Capítulo Treze

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Voltei para o hotel o mais rápido que pude. Anne e David foram cada um para os seus quartos. Combinamos de descer pra comer de 15h. Estava muito cansado. Ainda pensei em descansar logo, mas sabia que se deitasse, seria capaz de dormir até o outro dia. Então tomei banho, vesti uma roupa qualquer e calcei minhas sandálias. David nos levou para comer na frente do hotel. Tinha uma lanchonete que vendia hambúrgueres enormes. Como eu não tinha comido nada descente por horas, comi dois.

Alice e Caleb passaram por nós por um momento. Ela olhou pra mim e eu já estava a olhando. Seu olhar era triste. Queria que fosse de raiva. Nossa. Eu daria tudo para que ela estivesse sentindo raiva de mim, e não tristeza. Foi tão rápido, mas conseguiu me deixar mal pelo resto do tempo em que ficamos na lanchonete. Anne e David jogaram papo fora, e tudo que eu consegui fazer foi olhar para o mar.

– Galera, eu to morto. Preciso descansar. Talvez eu só acorde amanhã, então, a gente se vê. – Levantei sem esperar eles responderem. Coloquei 5 dólares em cima da mesa e saí. Fui para o hotel. Olhei no meu celular e eram 16h23.

Eu estava muito cansado. Fisicamente e mentalmente. Aquilo tudo de quase ser desclassificado. A ressaca tomando conta de mim. Alice e seu namorado novo. Estava complicado até de ficar de pé. Minha cabeça latejava. Só conseguia pensar em descansar a tarde e a noite toda. Ao passar pela recepção, fechei meus olhos e imaginei a maciez da cama, mas, percebi o contraste quando senti minhas costas baterem na parede com muita força. Abri meus olhos e encontrei o rosto de Caleb na minha frente. Seu braço estava sob meu peito e ele sorria.

– Oi, Luke. – Ele falou, deixando a cabeça cair pra trás.
– Oi? – Franzi o cenho e tirei seu braço de mim. Cruzei meus braços e ergui minha postura com dificuldade, senti minhas costas estalarem. – Fala logo, eu to precisando descansar.

Imaginei que ele fosse falar do episódio que havia acontecido.

– Seu pai nunca te ensinou a tratar uma garota? – É, eu acertei.
– Bem, isso não é da sua conta. – Ergui uma de minhas sobrancelhas e olhei pro lado. Nós estávamos próximos aos elevadores. Acho que não tinha mais ninguém naquela parte do hotel.
– Nem o meu... Mas isso não importa. Você está certo mesmo. Ela vira louca entre quatro paredes – ele sorriu com malícia e eu senti minhas veias pulsarem de tanta raiva. – Hoje de manhã, depois do que você disse, ela ficou puta contigo, sabia?

Não falei nada, apenas soltei o ar pela boca. Olhei pro lado e voltei a fita-lo.

– Daí ela descontou tudo em mim. Você sabe, em cima de mim. E com muita força.

Ficamos um tempo sem falar nada. Não tirei os olhos dele, e ele fez o mesmo.

– Já acabou? – Falei, saindo da frente dele e indo chamar um elevador. Não estava em condições nem de ficar de pé, quanto mais ouvir detalhes sobre a foda matinal deles.

Não ouvi mais nada, nem sua voz, nem passos dele indo embora. Supus que Caleb continuou parado aonde estava. Também não me virei para conferir. Quando a porta do elevador abriu, ele falou num tom baixo, mas audível:

– Esqueci de falar que quando ela gozou, ela disse que eu como ela mil vezes melhor do que você. E falou gemendo, como uma vadiazinha.

Senti meu corpo se encher de energia – a raiva faz isso comigo. Voltei até a frente dele, andando em passos pesados. Puta merda, eu queria matar ele. Quando fiquei em sua frente, abri minha boca pra falar algo por impulso, mas ele me interrompeu, sussurrando:

– E ela não disse isso só hoje. Alice faz questão de deixar isso bem claro todas as vezes que nós transamos. Você sabe, ela é uma vadia insaciável. – Ele se aproximou mais do meu rosto e finalizou: E são muitas vezes. Por dia.

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