Capítulo XXXV

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                           (João)

   Eu estava na casa do Gabriel, pensando bastante no futuro, a Ana chegaria no dia seguinte, meus dias de paz chegaria ao fim, eles foram tão legais.

   — Por que nunca me contou do seu cachorro? —. Questionei a Gabriel. Ele continuou com o que estava fazendo, como se não tivesse ouvido.

   — Gabriel?! —.

   — Eu não quero falar sobre isso João Pedro, sabe quanto tempo foi necessário pra eu falar mais uma vez sobre isso? Quinze anos —.

   — Tudo bem, eu entendo que isso foi muito traumático, mas quando quiser conversar eu vou estar aqui, tudo bem? —. Ele sorriu para mim, depois voltou a teclar no seu computador.

   — O nome dele era bolinha — Falou repentinamente — Ele era um filhote, um poodle, uma bolinha de pelos, branquinho e muito carinhoso, você não lembra dele, porque isso aconteceu quando você era muito pequeno. Eu ganhei ele de presente de aniversário, depois de ter implorado por muito tempo para nossos pais. Eu amava demais aquele cachorro. Eu dormia com ele sem a mamãe saber, eu deixava ele brincar com você, teve uma vez que ele lambeu sua bochecha e você soltou um sorriso bem alto —.

  — Aí eu bati palmas? E andei até ele e o peguei? —. Questionei.

  — Sim, como você sabe disso? —.

  — Eu pensei que fosse um sonho, me lembro de um cachorrinho com uma coleira azul —.

  — Era o bolinha — Gabriel começou a chorar — Você tinha nem dois anos, como é que lembra? —.

  — Eu não sei, apenas lembro, tem coisas que não saem da minha cabeça —.

  — E tem coisas que não saem da minha —. Gabriel respondeu, tentando secar suas lágrimas.

   — Por que ela fez isso com seu cachorro? —.

   — Eu não sei ao certo, mas ela disse que o bolinha mordeu uma boneca dela e quebrou a perna. Se isso for mesmo verdade ainda assim não justifica em nada o que aquele demônio fez —.

   — Você não chegou a tempo, não foi? —.

   — Não, eu estava no banho, ela aproveitou que estávamos a sós e aprontou essa —. Por isso que eu digo que foi porque ela quis sim, e foi planejado.

   — Ela é um monstro —.

   — E nem duvide disso —.

   — Agora imagina um garoto que tinha 10 anos, ter que ver seu cachorrinho morto no forno enquanto aquela demoníaca estava pintando um desenho na sala —.

   — Você se vingou não foi? —.

   — Me vinguei, mas não dá forma como eu queria, eu queria lhe causar muita dor, mas eu sabia que acabaria sobrando para mim. Daí pra frente você sabe, eu peguei todas as coisas dela, levei para o quintal, tudo, roupas, brinquedos, e fiz uma fogueira, ela ficou se esperneando na beira do fogo, ainda pegou a mangueira para tentar apagar, mas eu a segurei —.

   "— Olha bem, tá vendo tudo que você gosta queimando? Se acostuma, porque tem um lugar assim te esperando, onde você vai queimar, infelizmente não vai ser eu quem vai fazer isso, e com certeza eu não vou ver, porque eu vou fazer se tudo para ir para qualquer lugar longe de você —."

   — Você disse isso? —.

   — Sim eu disse, dessa mesma maneira, sem nenhuma palavra a mais ou a menos —.

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora