Ataque

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A acompanhei no hospital, Alfred e ela pareciam já se conhecer e ele achou por bem, deixa-la internada, disse não ser nada sério, mas que a trataria melhor assim. A deixei sob seus cuidados e como já era quase noite, fui para meu quarto no estábulo, peguei roupa, toalha, sabonete e fui tomar banho no riacho. Quando estava chegando no riacho ouvi gritos de pedido de socorro, então corri para ver quem precisava de ajuda.

Um homem estava agarrando uma mulher corri para ajudá-la, não havia nada para que eu pudesse atingir o homem, então lutamos corpo a corpo, ele conseguiu me atingir várias vezes com chutes e socos, mas por fim, consegui acerta-lo também, e ele acabou fugindo. Quando me recompus, olhei para a mulher e vi quem era.

Era Barbara, estava em estado de choque, toda descabelada, com a roupa toda rasgada, tinha alguns machucados também.

- Barbara, Barbara, você está bem? Foi violada? Ele te feriu? Barbara, responda. – A ordenei.

Ela respirou fundo, saiu do transe e começou a chorar desesperadamente.

- Pare com isso mulher, se acalme, me diga, ele te violou ou te feriu?

-Não, não me violou, mas se não fosse por você, ele teria me estuprado e me matado, aquele desgraçado! Jamais esperei que você, fosse me socorrer, depois de tudo o que fiz para você, ainda me ajudou, ninguém mais teria me ajudado, ninguém nunca me ajudou! Me perdoe Mali, me perdoe todas as maldades, todas as crueldades que fiz com você. – Ela falava em meio ao choro, lagrimas e soluços, totalmente desequilibrada emocionalmente.

- Se acalme, venha, vamos até o riacho, lá tomaremos banho e você irá vestir minha roupa, está com esta toda rasgada. Venha, agora se acalme e pare de chorar. Te perdoo, somente se nunca mais voltar a fazer maldades nem comigo nem com ninguém. – Falei puxando ela pela mão até o riacho.

- Prometo ser boa com você daqui pra frente, Mali, te prometo. Mas como iremos nos banhar? Só com agua? E como irei ficar com suas roupas? E você o que vestirá? – Falou ainda chorosa.

- Deixei minha roupa limpa e sabonete aqui quando te ouvi gritar por ajuda, larguei tudo aqui e sai correndo, eu vestirei minhas roupas sujas e quando chegar no estábulo, me troco, não se preocupe. Agora vamos tomar banho e pare de choro. – Falei e entramos no riacho.

Tomamos um banho rápido, nos vestimos e voltamos.

- Você dorme no estábulo? Como pode conseguir dormir lá? Tudo por minha culpa, por minha maldade, por meu ciúme, minha inveja. Você sempre ajudando as pessoas e eu sempre maltratando e ferindo, você ajudou até os meus pais, sou uma pessoa horrível, me desculpe, Mali. – Falou chorando mais ainda.

- Está na hora de mudar Bárbara, seja diferente, trate as pessoas assim como gostaria de ser tratada. Quem são seus pais? – Perguntei a ela no caminho.

-Manuel e Romena, os padeiros. Hoje fui a vila e eles me contaram que foi você quem salvou nossa família de ser despejada, se não fosse por você ajudar meu pai, todos estariam desamparados agora. Obrigada Mali, obrigada por ajudar minha família, obrigada por me salvar hoje, te devo a minha vida, a minha honra, jamais poderei te compensar tudo o que fez. – Bárbara mais uma vez caiu no choro.

- De nada, espero que de agora em diante sejamos amigas e pare de implicar comigo, ah e com Francisquinha também. Agora entre no palácio, está tarde, eu irei voltar para o estábulo.

- Venha dormir no palácio, pode dormir no meu quarto, não é justo você ficar dormindo no estábulo! Venha! – Barbara pegou em minha mão.

- Não, estou bem dormindo lá no estábulo, fique tranquila, o senhor Estevão me arranjou um quarto lá, fico mais a vontade sozinha, não se preocupe, caso ele me peça o quarto, eu te peço ajuda. Agora entre e fique atenta, acho que o homem que a atacou era um dos guardas.

- Sim ele é sim, tome cuidado também, pois agora ele ficará com raiva de você também. Obrigada mais uma vez! Tenha boa noite Mali. – Nos despedimos e fui para meu quarto.

Percebi que estava com vários sinais vermelhos, minha boca estava dolorida, minha costela doía muito, o homem me bateu bastante.

Logo dormi, no dia seguinte acordei com o sol já alto, fiz minha higiene e sai correndo, cheguei na cozinha, cumprimentei como de costume e fui fazer o desjejum de Sebastian, fui até a sala de jantar e ele não estava então subi até o quarto dele e passei por Barbara, ela me cumprimentou e sorriu, e desceu sem me atacar.

De certo modo, gostei de tê-la salvado, assim pelo menos ela não irá mais implicar comigo.

Bati na porta do quarto de Sebastian e ele me mandou entrar. Estava levantando da cama enrolado no lençol.

- Vire-se enquanto vou para o trocador. Arrume a mesa, estou com fome. – Falou mal-humorado como todas as manhãs.

Enquanto ele se vestiu e fez sua higiene, arrumei tudo.

- MALI! O que aconteceu com seu rosto? – Falou assustado.

- Com meu rosto? Não sei, o que tem?

- Olhe! – Pegou um espelho e me alcançou.

Estava com um hematoma horrível no olho direito.

- Eu, cai ontem quando estava voltando do riacho e nem percebi que havia batido o rosto. – Falei disfarçadamente.

- Você tem que ter mais cuidado Mali, é muito desastrada, tenha atenção. Pode ser perigoso. Uma hora você se mata criatura! Vamos comer depois vamos cuidar desse seu olho. – Falou começando a se servir. – Senta e come! – Falou me mandando.

Sentei e comecei a comer também, na verdade eu estava com fome, havia comido apenas o desjejum na casa da Filó no dia anterior.

Terminamos de comer e Sebastian me chamou, fui o seguindo. Ele bateu na porta do quarto de Augusto.

- Entre Sebastian. – Ouvimos e entramos.

- Como sabia que era ele? – Perguntei curiosa.

- Pelas quatro batidas rápidas, pausa e mais duas batidas rápidas. Por Gaia, o que houve com seu olho, Mali? – Falou surpreso.

- Bati quando estava indo ao riacho.

- Não era quando estava voltando, Mali? – Sebastian perguntou.

- Sim, foi. O que viemos fazer aqui? Preciso trabalhar Sebastian.

- Pai, ainda tem as maquiagens que eram da mamãe? Porque agora já não adianta, esse roxo não vai sumir tão cedo, e como ela anda comigo, irão pensar que bati nessa idiota. – Sebastian falou ainda mal-humorado.

- Tenho sim, pegue a caixa azul, que tem os perfumes e maquiagens que eram dela. Pode usa-los. Eu irei chamar Francisca, preciso que ela chame Alfred, dei mal jeito na coluna e não estou conseguindo nem andar direito, não preguei os olhos a noite toda. – Augusto falou mexendo o quadril e gemendo de dor.

- Se quiser eu lhe faço uma massagem, tire sua camisa, usarei um destes cremes que eram de sua esposa, Sebastian feche a porta, se alguém entrar, pode ter uma ideia errada sobre nós. – Falei e eles assim o fizeram.

- Deite na cama, Augusto. – Falei e ele deitou. – Com licença, irei tocar em suas costas.

Fiz a massagem, ele estava cheio de nervos embolados, acho que ele deve ter muitas preocupações. Quando terminei vi que ele havia adormecido. O deixei ali dormindo, o cobri com um lençol e fui sentar na penteadeira dele, Sebastian tirou alguns produtos da caixa, me entregou e fiquei olhando para ele sem entender.

Mali, a criada!Onde histórias criam vida. Descubra agora