Capítulo LXI

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                              (João)

   O tempo estava passando, mas não dá velocidade que eu queria, mas finalmente a data do vestibular havia chegado, eu acordei como se fosse um dia normal, exceto por aquele frio na barriga. Eu me olhei no espelho, tentando me passar autoconfiança.

   — Posso entrar? —. Meu pai falou.

   — Pode —. Ele entrou e me viu ali parado em frente ao espelho.

   — O que está fazendo? —.

   — Tentando acreditar que tudo vai dar certo —.

   — E precisa tentar? Vai dar tudo certo, disso eu tenho certeza —.

   — Assim eu espero —. Digo.

   — Vem, preparamos um café da manhã bem reforçado para você —. Eu sai do meu quarto, eu estava com o meu moletom listrado, um dos meus favoritos, meu cabelo estava muito grande, quase na altura do queixo, eu estava pensando seriamente em cortar. Mas não que as coisas que a Ana tem dito sobre o meu cabelo me incomodaram.

   "— Por que você não corta isso? Parece um ninho de urubu —". Enfim, se ela estava falando era porque estava incomodando ela, e se incomodava a ela significa que está lindo. Fazia muito tempo que eu não via o Luiz, eu ainda falava com ele de vez em quando. Acho que ele não merece ficar com alguém como eu, que aceita ser trancafiado pelos próprios pais.

   Enfim, meu pai, após o delicioso café da manhã que minha mãe fez, foi me deixar no colégio onde eu faria a prova, quando lá cheguei o Gabriel estava me esperando bem na entrada.

   — Oi! Faz tempo que eu não te vejo —. Ele disse e me deu um abraço.

   — Obrigado por estar aqui —. Eu digo, meu pai estava de braços cruzados olhando para o meu irmão, mas pelo menos ele estava com a sua expressão de normalidade e não aquela cara feia do dia da confusão.

   — Não precisa agradecer, eu pensei em te desejar boa sorte, mas sorte é coisa do acaso, e eu tenho certeza que vai estar preparado —. Ele me deu um abraço novamente e sussura ao meu ouvido:

   — O Luiz está dentro do carro, ele veio te desejar boa sorte —. Como eu estava de costas para o meu pai olhei para o carro do Gabriel e dei um sorriso, espero profundamente que ele tenha visto. Isso foi o mais próximo que chegamos um do outro por muito tempo.

   — Sim, com certeza vamos comemorar depois —. Digo para disfarçar.

•••

  Estávamos sentados na varanda de casa, meu irmão e meus pais. Eles me ajudavam a corrigir o caderno de prova. Eu estava nervoso, nem sequer consegui pegar na caneta nem olhar o gabarito.

   — Filho da mãe! —. Gabriel falou.

   — O que foi? —.

   — Você errou só dias questões e foi na prova de linguagens —. Eu comemorei, acho que fiquei pulando por uns três minutos. Até que finalmente eu caí cansado na cadeira.

    — Parabéns João, eu estou muito orgulhoso de você —. Meu pai falou com um sorriso enorme no rosto, e foi aí que minha mãe começou a ligar para todos os nossos parentes, e o meu pão pro resto.

   — Seu irmão errou apenas duas questões no vestibular hoje —. Meu pai falou para Ana Paula, ela apenas arqueou a sobrancelha e soltou um "Hum.

   — Liga não, a analfabeta aí acertou só 20% da prova dela —. Gabriel falou. Eu sorri. Acho que nada poderia abalar minha felicidade.

   — Filho, eu queria te devolver algumas coisas, meu pai voltou com uma cesta de plástico, e nela estavam todos os meus aparelhos eletrônicos, coisas que eu senti tanta falta. Eu nem pensei duas vezes e os peguei. E nem agradeci, ele não fez mais que sua obrigação.

   Mas eu dei um sorriso. Ele bagunçou o meu cabelo, não sei que mania era essa que todo mundo tinha. Com exceção da minha mãe e do Luiz que arrumavam ele.

   — Pai! —. Ana gritou, quando olhamos para ela estava de pernas abertas, com uma cara assustada. E daí então foi um enorme alvoroço, a situação foi tão desesperadora que o Gabriel estava segurando a mão da Ana enquanto minha mãe ficou em casa arrumando as coisas para ela levar. Na realidade ela nos pegou desprevenidos, pois faltava um pouco de tempo para um parto normal, mas nada que fosse desesperador.

   — Respira Ana Paula, você não pode dar a luz aqui dentro —.

   — Eu estou respirando droga —. Ela disse, acho que aquele foi o único momento que me deu pena dela pois ela estava visivelmente sentindo muita dor.

   Quando chegamos no hospital, ela foi diretora para a sala de parto, meu pai, meu irmão e eu ficamos do lado de fora.

   — O que aconteceu, vocês estão bem? —. Luiz perguntou ao Gabriel quando nos viu ali, ele pareceu assustado.

   — Seu filho vai nascer, a Ana acabou de entrar em trabalho de parto —. Eu falei, ele sorriu, e como uma bala entrou na sala de parto.

   — E se a Ana precisar de mim? Será se eu não posso entrar? —. Meu pai questionou ao meu irmão. Ele disse que sim, ajudou a se paramentar para adentrar na sala de parto.

   — Eu vou ser tio, eu vou ser tio —. Eu dizia para mim mesmo sorrindo, a ideia de ter um bebê por perto me alegrava bastante, mesmo que ele fosse da Ana, e certamente ela nem me deixaria chegar perto dele.

   Me sentei em uma poltrona e fiquei ali balançando as pernas, imaginando se teria alguma chance dele sair parecido comigo, seria muito engraçado, mas era o que o Luiz queria e bem mesmo os logos meses tiraram essa ideia da sua cabeça.

   Minha mãe chegou e perguntou por todos eu disse que estavam lá dentro, perguntei se ela não iria entrar, ela disse que não, pois partos sempre a desagravam.

   — Cada parto foi pior do que o outro —. Ela disse.

   — Com quem você acha que o bebê vai sair parecido? —.

   — Não faço ideia, mas tomara que saia parecido com a nossa família, a beleza está ao nosso favor —. Disse sorrindo.

   — Mas o Luiz é bonito também —. Ela me olhou com uma cara curiosa, mas não disse nada.

  

   CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO
  

   

  

  

  

  

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora