Campo Mourão I - 24

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DAYANE

Os dias passaram voando, a semana na casa de minha mãe tinha sido a melhor em meses. Angelo e eu pudemos relaxar de verdade, fiz questão de ignorar qualquer mensagem desnecessária de Andrea respondendo apenas coisas que eu sabia que de fato eram importantes e que ela precisava saber. Nos dois primeiros dias, ela tentou ligar para Angelo, mas ao terceiro dia em que ele a respondia monossílabicamente, ela desistiu de ligar. O  que eu não reclamei, afinal eram nosso último dia com minha mãe e a família de minha irmã, queríamos focar em outras coisas. 

- Olha, nós estamos brigados viu? - Ouvi uma voz conhecida e já me virei com um grande sorriso no rosto.

- Victor! - Corri até o meu amigo o abraçando apertado. - O que você está fazendo aqui?

- Bom, um passarinho me disse que você iria para Curitiba amanhã então eu resolvi fazer uma visita né? Já que se depender da senhora...

- Calado! - Finalmente o soltei. - Desculpa, eu não queria arranjar encrenca com Andrea e...

- Relaxa, Dayas. - Ele sorriu. - Eu sei, estou brincando. Já tinha de vir a trabalho mesmo. 

- Como você está? - Perguntei indo para cozinha, estava fazendo um bolo e precisava checa-lo. 

- Bem, sabe como é. - Deu de ombros. - Trabalho de escritório é triste.

- Já te dei a solução para esse problema, abre sua firma. - Me virei para ele sorrindo.

Victor abriu a boca para me responder mas foi interrompido por Angelo e seu pequeno grito.

- Tio Vi! - Sorri ao vê-lo correr em direção a Victor e o abraçar tão apertado quanto eu.

- Meu Deus, daqui a pouco você está maior que eu! - Victor o abraçou de volta. - Como você está, campeão?

- Bem! Vamos ver a Carol amanhã. - Sorriu alegre, meu filho era apaixonado em minha namorada.

Victor me olhou rapidamente com um pequeno sorriso no rosto. 

- Eu fiquei sabendo! Te trouxe algo, está na sala com Fernanda. - Victor avisou e Angelo rapidamente concordou com a cabeça recebendo um beijo na testa e saindo dali correndo.

- Não corra, Angelo! - Gritei sabendo que ele ouviria. - Meu Deus, será que eu vou ter que repetir isso até o meu último dia na terra?

- Provavelmente. - Victor provocou. - Parece que temos um fã da Carol, né?

Sorri enquanto ele apontava na direção onde Angelo havia corrido.

- Sim... Tal mãe, tal filho. - Brinquei. - A paixão é mutua.

- Carol sempre foi boa com crianças, meio sem noção as vezes, mas boa. - Nós dois rimos. 

- É, mas o Angelo está crescendo tão rápido... Mal da pra chamar de tão criança assim. - Suspirei. 

- Não sofra antecipadamente, Dayas. - Victor passou o braço pelos meus ombros, nós dois encarando Angelo e meus sobrinhos no quintal. 

- Sabe que as vezes eu queria mais um? - Confidenciei baixinho. 

- Está falando sério? - Pude sentir Victor me olhar e eu me virei para encara-lo.

- Muito sério. - Me encostei na pia. - Mas ao mesmo tempo eu fico meio assim... Já tenho quase 30 anos será que não é meio tarde?

- Que nada, se o Jay de Modern Family consegue por que você não? - Revirei os olhos, com um pequeno sorriso no rosto. 

- Estou falando sério, Vi.

- Eu também! - Ele deu de ombros. - E olha, eu acho que todo mundo ia topar.

- Com todo mundo você quer dizer?

- Você sabe. - Me encarou nos olhos.

- Acha mesmo que ela iria topar? - Sussurrei.

- Claro que acho! E digo mais, ficaria surpreso se ela não sugerisse antes.

- Mas nós acabamos de voltar...

- Pelo amor de Deus. - Victor riu. - Vocês namoraram por anos, praticamente moram juntas que eu sei e não é como se tivessem se conhecido ontem. Apenas siga o fluxo e eu garanto que vocês chegam lá.

- Meu Deus, Angelo seria 10 anos mais velho que essa criança se ela existisse agora! Imagina daqui um tempo. 

- Bem, dá pra dizer que ele tem bastante vivencia para ensinar. 

Eu concordei com a cabeça rindo, iria guardar aquela ideia comigo. Quem sabe eu não falasse mesmo com Caroline daqui um tempo.

- Eu tenho que ir.  - Victor sorriu vindo me abraçar mais uma vez. - A próxima vez você prepara um quartinho que eu te visito em Palermo.

- Sim, senhor. - Devolvi o abraço apertado. 

- Me mantenha informado sobre o seu caso, viu? Confio em Hector, mas se precisar sabe onde me achar.

- Pode deixar, Vi. 

Victor então se despediu de todo mundo e foi fazer o trabalho que havia o levado até Goiânia. Eu voltei para sala me jogando no sofá ao lado de Fernanda, felizmente minha mala e a de Angelo já estavam devidamente arrumadas. Não quisemos fazer muito bagunça por saber que logo mais estaríamos viajando novamente.  

- Conversei com a mamãe e ela disse que nós vamos levar você e o Angel para o aeroporto amanhã. - Fernanda me avisou enquanto trocava de canal.

- Tudo bem, obrigada. - Fechei os olhos, bocejando em seguida. - Vou tirar um cochilo, qualquer coisa me chame.

A última coisa que eu vi antes de fechar os olhos foi minha irmã concordando com a cabeça sem ao menos tirar os olhos da televisão. 

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Acordamos cedo na manhã seguinte e eu estava ansiosa, finalmente veria Caroline! Fizemos uma rápida mudança de planos e a pedidos da ruiva, ela iria nos buscar no aeroporto. O que apenas havia me deixado com mais vontade de ir logo.

- Se cuidem e me ligue assim que chegar em Campo Mourão, ok? - Minha mãe pediu/mandou no meio do nosso abraço apertado.

- Eu vou, mãe. 

Nos afastamos e eu me despedi de meus sobrinhos enquanto Angelo se despedia de minha mãe, Fernanda e David.

- Tia Day, você promete que vamos pode conhecer sua namorada bonita da próxima vez? - Olivia perguntou enquanto eu estava agachada entre ela e Thomas.

- Prometo que trago Carol da próxima vez. - Afirmei sorrindo.

Ela então concordou com a cabeça parecendo satisfeita com a minha resposta e saiu dos meus braços voltando para perto de David. Olhei para Thomas que estava distraído com meus fios de cabelo e sorri, eu queria aquilo. O devolvi para Fernanda e me aproximei de Angelo que já estava ao lado de nossas malas.

- Day? - Ouvi minha mãe chamar quando já estávamos nos afastando, me virei rapidamente para olha-la. - Vai dar tudo certo, filha.

Sorri para ela e concordei com a cabeça, eu não sabia dizer se era de tanto ouvir aquilo, se era pelo fato de estarmos longe ou se era apenas uma intuição, mas eu passava a acreditar de verdade nos dizeres de minha mãe. Tudo daria certo. 

Desiderium - DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora