e um bloco de papel com folhas de tamanho médio. Voltei ao lado da cama e procurei no criado mudo. Peguei com cuidado e fechei a gaveta. Olhei para trás e Alice ainda estava dormindo. Soltei o ar lentamente, com medo dela acordar até com o som do meu suspiro pesado. Vesti minha camisa e minha bermuda. Sentei na mesa que tinha na varanda e coloquei os papéis e a caneta em minha frente. Não liguei a luz, mas também não precisei, pois o sol já estava raiando.

Permaneci olhando para a folha em branco por alguns minutos.

Tomei a caneta em mãos e a levei até o início da primeira linha da folha. Respirei fundo e tomei cuidado ao começar a escrever. Mas comecei. Do jeito mais clichê que se pode começar uma carta de despedida:

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