Capítulo XXXIX

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                              (João)

    Quanto mais eu queria ficar distante dele, mais próximo eu estava, às vezes eu nem desejava isso, mas simplesmente acontecia. Parado na minha frente, olhava para o teto, eu apertava insistentemente o botão para chamar a emergência, mas eu acho que eles iriam demorar ainda mais.

   — Por que fica com tanto medo de estar no mesmo ambiente que eu? —.

   — Você sabe o porque —.

   — Na verdade eu não sei de nada, por isso estou te perguntando, se acha que eu vou pular em cima de você está muito enganado —.

   — Olha Luiz, eu vou ser bem sincero com você, eu gosto de você, mas eu não quero ficar com você, acho que eu disse isso mas você não entendeu pelo o que estou vendo —.

   — E por que isso te deixa com medo? —.

   — Eu posso me machucar muito com isso tudo, você sabe, meus pais sabem, meu irmão sabe —.

   — Hum, o Gabriel, ele veio me falar um monte de coisas, como se eu fosse te obrigar a ter alguma coisa comigo —.

   — Ele está apenas tentando me proteger, ele é a pessoa que eu mais confio nesse mundo inteiro —.

   — Mas você acha que ele quer o seu bem? —.

   — Eu tenho certeza, por quê? —.

   — Não sei, as vezes ele tem umas atitudes que me lembra bastante a Ana Paula —.

   — Nunca mais faça isso, nunca mais compare o Gabriel àquela nojenta, eles não são iguais, ele é uma pessoa boa, ao contrário dela —.

   — Não estou dizendo que seu irmão é uma pessoa ruim, vocês dois se protegem isso é bonito, mas não acha que esse amor todo não deveria ter um limite. Ele te ver como uma pessoa inocente e você tenta ser essa pessoa inocente que ele vê —.

   — Andou estudando minha família? —. Questionei.

   — Digamos que algumas coisas são fáceis de se perceber, eles te amam disso eu não duvido, mas eles te sufocam isso não é bom, não estou dizendo isso porque eu quero te jogar contra a sua família, nem muito menos fazer você ficar comigo, estou falando isso, porque quero ver você feliz, mas para você ser feliz precisa caminhar com suas próprias pernas, da maneira como você escolheu —.

   — Eu já era feliz, eu sempre soube o que eu quis, não precisei de nenhum deles para me dizer o que quero —.

   — E o que você quer? —.

   — Eu quero ser um médico, um não, o médico, quero fazer pesquisa, operar pessoas, quero fazer ciência, eu quero contribuir para humanidade —.

   — Eu também queria isso garoto, mas não me privei de viver tudo isso, eu vivi intensamente, estudei intensamente e sou um bom médico —.

   — Com todo respeito Luiz, você é um bom médico, mas eu quero ser bem melhor —.

  — Você acha que eu não sou um bom médico não é? —.

  — Bem, seu estilo de vida, não condiz muito com a de um cientista —.

  — Deixa eu te contar um segredinho garoto, seu irmãozinho ele um gênio além de tudo estuda muito, mas ainda assim ele reconhece que sou melhor do que ele —.

   — Impossível, tenho certeza que meu irmão é melhor que você —.

   — Não acredite, e quando for médico vai perder muitas cirurgias para mim, mas não se preocupe, vou deixar você tocar no meu Nobel quando eu ganhar um —. Ele disse em um tom engraçado e eu acabei rindo.

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora