DAYANE
O dia havia começado cedo para mim, tinha apenas uma semana desde que o pedido oficial de Andrea havia chego em minhas mãos, mas desde então eu já havia feito algumas mudanças. Para começar, achei uma casa para mim e Angelo perto de sua escola, Victor me recomendou um amigo que felizmente morava em Palermo e já havíamos nos encontrado algumas vezes.
- Oi mãe. - Angelo sorriu entrado no carro. - Vamos almoçar juntos?
- Sim, senhor. - Sorri de volta, estávamos tentando amenizar os nosso próprios sentimentos.
- Conversou com o Hector sobre viajarmos? - Ele perguntou colocando o cinto.
- Sim. - Suspirei. - Ele disse que esse tipo de processo pode levar até um ano, se não houver um acordo das duas partes. - Comentei já pegando o rumo para o restaurante onde minha namorada trabalhava. - Mas que desde que Andrea concorde, nós podemos viajar.
Iria ser um trabalho, afinal Angelo decidiu que deveríamos ficar com minha mãe um tempo e o resto de suas férias passaríamos com Carol. Felizmente, ele teria o mês inteiro de junho de férias. Duas semanas com a minha mãe, duas semanas com Caroline.
- Isso vai ser difícil. - Nós dois suspiramos saindo do carro.
- Bem, o não a gente já tem né?
- Claro, estamos buscando a humilhação. - Ele respondeu e eu revirei os olhos rindo e acenando para Bruno assim que meus olhos o encontraram.
- Como estão? - Ele perguntou me abraçando e abraçando Angelo.
- Meh. - Meu filho respondeu se sentando.
Eu não o julgava, apesar de ele estar mais ranzinza do que o normal, eu entendia que as condições estavam complicadas. Justamente por isso, decidi coloca-lo em uma terapia, o que teve que ser discutido com Andrea também. Ela estava realmente nos dando trabalho.
- Eu já pedi para nós. - Bruno trocou de assunto, o que eu agradeci com um sorriso.
- Posso pedir uma coca? - Angelo perguntou me encarando e eu concordei com a cabeça.
- Falou com Carol ontem? - Bruno perguntou se virando para mim.
- Não. - Suspirei, a mãe de Caroline estava internada, mas bem. Havia fraturado o quadril em uma queda. - Ela está bem?
- Sim, sim. - Ele sorriu. - Disse que se ela envelhecer e ficar teimosa como a mãe temos toda permissão para lhe dar uns tapas.
- Rose está difícil assim? - Perguntei rindo.
Bruno concordou com a cabeça rindo comigo e prosseguiu em me atualizar do que sabia sobre Carol, nosso almoço se seguiu o mais leve que dava para ser e eu deixei Angelo em sua aula de boxe antes de voltar para o trabalho.
As aulas dele eram algo recente, mas que vinham ajudando-o a controlar sua frustração e até mesmo raiva em relação a tudo que vinha acontecendo. Geralmente, Andrea o buscava e então eu o pegava depois do trabalho e voltávamos para nossa casa, mas com a virada de chave de minha esposa, Angelo passou a ressenti-la consideravelmente. Então agora, eu o buscava.
- Ei. - Bruno chamou minha atenção quando cheguei ao escritório.
Fiz um sinal para que ele visse comigo até minha sala e me sentei na mesa começando a ligar o computador enquanto o encarava para que ele prosseguisse falando.
- Você e Angel estão precisando de algo? - Perguntou se sentando na cadeira de frente para minha mesa.
- Não, Bruno. - Sorri amigável. - Sinto muito se ele foi meio rude no almoço, está complicado.
- Que isso, nem o achei tão rude assim. - Ele deu de ombros. - Se fosse eu, certamente estaria três vezes pior.
- Acho que é mais difícil para ele por não termos mais ninguém além de nós aqui. - Me encostei em minha cadeira, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos por alguns segundo. - Quer dizer, ele fez vários amigos aqui já. Mas fora nós e, bem, Andrea, ele não tem mais ninguém de tanta confiança por aqui sabe?
- E agora, Andrea mal pode entrar na equação né?
- Exatamente! E a Carol viajou o que não ajudou, só deus consegue explicar o tanto que os dois se conectaram em tão pouco tempo. - Abri meus olhos o encarando. - Se é difícil para mim, quem dirá para ele.
- Vai passar, Dayas. - Bruno sorriu um pouco triste. - Olha, eu quero que me ligue se precisaram de algo ok? Ainda mais agora que a senhora tem casa própria com piscina e tudo, quero ser convidado todo instante.
Nós dois rimos e eu concordei com a cabeça.
- Estou falando sério, ok?
- Sim senhor.
- Ordem de chefe, hein! - Ele sorriu antes de sair de minha sala.
Tentei me encher com as coisas de trabalho o máximo que podia, apenas me desligando quando deu horário de buscar Angelo. Quando cheguei ele já estava na porta, me esperando e o caminho até em casa teria sido completamente silencioso se não fosse pela música baixa do rádio.
- Mãe? - Angelo me chamou assim que eu ia subindo as escadas para tomar um banho.
- Sim. - Me virei para ele que estava parado ao lado da porta que dava até o nosso quintal.
- Me desculpa por hoje mais cedo. - Suspirou sem tirar os olhos do lado de fora.
Desci as escadas que já havia subido e caminhei até o seu lado, abrindo a porta de vidro em seguida e me sentando em um dos sofás que tinha ali fora.
- Está tudo bem, Angel. - O encarei com um sorriso e bati no canto vazio ao meu lado, o convidando.
Ele concordou com a cabeça e se sentou junto a mim.
- Não quero que se culpe por sentir, ok? - O abracei gentilmente pelos ombros, nos encostando no sofá. - Não desconte em quem não tem nada ver, mas não se culpe por estar chateado ou frustrado.
- Não estou chateado, nem frustrado. - Ele declarou. - Ok, talvez um pouco frustrado.
Nós dois nos permitimos rir um pouco.
- Mas a verdade é que eu estou morrendo de raiva. - Declarou encarando a piscina em nossa frente. - Não quero ficar com ela, mãe. Quero ficar aqui, quero nossa rotina, o Bruno, a Carol... Compreensão e amor. - Olhou em meus olhos.
- Andrea te ama, Angel. - Garanti sustentando nossos olhares.
- Bom, ela tem um jeito bem estranho de mostrar isso.
- Pode ser, mas nós vamos fazer dar certo tudo bem? - Garanti. - Hector disse que temos boas chances, os argumentos da sua mãe são completamente vagos e refutáveis. - Passei as informações que Hector havia me dado. - Ela está é querendo dar dor de cabeça mesmo.
- Nisso ela sempre foi boa. - Ele riu. - Não quero ela fora da minha vida, apesar de tudo, ela é legal. - Suspirou. - Mas... Digamos que seus instintos maternos são bem pequenos, se comparados com os seus.
- Existe um motivo do porquê eu era sempre a policia ruim. - Eu ri dando de ombros. - E eu sei que você ama sua mãe, mas que ela está tornando essa tarefa difícil nos últimos tempos.
- Coloca difícil nisso. - Me cortou.
- É, eu sei. - Nós rimos. - Mas dê um tempo para as coisas se ajeitarem, vai ficar tudo bem ok?
- Estou confiando em você nessa, mãe. - Sorriu me olhando.
Naquela mesma semana, eu liguei para Andrea incontáveis vezes afim de convence-la de que sair de Palermo iria ser bom para Angelo. Ela estava irredutível, até que Angelo passou a ligar também e jogou a carta de que como seu aniversário seria em Julho, esse seria o seu presente. Era seu único pedido. Depois disso, Andrea ainda levou praticamente duas semanas antes de assinar que estava de acordo com nossa viagem. Mas honestamente, depois de ter os papeis assinados e reconhecidos em nossas mãos, mal ligamos para sua demora e mal podíamos esperar para finalmente sair dali um pouco.
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Desiderium - Dayrol
Novela JuvenilDayane e Caroline namoravam no ensino médio, tiveram tudo para serem o famoso "high school sweethearts". Mas após confusões e mal entendidos, se separaram e seguiram caminhos diferentes. Agora, 10 anos depois, Day e Carol se veem de cara a cara com...