Capítulo 68

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Acordei bem cedo no dia seguinte, na
verdade, quase nem consegui dormir,
fiquei pensando num jeito de resolver
tudo.

Tirei Enid dos meus braços sem
acordá-la, precisava sair para pegar
algumas coisas e também precisava ver o John. Eu estava sentindo que precisava conversar com ele, mesmo sendo muito arriscado. Troquei de roupa e ia saindo de casa quando alguém fez um barulho de copo batendo no balcão.

- Pensa que vai aonde? - era Bianca.

- Esclarecer as coisas. - falei ajeitando
minha jaqueta.

- Ótimo, porque eu estava pensando em
fazer isso mesmo, espera só eu trocar de roupa. - ela correu, eu em menos de cinco minutos voltou. - Vamos.

Entramos no carro e eu fui dirigindo para
o centro da cidade, eu não tinha plano nenhum, eu nem tinha pensado nisso, só acordei com a idéia de ir conversar com ele, meu cérebro estava a mil por hora.

- Estou quase pegando o extintor de
incêndio. - ela falou brincalhona.

- Ham?

- Seu cérebro está pegando fogo. - ela riu, Bianca tinha esse dom, ela era parecida com Vero, transformava um clima pesado em algo leve e suportável.

- Ele sabe que você vai atrás dele.

- John me viu no prédio do FBI. - falei
olhando pela lateral dos olhos.

- Não ele, o El loco. - ela revirou os olhos.

- Ele fez isso porque sabe que você vai
querer se vingar, ele vai ficar esperando
seu ataque surpresa. - desviei o olhar
rapidamente da estrada, ela tinha razão.

- Eu ainda não pensei sobre isso. - falei
sincera. - Eu acho que não vou fazer nada. Ele parece estar sempre a dois passos na minha frente. - bati no volante irritada.

- Talvez seja a hora de se recolher. -
Bianca falou. - Temos muitos contatos, sair do país e se esconder em algum lugar não vai ser tão difícil.

- Não vamos poder ficar todos juntos, no
máximo três de nós no mesmo lugar.
- falei olhando pra pista, estava chegando no centro da cidade.

- Mas é uma boa idéia. - estacionei o carro em frente a um Starbucks que ficava de frente ao FBI, sabia que ele tomava café ali algumas vezes.

- Qual o plano? - Bianca perguntou.

- Eu não tenho. - falei direta. - Eu só vou chegar lá e conversar com ele.

- Toma. - ela me deu um taser. - Usa se
precisar. - olhei pra rua e vi um vendedor ambulante com um monte de treco.

- Compra um laser. - dei vinte dólares pra ela.

- O que? - ela falou, confusa.

- Compra um daqueles chaveiros laser,
fica de dentro do carro mirando no peito
dele, quando eu fizer o sinal com a mão..., - fiz o sinal. - ...Você acende o laser, está distante, ele não vai saber se é uma arma ou não, então ele vai ficar quietinho.

- A bateria desses trecos devem durar uns quinze minutos. - ela falou, nervosa.

- Eu só preciso de dez, ele está saindo,
qualquer coisa vai embora, tem dinheiro
na escada da casa, só tirar os degraus, eu deixei lá caso precisasse. - pisquei para ela.

- Boa sorte. - fui caminhando
naturalmente, entrei e ele estava lendo
jornal, pedi um café e me sentei na mesa dele.

- Eu sabia que viria. - ele falou.

- Eu sabia que você sabia. - soltei uma
risada nasal.

- Cadê ele? - perguntei olhando ao redor.

- Ele vai chegar no momento certo. Você
sabia que aqui é uma cafeteria onde
praticamente todos os agentes vem
tomar café? - ele perguntou rindo.

- Sabia, por isso que se eu explodisse
esse lugar, acho que abriria novas
oportunidades de trabalho. - ele ajeitou
o terno. - Mas não vim fazer atentados
terroristas hoje.

- E o que veio fazer aqui, Wednesday? - vi ele movimentar a mão por baixo do jornal, fiz o sinal pra Bianca e aquela luz vermelha surgiu.

- Não se mexa, não quero sujar seu
Armani de sangue. - sorri e ele tirou a mão lentamente, deixando a vista.

- Por que o FBI me queria nesse caso? - falei séria. - Pensei que você fosse inteligente... - sorri, zombando.

- John Stuart, ou se preferir, Frances Rock, mora na rua Green Village, número 42, pai de duas meninas lindas e marido dedicado, sua esposa acha que você trabalha na bolsa de valores. - ele parecia assustado.

- Pensei que fosse inteligente o bastante para manter sua identidade, agora você está exposto, você vai...

- "A" Tentar me eliminar com a arma que você colocou dentro do jornal para disfarçar, ou...

- "B" Tentaria alertar aos outros agentes, nas duas alternativas você morre e sua família também.

- Nunca te ensinaram a não ameaçar a
família de um homem? - ele perguntou
nervoso.

- Vocês mexeram com a minha antes. -
falei,me ajeitando na cadeira.

- Vamos começar novamente, por que me queriam nesse caso? - o café estava
chamuscando, não conseguia nem
segurar o copo.

- Eles iriam eliminar os dois, essa
vingança entre famílias está matando
muitas pessoas inocentes e rendendo
bilhões para o governo, depois que
você decidiu invadir nossa central de informações, o governo precisou
reverter completamente nosso sistema
de segurança, depois El loco explodiu
uma lanchonete no meio de Miami.

- Uma lanchonete recheada, se você me entende. - era uma lanchonete onde se guardava armas, eles faziam isso em locais que ninguém desconfiava.

- As informações estavam caindo nas mãos erradas, estavam sendo repassadas, nosso país ficou em risco, você foi a causadora dele.

- Plausível. - falei tranquila, me
encostando na cadeira. - Por que não nos mataram na prisão?

- Vocês se matariam, mas as coisas
saíram do controle do FBI e o chefe
decretou queima de arquivos.

- Foram vocês quem entraram na minha
casa?

- Não, chegaram antes de nós. - ele falou calmo.

- Quando descobriu que era só mais um peão nesse xadrez? - ele parecia
surpreso.

- Como? - ajeitou a gravata.

- Eles te escolheram pelo seu passado,
você conhecia os Frumps, era bem
próximo deles, você fechava o contrato
com eles, por isso te colocaram no caso, acharam que você saberia lidar comigo, mas eu sou diferente, não sou? - ele se remexeu na cadeira.

- Eu sou tudo aquilo que meu pai não era, eu sou baderneira, não tenho medo de sujar as mãos e de cair de cabeça num tiroteio, quando a bomba estourou e eles viram que você tinha perdido o controle, você foi tirado do caso e eles queriam acabar com qualquer arquivo sobre isso, FBI pedindo ajuda a mercenários para conseguir o que
queria.

- Nós dois fomos peças nesse jogo. - ele respirou fundo. - Eu dei a informação para Austin e Tom que o FBI tinha deixado o caso e iria para sua casa, eu sabia que eles iriam fazer. Eu mudei seus nomes da ficha do hospital, Lucia me ajudou com isso, eu pedi pra ela não falar, porque eu tinha coisas para resolver com você.

- Eu, seu pai e Murray Sinclair estudamos juntos e viramos melhores amigos, eu segui um caminho diferente, mas a amizade era a mesma, todos esses anos eu tentei te proteger de alguma forma, mesmo você não me vendo ou sabendo, a irmã que cuidava de você, era uma agente, ela não morreu de câncer, ela foi assassinada. Quando ele descobriu que ainda havia um Frumps vivo, ele tentou te matar, mandou o irmão dele e ele fez aquela barbaridade com você, Wednesday, seu pai...

- Ainda está vivo. - a voz masculina me chamou atenção, meu coração disparou e eu não tive  coragem de olhar para cima, ele estava ali, parado.

Meu pai estava vivo... meu pai, Gomez Addams estava vivo.

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Olá amigos, como estão? Revelação um tanto surpreendente nesse capítulo...

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