Oceanos - 4

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CAROLINE

Demorei um pouco mais para sair do restaurante naquele dia graças aos minutos que perdi com Bruno e Day. Ainda não podia acreditar que a morena era a nova empregada do trabalho do meu amigo, era muita sacanagem. Claro que eu sabia que ele não havia a levado até lá por mal, eu nunca disse seu nome. Talvez tentando impedir a mim mesma de lembrar. 

A chuva começava a cair do lado de fora quando finalmente alcancei a porta, coloquei meus fones e abri meu guarda chuva. Não morava longe do restaurante, então sempre ia andando. Menos quando precisava fazer algo depois, tipo ir no mercado ou até mesmo sair. Caminhava rápido tentando chegar na portaria antes que a chuva engrossasse, mas fui bruscamente interrompida por um puxar de mãos. 

Me assustei derrubando a sombrinha no chão e me virei para trás, encarando uma Dayane completamente molhada assim como eu estava ficando. Tirei meus fones para ouvi-la.

- Me desculpa, não quis te assustar. - Ela se abaixou pegando minha sombrinha e me entregando. Naquele ponto ela já não era tão necessária. 

- Eu não te ouvi. - Me expliquei antes que ela achasse que eu estava a ignorando. 

- Percebi. - Riu sem graça.

Ficamos naquele silencio desconfortável mais uma vez, eu simplesmente não entendia o que ela queria comigo. Me parando no meio da chuva para não dizer nada. 

- O que você quer, Day? - Perguntei da forma mais suave que consegui.

- Eu... - Ela respirou fundo. - Podemos sair da chuva? Não te quero doente. 

Não contestei, não era como se eu a quisesse doente também ou como se eu quisesse ficar doente. 

- Vem, meu apartamento é logo ali. 

Voltamos a caminhar, dessa vez lado a lado, mas sempre em silencio. Parecíamos perdidas em nossas próprias cabeças. Cumprimentei Alberto, o porteiro, e então entramos no elevador. Rezei para que Bruno não estivesse em casa, aquilo só tornaria nossa conversa mais constrangedora. Abri a porta respirando aliviada ao não ver nenhum sinal do meu amigo. 

- Fica a vontade, vou fazer um chá pra gente. - Avisei e esperei que ela se sentasse.

Pelo canto dos meu olhos, pude observar Day reparando em todos os lugares que seus olhos alcançavam. Analisando meu apartamento, curiosa. 

- Por favor, não coloca...

- Sem açúcar, eu sei. - Sorri para ela. 

- É... - Meu sorriso aumentou um pouco ao vê-la abaixar a cabeça sem graça.

Coloquei uma xicara em sua frente enquanto mantive a outra em minha mão. Deixei que meus olhos alcançassem o dela.

- Então... - Lhe dei a deixa, afinal ela quem havia me parado.

- Eu realmente não sei por onde começar. - Riu nervosa. - Não quero que pense que eu estou te perseguindo, eu só... Caramba, fiquei muito surpresa em te ver aqui. 

- É, acho que posso dizer o mesmo. - Me sentei na bancada ficando ao seu lado. 

- Como você está? 

- Bem, gosto daqui. - Dei de ombros, um sorriso nascendo em meu rosto. - Eu amo esse lugar na verdade. - Fui honesta. - O que te trouxe aqui?

- Ahm... O trabalho de Andrea.

- Andrea? - Levantei minha sobrancelha. 

- Minha esposa. - Esclareceu com a voz mais baixa e eu engoli em seco, de fato ela tinha toda uma vida com um outro alguém. 

Desiderium - DayrolOnde histórias criam vida. Descubra agora