pãozinho no forninho

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– tá tudo bem. – Diyoza foi a primeira a se pronunciar, a voz da experiência de uma mulher mais velha e muito bem vivida pesava em todos os outros mais jovens e menos espertos. Diyoza nunca errava.

– o Murphy mereceu esse soco. Foi um belo golpe. – a mais velha continuou falando, Diyoza era nada mais nada menos do que uma ex militar, líder de um batalhão.

– desculpe.. eu.. – Lexa se perdeu, era difícil explicar, o que ela diria? Murphy falou muitas coisas, todos ouviram, especialmente Clarke.

– vai falar com ela, não se preocupa com a gente, ninguém aqui vai te julgar tá? Tipo.. sinceramente? Foda-se, desde que você não machuque Clarke, foda-se o seu erro, vai lá. – Harper sugeriu, sorrindo de leve pra morena, Monty observou e se aproximou de Murphy ainda desmaiado.

As palavras de Harper foram tão verdadeiras e leve que Lexa não sentiu mais vergonha, realmente, ninguém ali olhava Lexa com um olhar de julgamentos, eles só pareciam preocupados. A Woods atendeu a sugestão de Harper, saindo dali para procurar Clarke, ela foi em silêncio, a loira não iria responder se ela chamasse.

Por outro lado, Clarke correu por vergonha, ela estava em um misto de emoções terríveis, sabia que Lexa sabia, mas ela realmente pagou a Murphy? Isso era tão estranho, tão cruel, tão injusto, tão traidor... mas e se foi pelo bem de Clarke? Ela se importava tanto ao ponto de ir atrás? Ou será que tudo era mentira e ela sempre teve a intenção de desvendar o caso?

A loira correu para o segundo andar, ela apenas tentou manter a postura, evitou correr pelas crianças e andou rapidamente, seu sapato com um salto baixo causava barulho pelo corredor vazio, ela seguiu até um quarto afastado e entrou nele, fechou a porta e andou até a cama, sentando-se e suspirando fundo. O problema das palavras de Murphy era a convicção de que Clarke era um monstro, isso machucava como uma facada, ela tentava todos os dias ser uma pessoa boa... e isso era tão injusto.

Griffin deslizou as mãos até o rosto, tentando controlar seus pensamentos sendo jogados uns atrás dos outros em uma montanha de perguntas infinitas. Woods não demorou tanto para encontrar onde ela estava, quando abriu a porta, a loira ignorou e ela entrou, fechando-a em seguida. Ambas ficaram paradas, Clarke não olhou e Lexa não se aproximou.

– eu posso me explicar. – a voz da morena soava calma, apesar de seu coração não estar. Um momento como aquele foi tão difícil de digerir que nenhuma das duas garotas conseguiu reagir direito.

– seja breve, eu.. não entendi caralho nenhum. – Clarke afastou as mãos do rosto, sua confusão misturada com cansaço de tanto pensar era evidente, ela não queria mais aquela vida de ficar se escondendo, Lexa sabia, agora era isso, tudo ou nada. Seu olhar se voltar para a garota ainda próxima a porta. Woods suspirou baixo, observando os olhos azuis da outra, não era fácil falar olhando pra ela mas não existia outra opção, seu coração apertou pela merda que fez ao enfiar o nariz no passado da loira, só naquele momento Lexa teve total consciência de seu erro...
Quão longe ela foi?

– eu te conheci, você era bonita e simpática, curiosa, eu diria.. as primeiras vezes que eu te vi, você tinha uma energia estranha, eu sei que toda mãe tem essa energia cansada mas.. eu senti que eu precisava entender melhor. Eu não sei porque mas.. – Lexa mordeu os lábios, continuar era muito pior do que ela pensou, suspirando outra vez e apertando as mãos, ela continuou. – eu não cometi só um erro, eu cometi um crime... Eu invadi sua privacidade, eu investigue a sua vida, o seu passado, a sua filha, seu ex namorado, cada um de seus amigos e eu também envolvi minha irmã nisso... – os olhos verdes se encheram de lágrimas enquanto falava, as palavras ficavam mais difíceis, Lexa foi forte para continuar e Clarke manteve um olhar tão compreensível e gentil que a morena sentiu-se incentivada a abrir logo o jogo. – eu recuperei fotos antigas e apagadas a muito tempo, mas.. não era o suficiente né? – Lexa riu leve, indignada com o quanto ela foi longe, parecia tão absurdo agora, realmente; quando não pensamos direito, o erro pode ser do tipo mais asqueroso possível. – Murphy, você tinha muitas fotos com ele mas nada dele em suas redes sociais, Raven ainda tinha contato, uma conta falsa impossível de rastrear foi a parte fácil, eu não pensei duas vezes antes de aceitar me encontrar com ele na noite do dia 29, eu também te chamei pra minha casa sabendo que você não poderia ir, eu.. isso seria útil caso precisasse...

Bati no seu carro - ClexaOnde histórias criam vida. Descubra agora