— O Gabriel vive se atrasando por qualquer coisa —. Meu pai se queixava no aeroporto, ele olhava o relógio, minha mãe não estava nem um pouco preocupada brincando com o Felipinho.
Três meses haviam se passado, Luiz, Gabriel e eu iríamos embora. Eles dois haviam recebido um convite de um dos hospitais mais prestigiado dos Estados Unidos, iriamos para Califórnia, eu consegui uma vaga em Stanford. Foi bem difícil escolher entre as milhares de opções em muitas faculdades de muitos países, mas eu sempre quis estudar em Stanford. Eu já me imaginava vagando naquele campus gigantesco. Sempre tive o sonho de estudar no exterior e agora era a maior das chances.
— Vovó não vai conseguir ficar longe dessa coisinha linda, ai eu vou também —.
— Ah você não vai não —. Meu pai falou.
Bem, olhando para os meus pais, vendo como eles estavam tratando o netinho deles e até mesmo o Luiz eu me sentia feliz de fazer parte daquela família, e por mais que aquela raiva da decepcionante surpresa tenha sido profunda, ela passou, dói um pouco, mas não seria isso que iria eu abandonar minha família.
— Onde é que você estava? —. Luiz perguntou impaciente.
— No hospital, um paciente precisou de uma cirurgia, ainda bem que deu tempo de acompanhar vocês —.
— Cadê o Dario? Ele não vem se despedir? —.
— Ele está no carro, pegando a bagagem, vai passar uns dias conosco e vai levar o irmão para ir à Disney —.
Já estava na hora de entrar no avião eu abracei meus pais bem forte, eles me desejaram muita sorte, aquele aperto no peito foi tão forte, nunca eu iria para tão longe deles assim. Olhei para trás e eles estavam com os olhos cheios de lágrimas.
Ali acabava um capítulo muito importante da minha vida, um capítulo de dezenove anos, ontem foi meu aniversário, foi tudo muito legal meus pais fizeram uma festa enorme e chamaram todos os meus amigos, mas quem recebeu mesmo a surpresa foi o Luiz, quando ele chegou na festa e me viu de cabelos cortados, sim eu cortei o cabelo, com muito medo de me arrepender depois.
— Você cortou os cabelos? —.
— Sim, gostou? —.
— Você está muito lindo —.
— Obrigado, só dei uma aparadinha, estava grande demais, mal conseguia enxergar —.
Bem só posso dizer que foi um dos melhores aniversários da minha vida, pincipalmente porque meu sobrinho e meu namorado estavam presentes. Meus pais fingiam que gostavam do Luiz, mas pelo menos não o xingavam mais nem muito menos queriam longe de mim, eu acho que eles tinha medo de ele fazer comigo o mesmo que ele fez com a Ana, não sei, mas enfim pelo menos eu estou com duas partes mais importantes da minha vida.
— Pessoal, esse é o Luiz, o meu namorado —. Eu o apresentei para os meus amigos.
— Como assim João não vamos casar e formar uma família homossexual desafiando essa sociedade repressora? —. Douglas perguntou. Luiz me olhou tentando entender o que ele havia acabado de falar.
— Liga não, batizaram ele com álcool —. Meus amigos gostaram do Luiz, pelo menos assim pareceu, Alana ficou me olhando de longe por um tempo até que veio falar comigo.
— Parabéns meu amor, estou tão feliz por você, tudo parece estar tão bem, mas eu não te perdoo em ir para tão longe, eu vou segurar vela de quem agora? —.
— Sei lá, do Douglas e da Hilda —.
— Não, por favor me atropela com o avião que você vai viajar amanhã se eu fizer isso —.
— Cortou o cabelo? Está tão lindo! —.
— Meu pai quase caiu para trás quando me viu —.
...
— Nem acredito que estamos aqui, finalmente depois de tanto tempo —. Luiz falou comigo.
— Nem eu, está nervoso? —. Questionei, eu estava com um frio na barriga. Luiz segurou minha mão e apertou um pouquinho, senti o calor de seu corpo passando para mim.
— Também estou, até porque também começando um novo capítulo da minha vida e o melhor de tudo é que esse capítulo inteiro vai ser escrito com você fazendo parte dele e o Felipinho —.
— Vamos ser tão felizes, eu tenho certeza, imagina o Felipinho crescendo em uma casa enorme, brincando no jardim —. Luiz sorriu, ele amava o filho mais do que qualquer coisa desse mundo eu conseguia sentir isso apenas olhando. Eu amava quando ele o fazia dormir cantando alguma música era tão lindo.
— Eu te amo demais garoto —. Ele me beijou, foi tão bom, eu achava tão incrível como ele não se importava se alguém estivesse vendo ou não ainda assim ele me beijava. Sorri para ele e apoiei minha cabeça em seu ombro.
Recomeçar em certos momentos da vida era difícil, em outros é extremamente necessário, mas em raros momentos um recomeço é tudo o que precisamos é tudo o que queremos o meu recomeço foi algo que não planejei, que por muito tempo relutei em sequer pensar.
Sim, o Luiz colocou minha vida de cabeça para baixo, fiz as maiores loucuras por ele e com ele, me arrependi e me arrependi em me arrepender-se. Segui em frente e voltei atrás, foi tudo muito tortuoso, foi quase impossível ficar com ele com milhares de adversidades em nosso caminho, mas ainda assim tivemos força em não desistir um do outro.
Confesso que ele lutou bem mais por nós dois, e confesso que sou bem inseguro ainda, mas eu o amo demais para viver sem ele, ele está me dando as melhores coisas dessa vida.
Eu pensei que minha vida não poderia melhorar, aí então chegou aquele homem com ar de conquistador, desafiado a me conquistar e conseguiu. Agora não penso em outra coisa senão em nossas vidas conectadas.
Onde uma história termina uma outra começa, eu estava nervoso, com um frio na barriga, minha nova vida estava em outro país. Mas eu não estava nem um pouco disposto a voltar atrás. O engraçado que nesse recomeço apenas uma frase vinha a minha cabeça. Que surgiu de uma interpretação errada de uma música, mas que acabei amando. "Aonde os bons vão?". A resposta simples: recomeçar.
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O Dono do Meu Corpo [+18]
Roman d'amourJoão Pedro é o caçula, muito amado pelos pais, ele vive uma vida tranquila, até que o namorado de sua irmã aparece em sua casa e... E-book completo no link abaixo: O dono do meu corpo https://a.co/d/5TnR9ru