Capítulo 69

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Estava ali parada olhando para John, sem reação, sentia a presença masculina ao meu lado, não conseguia entender mais nada, meu pai estava vivo, eu deveria estar feliz, mas eu não sabia o que sentia, se sentia ódio por ele ter me deixado naquele orfanato ou se sentia felicidade por eu finalmente poder conhecer meu pai, depois que descobri que meu de verdade era um "bom" homem e não aquele maldito, parte de mim ficou em paz, uma parte que há muitos anos vivia atormentada.

Ouvi a cadeira fazer barulho e ele se sentou a mesa conosco.

Respirei fundo, era uma das formas de tomar coragem para virar e ver a face do meu pai, mas quando olhei para ele, seu rosto já conhecido por mim me deixou ainda mais surpresa.

- Eu sei que tem muitas perguntas, mas
não podemos conversar aqui. - John falou olhando o relógio. - Nos encontre em quinze minutos num estacionamento que fica a duas quadras daqui.

- Se for uma armadilha,você já sabe. -
me levantei e fiz sinal para Bianca parar
de apontar o laser, saí de lá atordoada,
minha respiração começou a falhar e eu
comecei a tentar puxar o ar, mas parecia que ele não estava ali, senti meu coração palpitar assim que entrei no carro.

- Wednesday, o que houve? Meu Deus, você está muito pálida. - ela pegou o celular, desesperada.

- Lucy, Wednesday está pálida, sua
respiração fraca, o que eu faço? Ok.
- ela abaixou o banco e eu estava tentando controlar minha respiração, não podia ter um infarto ali. Senti Bianca colocar a cabeça no meu peito.

- Você está com dor, Wednesday? - Eu não conseguia falar, apenas neguei, "respira e inspira". Minha respiração foi voltando ao normal e eu ajeitei o banco.

- Graças a Deus ela está voltando a cor normal. - Bianca parecia bem assustada.

- Dirige. - falei ainda com um pouco de
dificuldade.

- Estacionamento... duas quadras, vai - falei e coloquei a mão no coração, precisava me certificar que ele não estava parando.

- Você está bem? - Bianca perguntou,
desviando rapidamente os olhos da
estrada.

- Estou. - me sentia muito melhor agora.

- O que houve lá? - ela perguntou.

- Meu pai está vivo. - o carro dançou na
pista e algumas buzinas puderam ser
ouvidas.

- Puta que pariu. - ela acertou o carro na pista. - Que loucura... eu não sei nem o que dizer. - ela falou boquiaberta.

- Nem tem o que dizer. - eu abaixei minha cabeça lentamente e fiz pressão na minha nuca, geralmente quando minha cabeça se enchia de pensamentos isso ajudava a aliviar, mas hoje isso não estava funcionando.

- É muita coisa acontecendo, Bia, eu acho que vou pirar. - senti o carro
parar.

- Weds, olha pra mim. - eu continuei na
mesma posição. - Olha pra mim, Wednesday. - ela me sacudiu e eu levantei a cabeça.

- Eu não sei o que fazer, Bianca, não
sei lidar com isso. - minha respiração
começou a pesar.

- Se você não conseguir lidar com isso,
todos nós vamos morrer. - ela falou séria, soltou a respiração e abaixou a cabeça negando.

- Weds, precisamos de você, estamos... estou tão perdida. - levantei a cabeça.

- Perdemos o Xavier  e o Ty, estamos sem rumo e saber o que fazer, Yoko está desamparada, e Mani... ela está
grávida. - pela primeira vez minha mente ficou em branco, não conseguia pensar ou assimilar nada.

- Caralho, Barclay, e agora? - foi a primeira coisa que eu consegui dizer e ela começou gargalhar.

- Parece até que eu falei que você era o
pai. - ela parou de rir. - Mas eu te entendo. - ela deu dois tapinhas na minha costas.

The Mission (Wenclair) Onde histórias criam vida. Descubra agora