Capítulo XXXII

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   Eu estava destruído, cada parte do meu corpo doía, Gabriel tinha pego pesado, das muitas possíveis razões para ele me agredir daquela forma, nenhuma parecia mais plausível do que ele ter descoberto toda a verdade sobre eu e seu irmão. Eu me sentia um lixo, me sentia a pior pessoa do mundo, não queria que ninguém me visse expulsei a enfermeira umas três vezes. Ao lado do meu leito havia um espelho, eu lutava para não o pegar, eu só queria saber o tamanho do estrago que o Gabriel fez, mesmo assim eu não tinha coragem.

Eu só queria que injetassem alguma coisa na minha veia que me fizesse dormir e isso apenas, e se possível esquecer de toda essa história, eu já havia perdido demais nisso tudo, eu precisava apenas de mim mesmo para ser feliz. Eu era um dos melhores médicos, eu tinha que fazer jus a minha profissão.

Fiquei ainda dois dias no hospital, até que tive alta, e ainda assim não me olhei no espelho, saí de lá com capuz e uma máscara, com meus colegas de trabalho me olhando como se eu fosse um monstro. Entrei no meu carro, e foi aí que percebi o estrago, quando olhei no retrovisor, meu olho estava inchado, roxo, assim como a área ao redor.

Me segurei bem forte para não chorar, mas foi quase impossível. Fui para casa, quando entrei me joguei no sofá, e fiquei ali por um bom tempo refletindo na minha vida, se valeu mesmo a pena não ter desistido da vida anos atrás. Ultimamente eu só tenho feito burradas, perdi meu melhor amigo, fui espancado, até minha beleza e autoestima se foram, só restou o outro Luiz, um homem cheio de problemas, que tenta mascará-los através de um corpo atlético. Mas nem isso foi capaz de me dar tudo o que eu quis.

Não sei se vou me arrepender depois, mas não quis denunciar o Gabriel, por vários motivos, ele é a única pessoa importante que sobrou para mim, outro motivo é que ele é uma das pessoas mais brilhantes que eu conheço e não quero ser o responsável por estragar sua vida logo agora, outro motivo é que eu sou o responsável por tudo isso o que aconteceu, então eu não posso agir como vítima. E também, com certeza o Pedrinho ficaria desolado em saber que o irmão estava preso e permaneceria preso.

Ele estava tão bonito ontem, acho que era a alegria de ver o irmão, seu cabelo que ele deixava crescer estava ficando ainda mais incrível, eu me perdia olhando as ondas que ele fazia. E aqueles olhos azuis, gelados, que contrasta com sua vermelha e quente boca. Alguém bateu à porta, eu não queria atender, não dei muita atenção, apenas fingi que não estava em casa.

— Luiz, eu sei que você está aí, por favor abre —. Era o Pedrinho, eu reconheci sua voz, eu queria tanto abrir aquela porta, mas por tudo que era mais sagrado, não queria que ele me visse daquele estado, eu virei um monstro, e os monstros se escondem.

— Vai embora, eu não quero falar com você —.

— Eu preciso falar com você, por favor, sobre nós —. Não havia como não atender a qualquer pedido seu, coloquei uma máscara, um óculos escuro, e meu capuz. Quando abri a porta, lá estava ele, com uma mochila nas costas, com certeza tinha acabado de sair da escola.

— Entra —. Digo e ele obedece e se senta no sofá.

— Pode tirar os óculos —.

— Não obrigado, seu irmão fez o grande favor de acabar com o meu rosto —.

— E você quase acabou com a vida dele, ele poderia ter destruído sua carreira —.

— Mas não vai, não se preocupe eu cuidei pessoalmente para que isso não aconteça—.

— E eu te agradeço muito por isso, eu só queria te explicar o porquê de eu ter contado tudo —.

— Olha se você veio aqui falar disso só está perdendo seu tempo, você fez a coisa certa, eu sou um monstro, agi como um monstro, não precisa me explicar isso, eu já tenho ciência, cada parte do meu corpo sente isso —.

— Eu queria saber como você está também —.

— Estou vivo como você bem pode ver, mas se seu irmão tivesse um pouco mais de força eu não sei se estaria vivo agora —.

— Olha Luiz, eu vim aqui para conversar com você, não precisa agir assim tão rispidamente —.

— João Pedro, você mesmo disse que queria se afastar, que queria cortar qualquer envolvimento comigo, então estou apenas fazendo o que você me pediu —.

— Deve mesmo ser muito difícil para você ouvir um não, por isso está agindo assim dessa maneira, apenas porque eu não quero mais ir para cama com você. Então que assim seja —.

— EU ESTOU AGINDO DESSA MANEIRA PORQUE EU TE AMO DROGA! E VOCÊ NÃO DÁ A MÍNIMA PARA ISSO—. Grito em alto e bom som, ele me olha em choque.

— O quê? —.

— Você ouviu bem, eu gosto de você, penso em você desde a primeira vez que eu te vi, desde o primeiro momento eu soube que você era a minha pessoa... eu nem sei por que estou falando essas coisas pra você, você nunca vai entender mesmo. Vai embora moleque, vai cuidar da sua família, seu irmão tá precisando de você, pode falar pra quem quiser o monstro que eu sou, que eu te levei para cama com meu poder de sedução, e que você foi apenas uma vítima ingênua —.

— Como pode ter tanta certeza assim, só transamos duas vezes, tivemos pouco tempo juntos, você está enganado Luiz —.

— Vai embora João Pedro, fique com quem quiser, acredite em quem quiser, apenas me deixe em paz, não venha mais ferrar com minha cabeça —. Ele se levantou, ficou assim por um tempo, como se quisesse dizer alguma coisa, mas foi embora sem dizer nada sem olhar para trás.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO  

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora