Tentava me mexer, porem todo meu corpo doía, até mesmo minha alma parecia doer, não conseguia ver nada, tudo estava escuro, estava com falta de ar, parecia ter terra sobre mim, tinha que sair dali, senão morreria. Com muito esforço consegui me mexer, estava quase sem ar, cavei a terra com minhas mãos e usei as unhas.
Levei longos minutos para conseguir abrir um buraco para cima, até que consegui começar a sentir um sopro de ar, cavei mais e mais com as mãos, até que consegui encher os pulmões com ar, então respirei fundo, e cavei e empurrei a terra que havia sobre mim, até que consegui sair daquela cova.
Estava cheia de ferimentos, muitos cortes, e ainda não conseguia enxergar nada, estava com fome, com sede, com dor e muito fraca, minha cabeça estava doendo tanto que parecia que iria partir ao meio, estava com ânsia de vomito, fui caminhando, meio que me arrastando, até bater em uma arvore, me agarrei a ela e sentei em cima de algumas raízes, não sei direito, mas acredito que estivesse noite, estava sentindo o sereno frio da noite, decidi descansar um pouco e talvez eu voltasse a enxergar. Acabei adormecendo de fraqueza e exaustão, acordei com o uivo de um lobo, achei melhor eu ficar quieta e sem me mexer, para que os lobos não percebam minha presença e viessem me atacar, sentia medo, dor, e aquela ânsia que não passava, até que então, vomitei, tinha um cheiro horrível, com certeza eu havia sido envenenada, o vomito tinha resquícios de ervas venenosas, eu sabia quais ervas eram, mas não conseguia lembrar o nome.
Aliás, somente agora, percebo que não sabia nem ao menos meu próprio nome, nem onde estava, queria pedir ajuda, mas não sabia se era seguro, a única certeza que tinha era que fui envenenada e enterrada ainda viva, e pelos ferimentos, estava a beira da morte, então eu não poderia ficar ali parada, precisava sair dali, mesmo sem ver nada, precisava lutar por minha vida.
Respirei fundo, me levantei agarrando a arvore e então lasquei um galho seu e o fiz de bengala, fui andando me escorando a ele e o usando para não cair e não bater em nada, andei por um longo tempo, até que ouvi o som de agua, pelo jeito era uma cachoeira, então tive bastante cuidado, pois quanto mais me aproximava, mais forte era seu som e eu poderia acabar caindo dentro da cachoeira e nas condições que eu estava certamente morreria.
Andei calmamente com o galho que me servia de guia, ate que o bati em uma espécie de poça, então me abaixei e fui com cuidado tocando o chão até chegar a agua, senti o cheiro e parecia limpa, então eu a tomei, quando me senti satisfeita, lavei meu rosto, minhas mãos, meus pés e finalmente lavei meus ferimentos, como eu não sabia a profundidade da agua e nem sabia direito onde estava, assim que me lavei, voltei alguns passos para onde achei que era seguro, e acabei achando outra arvore, sentei em baixo dela, deitei, descansei um pouco, não sei exatamente por quanto tempo dormi, mas quando acordei, senti pelo calor que era dia, ainda estava tudo escuro, não conseguia ver nada, provavelmente devia estar cega, mas não desanimei, se ainda estava viva, era porque eu tinha um proposito em meu destino. Quando sentei, percebi com as mãos, que haviam alguns cogumelos perto, senti seu cheiro e não sei como, mas lembro que ele é um excelente cicatrizante e faz com que interrompa o sangramento, peguei alguns e coloquei sobre as raízes largas da arvore e então com uma pedra esmaguei os cogumelos e os coloquei sobre meus ferimentos, estava com muitos cortes profundos, e devia ser por isso que estava tão fraca, devia ter perdido muito sangue. Rasguei alguns pedaços de meu vestido e os usei como bandagem em meus ferimentos.
Precisa urgentemente comer alguma coisa, caçar nas condições que estava seria impossível, teria que ser alguma fruta ou planta, então comecei a rastejar sobre o chão com o galho, para evitar que caísse na cachoeira, no rio, ou em algum buraco, até que encontrei uma planta, lembrava do seu cheiro e que era comestível, então sentei, colhi o que pude, e as comi, nem me preocupei em lavá-las, não estava bem a ponto de me dar a este capricho.
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Mali, a criada!
FantasyEla acordou em uma cova, teve que cavar com as próprias mãos para poder escapar, saiu de lá sem saber quem é, e de onde vem. Terá que superar todas as dificuldades e maldades alheias, para se encontrar. Esta história é cheia de mistérios e aventuras...