O Dono do Meu Corpo [+18]

Capítulo XXII

   — E aí João, por que você anda tão distante ultimamente? —. Questionou Douglas assim que me encontrou no elevador, ainda bem que estávamos a sós, eu estava um pouco ansioso para a conversa que eu teria com a Alana. Eu tinha tanto medo de alguém perceber os sinais e acabar descobrindo tudo, mas eu tinha que fingir que tudo estava normal.

— Nada, só estou estudando para o vestibular, estou um pouco preocupado com isso, cada dia está mais perto —. Ele ficou me olhando por um tempo, como se duvidasse, com seu olhar fixo eu o sentia penetrando em minha mente e lendo tudo o que aconteceu.

— Bom, eu acho desnecessário você ficar preocupado assim, você é um gênio, é na verdade o amigo mais inteligente que eu tenho, acho que você é a pessoa mais inteligente que já conheci. Se você não conseguir o que sonha, não sei quem irá conseguir —. Ele disse me dando um abraço.

Na escola eu não entendi nada, estava bem distante daquela aula, o professor falava, mas era como o barulho do vento e nada mais. Alana me dava umas olhadas de vez em quando, aquilo me causava pânico, mas acho que se ela tivesse contado qualquer coisa, meus amigos estariam me interrogando, mas não, eles estavam bem quietos.

No intervalo ela veio até mim, me deu um abraço, ela me deitou na sua coxa e ficou fazendo carinho no meu cabelo. Estávamos em um banco no segundo

— Eu estou preocupado com você bebê, nunca te vi assim, olha se não quiser contar tudo bem, mas pode contar comigo se estiver se sentindo mal, pode me chamar pra sair, pra fazer qualquer bobeira, só não fica sozinho por favor, nem fica assim isso corta o meu coração —.

— Alana é bem difícil sabe, ultimamente eu me sinto dividido, eu sei que estou fazendo é errado, mesmo assim não consigo parar de fazer isso, sempre achei que eu controlava tudo de mim, para agora saber o quão fraco eu sou —.

— João, vamos deixar pra falar isso em particular, nessa escola tem muita cobra —.

— Tudo bem, obrigado por estar comigo —. Ela deu um beijo em minha bochecha, meus outros amigos chegaram até onde estávamos, eles estavam curiosos para saber o que estava acontecendo.

— Vocês estão ficando mesmo? —. Questionou Flávio.

— Aí garoto desinfeta estamos conversando, em particular, se eu quisesse desabafar com você teria te chamado —.

— Nossa Alana, não precisa disso tudo não, ele só fez uma pergunta —. Lara disse, ela era a mais calma dos meus amigos.

— E eu respondi, amo vocês, mas quero falar disso com o João, porque eu tenho certeza de que ele vai me compreender —. Eu tinha esquecido como a Alana era maravilhosa, ela sempre me defendia desde sempre, desde o terceiro ano do fundamental, eu era baixinho, bem mais gordinho, ela era bem alta e forte, adorava bater nas outras crianças, por causa do apelido dela "a lama'' até que era um pouquinho engraçado, mas eu nunca ri disso na sua frente.

— Tudo bem, só não gosto disso, somos um grupo, amigos, não podemos nos dividir dessa forma, se precisar de qualquer coisa Alana estamos aqui —. Douglas disse, e depois eles se foram, ficamos calado.

— Quer um milkshake João? —.

— Quero —. Ela se levantou e foi saltitando até a lanchonete, acho que ela só queria uma desculpa para ir dar em cima do atendente, mas era bonito ver seus cachos balançando enquanto ela corria. Enquanto ela foi a lanchonete eu peguei meu celular e olhei no perfil do Luiz Felipe, foi uma olhada bem rápida. Por que raios ele é tão bonito assim?

— João por que você é tão bonito assim velho? Fui dar em cima do boy ali e ele perguntou quem era você —. Eu ri, ela estava um pouco brava.

— Desculpa, ele nem é tão bonito assim, você merece bem mais —.

— Eu nem gosto dos bonitos, olha só aquela carinha de mongoloide, é do jeitinho que eu gosto —.

Depois do intervalo, voltamos para a aula, sentei-me na frente da Alana, ela ficou fazendo carinho no meu cabelo. E foi assim até que a aula acabou, avisei meus pais que iria sair de novo, eles nem ligavam.

A casa da Alana era enorme, o pai dela tinha muito dinheiro, muito mesmo, mas ficava a maior parte do tempo fora de casa, a Alana achava era bom, pois podia fazer tudo o que quiser. Subimos para o seu quarto, eu a invejava pela coleção de livros dela, eram muitos e tão bem-organizados, ela os separava por cor, ela mesmo, pois não deixava ninguém tocar nos livros. Teve uma vez no aniversário dela que não sabia o que dar de presente, dei um livro já esperando que ela batesse com ele na minha cabeça, pois ela já tinha tantos, e ela quando abriu e o viu surtou dando pulos. Hoje ela guarda o livro no lugar mais alto da sua estante.

— Bom, se quiser começar estou aqui —.

— Eu fiquei com um cara, com um médico —. Falei e cai em cima de sua cama, onde ela já estava.

— Sempre imaginei você ficando com um médico, na verdade não consigo imaginar sua vida fora de um hospital —.

— Eu sei que eu sempre disse que não queria ficar com ninguém, mas eu não consegui me controlar sabe, ele me atrai de uma maneira inexplicável —.

— Bom João, não precisa se sentir assim porque você ficou com um cara eu fico feliz por você, não precisa tentar controlar o que você sente, não precisa suprimir seus sentimentos —.

— O problema é que não podemos continuar com isso, não podemos continuar e eu não consigo parar, só deus sabe o quanto eu tentei parar de pensar nisso, parar de pensar no que aconteceu, mas ele não sai da minha cabeça —.

— Amigo, você apenas está apaixonado, isso é normal, isso acontece, não fique se culpando, seria fofinho ver você assim se você não estivesse sofrendo tanto —.