Flagrante

3 1 0
                                    

No caminho, encontrei Francisca, deixei a bandeja sobre um aparador próximo as escadas e entreguei o presente que a mãe dela havia lhe enviado.

- Francisca, me pediram para lhe entregar. – Ela pegou meio encabulada e o abriu.

- Ah, meu Deus, onde foi que encontrou minha mãe? Quando a vi pela última vez ela estava bordando este lenço. – Ela falou abraçando e acariciando o lenço.

- Fomos a sua casa, não sabia que eram seus pais. Eu vou ir levar o jantar para vossa malvadeza e depois ou amanhã conversamos e lhe contarei mais. – Lhe dei um abraço de leve e sai pegando a bandeja.

Subi as escadas sem fim e cheguei até o quarto de Sebastian, não sei pra que ele me fazer carregar tudo aquilo até lá! Bati na porta e ele não a abriu, deixei o jantar sobre uma mesinha e fui abrir a porta, quando abri, quase cai para trás, por sorte eu havia largado a bandeja, senão teria a derramado toda em cima de mim. Ele estava na cama com uma mulher, acho que é uma das criadas do palácio, a vi uma ou duas vezes, fechei rapidamente a porta e me encostei ao lado de fora.

Um dos guardas passava e veio até mim.

- Você está bem? Precisa de ajuda? – Ele falou me segurando pelo braço, só então percebi que estava escorada na parede quase caindo.

- Me desculpe, sim estou bem, é que vi o que não devia ter visto. Estou totalmente envergonhada e em choque, me perdoe. – Falei e o guarda riu.

- Venha, sente-se, tome um copo de agua, acho que o príncipe não dará falta. – Ele falou e me alcançou o copo com agua, gentilmente.

Fui pegar o copo e sem querer peguei em seus dedos, o olhei e ele sorriu. Ele era muito bonito e simpático.

- Desculpe mais uma vez. Obrigada pela gentileza. – Falei e tomei a agua, olhando para baixo.

Esperei um pouco sentada próxima a porta, em uma cadeira que nem sei de onde o guarda tirou para mim, em alguns minutos saiu a mulher ajeitando o vestido, o guarda deu uma risadinha e se retirou. Peguei a bendita bandeja e esperei mais alguns minutinhos e então bati na porta e me anunciei.

- ENTRE. – Assim que ele me autorizou entrei e deixei a bandeja sobre a mesa, ia me retirando quando ele me mandou parar.

- Aonde vai, venha e sente para jantarmos. – Ele falou, mas sem querer olhei para a cama e perdi totalmente a fome, senti raiva dele e nojo.

Como pode ser tão idiota, me mandou trazer o jantar, sabia que ia vir, não podia esperar que eu já tivesse saído para fazer isso, e nem ao menos trancou a porta. Não sei porque, mas meu peito doía de raiva, era como se estivesse sendo sufocada.

- Não, obriga, não estou com fome. Permita que me retire. – Falei com ele sentindo ainda um nó na garganta.

- Não, não permito, sente e fale o que viu no flash de memória. – Falou como se nada tivesse acontecido, como se fosse normal.

- Quando vi meu reflexo no espelho, lembrei de estar sentada a frente de uma penteadeira bonita e com espelho grande, a escova tinha um brasão mas não consegui ver o que era, e eu usava um colar com medalhão com uma rosa desenhada, muito bonito, eu vestia uma camisola verde esmeralda, e é só isso que me lembro. – Falei e fiquei calada enquanto ele comia e parecia estar pensando.

- No que tanto pensa? Posso me retirar agora? Estou cansada e preciso tomar banho. – Falei irritada.

- Estava te imaginando em uma camisola verde esmeralda, deve ficar linda. Sim, já que está com tanta pressa pode ir, ou se quiser tomar banho aqui, fique a vontade. – Falou dando um sorrisinho.

- Não te dei tais liberdades, então por favor, me respeite. – Falei e sai brava dali.

Quem ele pensa que é para me falar para tomar banho ali em seu quarto, ora essa! Será que me enganei com ele? Será que é um cafajeste que dorme com tudo que é mulher?

Estava andando nervosa, quando passei pelo rei, resmungando comigo mesma.

- Mali, você está bem? – Augusto perguntou.

- Sim, Majestade, estou sim. Sebastian que é um idiota, mas perdoe minha arrogância.

- O que ele fez dessa vez? Diga que eu mesmo lhe darei um jeito. – Ele falou carinhosamente.

- Ele pediu que eu levasse o jantar, e quando entrei no quarto ele estava com uma mulher na cama. Esperei ela sair, e então o servi e depois pediu que eu contasse o que havia lembrado, depois que contei ele disse estar me imaginando vestida de camisola verde, e se não bastasse disse para que eu tomasse banho em seu quarto! Pervertido! Está pensando que eu sou quem? Alguma dessas que andam se deitando com ele por aí! Posso não lembrar do meu passado, mas sei muito bem que não sou dessas! – Falei brava e Augusto riu.

- Ele deve ter bebido e nem sabe o que está falando. Se acalme, amanhã ele estará melhor. Por falar em lembranças, você lembrou de mais alguma coisa? – Augusto perguntou.

- Sim, lembrei, eu usava um colar com um medalhão, tinha uma rosa desenhado nele com o mesmo brasão da escova de cabelos, era muito bonito e parecia ser caro.

- Acredito que você era da nobreza, mas não sei qual família, terei que pesquisar, irei procurar nos registros, sobre todos os brasoes que tenham uma rosa dentro, ou que sejam parecidos com o que descreveu e depois lhe mostrarei para ver se você lembra de mais algum detalhe. Agora vá descansar, não é fácil aturar Sebastian, e sei muito bem disso. – Falou gentilmente para mim.

- Obrigada Augusto! Irei me retirar, com sua licença. – Falei e fiz reverencia, um guarda estava passando.

Mali, a criada!Onde histórias criam vida. Descubra agora