Servindo ao rei

3 1 0
                                    

Estava quase terminando o jantar, e a megera malvada, que agora descobri como se chama, seu nome é Bárbara, ela veio para meu lado e jogou agua fervendo no meu braço quando eu estava tirando o ensopado para o Sebastian, ela me queimou por gosto, acabei derrubando a tigela e ela ainda me deu um empurrão por eu ter quebrado a tigela, tive que limpar toda a sujeira e ela ficou do lado rindo, maldita mulher, a odeio com todas as minhas forças, ficou me insultando o tempo todo. Acabei de limpar onde caiu o ensopado, peguei outra tigela, e então levei o jantar para o Sebastian, levei até a sala de jantar real, pedi licença e entrei, servi Sebastian toda envergonhada, eu estava com a roupa toda suja e toda descabelada.

- Que cheiro bom, onde está meu jantar, mande a cozinheira trazer! Andem, estou com fome! - O rei gritou.

A maldita Bárbara entrou trazendo o jantar do rei, o serviu e quando saía, o rei gritou com ela.

- MAS QUE SOPA HORRÍVEL! ME TRAGA PÃO E CARNE, OU QUALQUER OUTRA COISA QUE EU POSSA COMER! NEM OS PORCOS COMERIAM ALGO TÃO RUIM ASSIM! – Ele falou e ela saiu correndo para buscar o que ele havia pedido.

- Sebastian, o que está comendo? Porque o cheiro está tão bom? – O rei perguntou e Sebastian sorriu.

- Pai, esta é minha criada, seu nome é Mali, ela sabe cozinhar muito bem, se quiser eu o deixo comer, mas que fique bem claro, ela é minha criada e de mais ninguém! Mali, sirva meu pai! – Ele falou, só abaixei a cabeça e fui servir ao rei.

O servi com o ensopado, pão e servi um copo com suco, ele sentiu o cheiro do prato, experimentou, largou a colher e então pegou o prato e bebeu sua sopa, eu ri sem querer e ele viu.

- Do que está rindo, minha jovem? – O rei me perguntou, quando a Barbara entrou com uma bandeja com pão, frutas e carne.

- Desculpe Vossa Majestade, nunca pensei nem em meus sonhos, ver um rei comer assim, e nunca imaginei que alguém como o senhor, comesse de minha comida! – falei constrangida por ter rido.

- Não se desculpe criança, gostei do seu sorriso, me fez lembrar da falecida rainha, ela tinha o mesmo sorriso. – Ele falou e eu ri sem jeito.

- Criada, espere, venha, prove isso! – O rei falou para Barbara que já estava saindo da sala.

Ela voltou com um ódio no olhar e então provou eu a servi, ela fez cara feia.

- Ensopado do que é esse Mali? Ensine a esta criada a fazer. – Ele falou irritado.

- É de carne bovina, mandioca e temperos, meu senhor, é um prato simples e que gosto muito, irei ensina-la se assim o senhor desejar. – Falei e então ela fez reverencia ao rei e saiu.

Sei que isso me causará problemas, se ela já estava me tratando mal, agora será ainda pior.

- Pai, amanhã se o senhor puder, preciso conversar com o senhor, quero sua opinião e ajuda se assim concordar. – Sebastian falou enquanto eu tirava os utensílios da mesa.

- Claro, amanhã de manhã, vá a minha sala e então conversaremos. – Ele falou gentil ao filho. – Mali, obrigado pelo jantar, criança.

- É uma honra servi-lo, Majestade.

- Ah, ele você chama de Majestade né! – Sebastian falou rindo.

- E como é que ela o chama, Sebastian? – O rei perguntou.

- Vossa Malvadeza, se me der licença, irei me retirar. Vossa Majestade! – Falei fazendo reverencia ao rei e sai.

Enquanto sai, ouvi as gargalhados do rei e de Sebastian, e ouvi quando o rei falou: "Ela me lembra muito a sua mãe, o mesmo sorriso, o mesmo olhar, até o senso de humor, e uma energia boa, ela transmite uma alegria, um carisma, não sei bem o porquê, mas gostei dessa menina! ". Claro que fiquei próxima a porta ouvindo um pouquinho né, mas estavam vindo dois guardas, então tive que sair.

Fui lavar a louça, Barbara veio e me insultou mais um pouco, fingi de surda, ela me jogou uma vasilha com agua e então saiu brava "pisando em ovos". A moça que havia me mostrado a cozinha, estava rindo do meu jeito. Ela tinha cabelos castanhos, tinha rosto redondo, com aspecto ingênuo, era delicada, meiga e gentil, seus olhos eram castanhos esverdeados, tinha estatura mediana.

- Ela pegou implicância com você hein menina! Fique longe dela, ela é uma cobra! – A moça falou simpática e me ajudou secando a louça que eu lavava.

- Qual seu nome? – Ela me perguntou.

- Mali, e o seu?

- Francisca. Quantos anos você tem? De onde você é? – Falou curiosa.

- Não sei, eu perdi a memória, há alguns meses acordei na floresta, minha cabeça estava machucada e eu não lembro de nada, nem mesmo do meu nome, até o nome Mali, foi uma amiga que fiz, que meu este nome. Não sei de onde nada sobre o que fui antes, só depois que conheci o príncipe Sebastian, que comecei a ter uns flashes de memória, e é por isso que vim para o castelo, para tentar recobrar a memória. E você, quantos anos tem? E de onde você veio?

-Nossa que história, coitadinha, deve ter sofrido bastante, acordar sem memória, sem ninguém, deve ter sido muito difícil! Eu tenho 17 anos, sou filha de um criador de galinhas. Ele conseguiu me colocar aqui no palácio, através de um primo dele que é guarda daqui. Como foi que você conheceu o príncipe? – Perguntou curiosa.

- Eu o encontrei na floresta ferido e então o ajudei, por isso ele me trouxe. Obrigada pela ajuda Francisquinha, agora irei lavar as roupas dele e irei tomar um banho e deitar. Estou exausta.

- Espere Mali, você não comeu nada ainda, pegue essa maça e esse pão, coma e descanse. Se precisar de qualquer coisa é só pedir. Se aceitar, serei sua amiga. – Ela me alcançou a fruta e o pão.

- Claro que aceito, obrigada Francisquinha, você é um amor. – Sai feliz do castelo, agora tenho mais uma amiga.

Lavei as roupas do Sebastian e as minhas num riacho próximo ao castelo, vi o riacho enquanto corria com Sebastian de manhã, tomei banho e então fui para o estabulo para meu quarto improvisado, comi a maça e adormeci.

Mali, a criada!Onde histórias criam vida. Descubra agora