Capítulo XXI

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    Bom, inicialmente eu gostaria de justificar meus atos, sei que eu deveria ter feito uma coisa totalmente diferente das quais acabei fazendo, não nego que eu desejasse, no meu mais profundo e selvagem desejo era isso que eu desejava. Ele me beijou, eu sei isso pode parecer uma coisa simples, mas na última vez isso não aconteceu, ele nem sequer cogitou me beijar, mas agora tinha tudo sido diferente. Só o que não mudava era esse peso na consciência, eu me sentia um traidor por estar ficando como o homem que meus dois irmãos tanto desejam. Por outro lado, não consigo deixar de gostar do que aconteceu.

Acho que isso está muito além de tudo o que eu posso fazer para continuar a ser eu mesmo, aquele João Pedro de antes. Luiz despertou em mim desejos dos quais pensei que nunca iriam despertar. Como um vulcão adormecido eu era, mas agora eu explodia, queimava e afetava todos ao meu redor, e não de uma boa maneira.

Acho que era melhor eu apenas relaxar minha mente e deixar o tempo agir, não creio que ambos meus irmãos irão permanecer nessa situação por muito tempo, pode chegar um momento que eu lhes diga toda a verdade. Eu quero mesmo é me libertar desse sentimento de culpa. Ultimamente eu tenho medo de conversar com o Gabriel, medo que ele toque no assunto do Luiz, não sei se tenho capacidade de lhe esconder a verdade por muito mais tempo.

Eu estava descansando em minha cama quando recebo uma ligação, não era ninguém mais ninguém menos que Alana, uma amiga minha, eu estranhei, pois, ela não era muito de ligar, e sim de mandar mensagem.

— Oi safadinho, eu já estou sabendo de tudo, o Flávio me contou tudo —.

— Sabendo de que Lana? —. Questionei assustado, com medo de que meus amigos soubessem de alguma coisa, entre mim e o Luiz, eu gostava muito deles, mas acho que não confio neles o suficiente para lhes contar um segredo assim.

— Está saindo com alguém, não é? Pode me contar quem é, sabemos que você mentiu para os seus pais dizendo que iria para casa de um amigo seu, mas todos sabemos que você não foi para casa de ninguém, pelo menos ninguém que conhecemos, então João, vai ficar aí fingindo que não sabe do que estou falando? —.

— Eu não vou contar nada porque não há nada a ser contado, apenas fui à casa de um novo amigo —.

— Qual é o nome desse seu novo amigo? —.

— Você não conhece —.

— Mas eu quero conhecer —.

— Alana não se mete na minha vida por favor, acho que você não entendeu que eu não quero conversar sobre nada com você —.

— Poxa Pedrinho, o que custa conversar comigo, eu sempre te conto tudo o que faço, sempre fui um livro aberto com você, e tudo o que você me contou nunca vazou, ninguém nunca soube e isso você não pode negar —.

— Olha só eu não quero falar sobre isso, eu sei você é uma das minhas melhores amigas eu te agradeço por tudo, mas não posso contar sobre isso —.

— Olha, quando você precisar de alguém para contar o que está acontecendo pode confiar em mim, você na verdade não tem motivos para duvidar da minha palavra, ou tem? —.

— Não tenho —.

— Eu já percebi amigo que você mudou bastante, está bem mais pensativo e anda também bem distraído. Isso só pode significar uma coisa, há algo que te preocupa, não sei o que é, mas suspeito que seja o mesmo motivo que te fez sumir hoje a tarde e mentir dizendo que iria a um amigo seu, sendo que nunca você fez isso, nem mesmo quando teus melhores amigos te pediram —.

— É diferente Lana, tem muitas outras coisas envolvidas, não posso nem quero entrar em detalhes —.

— Essas coisas te causam medo, não é? —.

— Não as coisas, mas sim as consequências, ainda não tenho plena ciência da dimensão dessas consequências —.

— Pedrinho, te digo uma coisa, não limite sua vida a pensar nas consequências de cada coisa que você vai fazer, creio que você pela primeira vez deixou as coisas fluírem naturalmente. Se você está com medo isso significa que seja lá o que você fez foi muito bom e furou completamente sua bolha —.

— Foi, foi uma das coisas mais inexplicáveis que ocorreu em toda minha vida, não sei como descrever, não sei se um dia terei coragem de contar isso a alguém, pois tenho medo de que minha família fique sabendo, mas acho que eu preciso apenas descansar um pouco minha cabeça, eu só tenho dezoito anos, e não tenho que ficar me preocupando com coisas assim —.

— Meu amor, lhe dou apenas um conselho, não desperdice momentos por causa do seu medo, viva cada momento como se fosse seu último, ame como se fosse o último, transe como se fosse o último. Seja lá quem seja essa pessoa com quem anda transando te digo uma coisa, ela é sortuda, mas se ela magoar o meu bebê é melhor ela fugir porque senão ela vai se ver comigo —. Naquele momento senti que muitas palavras estavam engasgadas na minha goela, eu tinha tanta vontade de falar para Alana de tudo o que aconteceu, mas meu medo era bem maior. Todavia Lana era uma das minhas amigas mais antigas, além disso era uma das pessoas mais confiáveis que já existiam.

— Amigo, não se preocupa, apenas eu sei que você foi visitar o boy, eu disse para todo mundo que você estava aqui, então fica relaxado —. Sorri Alana foi muito legal comigo e nem precisei pedir um favor.

— Alana, se você quiser posso te contar tudo amanhã, na sua casa, mas eu quero que você prometa que eu vou contar vai ficar apenas entre nós —.

— Claro que sim amigo, vem pra cá vou estar sozinha amanhã. Peço um bolo de cenoura do jeitinho que você gosta —.

— Até amanhã Alana —.

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora