Capítulo XLIV

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                             (João)

— O que está olhando? —. Perguntei para Alana. Estávamos no nosso cantinho secreto na escola.

— Odeio gente apaixonada —.

— Você é doida —. Respondi.

— Posso ser, mas pelo menos não estou apaixonada, odeio todo essa coisa, pensar muito em uma pessoa, ficar horas e horas vendo fotos dela tentando matar a saudade, esperar o dia inteiro apenas para ver essa pessoa pro uns breves segundos —.

— Como eu disse você é doida —.

— Olha desculpa se eu falei alguma coisa que te magoou, é que eu tenho medo desse Luiz te machucar —.

— Se alguém um dia me machucar, eu acho que não será o Luiz —.

— Se você tem certeza disso então eu tenho também —.

— Obrigado, você é a primeira pessoa que me diz uma coisa legal em relação a isso —.

— Está bem, agora eu vou fazer o papel da amiga compreensiva e vou ficar os próximos dez minutos ouvindo você falar dele —.

— Não acho que precise —.

— Está com saudades? —.

— Com muita, a ultima vez que nos vimos foi em um elevador há duas semanas, desde então estamos nos falando apenas por mensagem, pior de tudo é que ele está muito carinhoso, ele me abraçou de uma maneira tão gostosa da ultima vez, sabe aqueles abraços de urso? —.

— É tão bonitinho te ver apaixonado, nunca pensei que ia te ver desse jeito todo bobão —.

— Pior que ele me deixa assim, todo molenga, ainda mais quando ele fala com aquela voz bem grossa do ladinho do meu ouvido —.

— Nossa, pensei que você iria resistir por um pouco mais de tempo —.

— Menina chata —. Rebati até tentamos conversar, mas Douglas chegou com uma cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

— Que cara feia é essa, está com fome? —. Alana questionou, e do nada o homem começou a chorar e se abraçou a mim, eu sei entender nada o abracei também.

— Deixa eu adivinhar, a Hilda, o grande amor da sua vida te deu outro bolo? —. Indaguei, já sem paciência para essa história, o moleque parecia nunca superar aquela piolhenta.

— Hilda não era aquela menina que comia meleca no fundamental? Acho que agora eu sei porque você quer ela? —. Alana falou.

— Ela marcou comigo ontem, em uma pizzaria, quando ela chegou, veio com outro cara e ainda vez eu pagar a conta —.

— Pagou porque você é trouxa! Se eu fosse sua mãe te devolvia na maternidade depois de uma dessa —. Digo.

— Douglas, mas você é burro ou o quê? A menina está te usando apenas pra você bancar ela, seu trouxa —. E assim se passaram dez minutos de nós três debatendo se a Hilda gostava ou não dele —.

— João, vamos para minha casa depois da aula? —.

— Posso ir também? —. Douglas perguntou.

— Nem pensar não quero gente com crise existencial na minha casa, vai chorar por comedora de meleca em casa, vai —. Alana gostava do Douglas, por mais que não parecesse, mas é que ela não gostava de como ele se humilhava por mulher.

Eu ainda pensei em pedir aos meus pais, mas eu já tinha dezoito anos, além do mais eles estavam mais preocupados com a filhinha problemática deles, e com seu futuro neto, com sérios riscos de desenvolver trauma na infância.

E foi conforme combinado, eu fui para sua casa, meu pai ainda mandou mensagem perguntando onde eu estava, eu expliquei e ficou por isso mesmo, entramos, e mais uma vez estávamos a sós naquela imensa casa, ás vezes eu me perguntava como a Alana não perdia a linha com tanta liberdade para fazer qualquer coisa.

— Então, quando você e o seu boy vão se ver de novo? —. Questionou-me.

— Não faço a mínima ideia, meus pais nem sonham que estamos ficando mais uma vez, nem meu irmão, sem falar que a doida da Ana está dando uma de detetive com ele, querendo saber o motivo pelo qual "a linda estória de amor deles acabou" —.

— Essa sua irmã é mesmo uma inútil, mas por que vocês não marcam em um lugar seguro para ambos? —.

— Onde? No apartamento dele? Onde ela apareceu um dia desses com uma proposta doentia que incluía casamento e a pobre criança que está por vir ao mundo —.

— Poderia ser aqui em casa, tem uns dez quartos vazios —.

— Aqui na sua casa? —.

— Sim amigo, se não se sentir a vontade eu posso deixar vocês dois a sós aqui, mas pensa é uma excelente ideia, ela não sabe onde é minha casa —.

— E se ela seguir o Luiz? —.

— Pede para ele vir de táxi ora, tem que ser mais esperto que aquela vagabunda senão ela vai tomar o teu homem, aliás como você mesmo disse, não pode parar de viver apenas por conta de temores —.

— É, tem razão, vou ligar para ele, mas não sei se vai aceitar, ele é um pouco ocupado —.

— Está bem —.

Peguei o telefone um pouco sorridente, fui direto para o seu contato, e liguei depois de uns segundos ele atende.

— Oi! —.

— Oi você está ocupado? —.

— Pra você jamais —.

— É que eu queria te ver, eu estou aqui na casa de uma amiga, ela me ofereceu a casa, aliás nos ofereceu a casa... é que eu estou com muita saudades sabe —.

— Eu também estou com saudades, estou louco para te ver, passei esses dias todos pensando em você baixinho —.

— Baixinho? Eu tenho mais de um metro e setenta —.

— Mas para mim é um baixinho —.

— Você vai vir? —.

— Claro que sim, só me passa o endereço —.

— Pode vir de táxi? É para nossa segurança —.

— Do jeito que você preferir —.

Depois disso passei o endereço, alana foi me empurrando até o banheiro, disse que era pra eu tomar um belo banho, não entendi, pois sempre cheiro muito bem, mas um banho sempre cai bem.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora