Capítulo Vinte e Três

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– Aonde fica, afinal? – Perguntei a Jonah e ele riu.
– Não muito longe... aguenta aí.

Estávamos eu, Anne e Jonah andando na areia. Já era uma parte meio deserta da praia e não havia muita luz. Como já se passavam das oito da noite, não contávamos com a luz do sol. Mas, dava pra enxergar. A lua estava enorme e brilhante. Acho que o sol não poderia dar um ar tão bonito aquela noite. O que faltava mesmo era chegar logo aonde os amigos dele estavam. Já andávamos por 15 minutos.

– Olha ali – Jonah apontou e estreitei meus olhos. Pude ver uma fogueira, e várias pessoas ao redor. Algumas dançavam, outras estavam com instrumentos.

Andamos mais rápido. Meus ouvidos logo reconheceram a música.

– Baby I'm howlin for you – cantei junto com eles. Jonah sorriu e foi falar com um de seus amigos.

Pareciam todos felizes. Aquela música me deixou animado de cara. Todos ao nosso redor batiam palmas no ritmo e haviam duas garotas dançando. Jonah se aproximou com dois copos vermelhos e estendeu para mim e para Anne.

– Aqui, hoje é liberado – rimos e brindamos. Engoli a bebida e senti o gosto de vodka pura. Não queimou tanto quanto deveria queimar.

Bebi muito rápido vários copos daquilo. Eu realmente precisava ocupar a minha mente. Já estava cansado daquilo tudo, do grande drama da minha vida. E, se ela queria ficar longe, se ela queria ficar com ele, que seja. Eu tinha que ter meu orgulho também.

Fiz amizade com as pessoas dali bem rápido. Todos eram muito legais, e talvez já estivessem acostumados a receber gente nova. Aliás, talvez todos ali fossem novos. Não houve rivalidade entre os finalistas do torneio, e nem com os que torciam por Jonah. Eu me senti bem de verdade. Por um momento quis David ali conosco, mas ele e Savannah quiseram ficar no hotel fazendo sei lá o quê.

Todos estávamos sentados ao redor da fogueira bebendo, dividindo um baseado e comendo carne seca. Lá pro quinto copo de vodka, pensei estar bêbado demais quando ouvi alguém tocar sanfona. Mas, um amigo de Jonah havia começado a cantar uma de minhas músicas favoritas. Me levantei e puxei Anne pra dançar.

– Você lembra dessa música? – Perguntei quando estávamos de pé.
– Claro que sim! – Começamos a bater palma no ritmo e cantamos junto com o garoto.

Logo estavam todos de pé, dançando de uma forma desengonçada, mas bastante feliz. Fechei meus olhos e me imaginei exatamente ali, sozinho, e viajando na música. Me lembrei de pensar em Alice. Mas, por um momento, vi que não precisava. Estava bem. Então continuei me imaginando sozinho.

Algumas palmas ficaram mais fortes. Todos cantavam bem alto a letra. Abri meus olhos e vi a felicidade estampada nas pessoas. Anne conversava com uma garota e Jonah se agarrava com outra. Quando fechei meus olhos novamente para aproveitar os segundos finais da música, senti uma mão em meu ombro.

– Come with me now... – ela sussurrou no meu ouvido quando a música acabou. Permaneci de olhos fechados ao ouvir a sua voz. Alice estava ali. Sério mesmo?

Me virei e ela estava lá, sorrindo, com uma blusa branca de mangas longas e um daqueles shorts que me enlouqueciam.

– O que você está fazendo aqui?
– Ah, eu? – Alice olhou pra trás de mim e acenou para alguém.
– Oi, Alice! – Jonah acenou para ela de volta.
– Ele me chamou – voltou a olhar para mim.
– E você conhece ele de onde?
– Ué, daqui, ora essa...
– Hm. Tá bom – dei as costas para ela e andei até Anne. Antes que pudesse me sentar, Alice segurou no meu braço.
– Espera... – sussurrou.
– Esperar o que? – Falei um pouco alto, atraindo olhares para nós – Cansou de falar com o Caleb debaixo da tenda do torneio e veio falar comigo?
– O que? Não!
– Então o que é? – A puxei pelo braço para mais distante de onde todos cantavam – Tá precisando conversar? Vamos conversar. Comece me falando porque está me ignorando, depois de tudo que aconteceu.

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