Capítulo XLVII

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(João Pedro)

Luiz falou em fugir, não sei se foi apenas uma expressão, uma metáfora, ou se seus planos realmente eram de fugir.

— Fugir Luiz? Para onde vamos? —.

— Não sei, damos um jeito, apenas esperamos o meu filho nascer e vamos dar o fora dessa cidade, para o mais longe possível da louca da sua irmã —.

— Mas e a minha família, meus amigos? Eu não posso simplesmente fugir de uma hora para outra meus pais surtariam, sem falar que iriam me buscar a força seja lá onde estivéssemos —.

— João Pedro, uma hora ou outra você iria para longe de todas as pessoas, você vai fazer faculdade, tenho certeza de não vai querer ir para qualquer uma —.

— Eu quero ficar com você Luiz, mas não quero fugir, não quero abandonar meus pais, apesar dos apesares eu os amo muito, e eu sei que me amam também, esse amor pode ser tóxico, mas é o amor mais puro que eu conheço, eles estão do meu lado, sempre estiveram e não é agora que eles vão me rejeitar pelas minhas escolhas —.

— Eu não consigo pensar em outra saída, a cada dia sua irmã vem me deixando mais preocupado em relação ao meu filho. Agora imagine se ela descobre que nós tínhamos um caso, ela já te odeia gratuitamente —.

— Podemos esperar, esperamos até o seu filho nascer, é o tempo que eu faço o vestibular e espero o resultado, daí podemos ir para um lugar bem longe da Ana, sem precisar deixar tudo de uma hora para outra —.

— Esperar é agoniante, mas acho que é a única solução, de qualquer forma eu tenho de esperar. Olha, se você não quiser ir embora comigo tudo bem, eu super entendo, eu sei que não nos conhecemos a muito tempo, e eu sei que estou exigindo algumas coisas que qualquer um não exigiria a essa altura, mas é que eu gosto de você de uma forma da qual nunca gostei de alguém antes. E eu quero estar com você —.

— Sabe, eu ainda tenho um pouco de medo, tenho medo de me envolver com você e acabar como minha irmã, eu sei que isso é um pouco decepcionante de se ouvir, mas lá no fundo, bem lá no fundo eu tenho esse receio —.

— Não se compare a ela, você é uma pessoa maravilhosa, eu nunca a amei, mas você eu sou apaixonado desde a primeira vez que eu te vi. É uma coisa tão inexplicável, tão intensa —.

— Eu sei como é, passei dias e mais dias tentando te esquecer, me forçando a acreditar que você era uma pessoa ruim, que queria apenas me usar como um brinquedo sexual, que me queria ao seus pés, apenas para satisfazer suas vontades, mas olha no que deu, eu estou aqui completamente rendido a você —. Falei, ele beijou meu pescoço. Depois daquela produtiva conversa na banheira, saímos do banho e fomos nos secar. Ele era um exibido, gostava de ficar pelado na minha frente, mas a visão era muito boa, então não havia motivo para reclamar.

Saímos do quarto nem havia sinal da Alana, ela deveria estar enfiada em algum quarto, mandei mensagem perguntando se ela iria querer pizza, ela disse que sim. Foi então que ela apareceu com a cara mais cínica, escondendo o riso.

— O que foi? —.

— Nada, só vocês que são um pouquinho escandalosos, eu pensei ainda em chamar a polícia achando que ele estava te enforcando, ou sei lá o que, mas deixei por isso mesmo —. Eu fico vermelho de vergonha, Luiz apenas ri com uma cara de safado.

— Alana sua puta, eu vou te matar —.

— Muito prazer, eu sou o ... —.

— Luiz Felipe, eu sei bem quem você é, esse daqui não para de falar de você — Quando eu pensei que não poderia piorar vem a Alana para fazer tudo para me envergonhar — Agora eu entendo, você é bonitinho, mas não é nada comparado ao meu bebê aqui, ele é lindo demais —.

— Bom nisso concordamos —. Eles ficaram conversando, na verdade a Alana ficou perguntando um monte de coisas.

Quando o pedido chegou eu agradeci aos céus, a Alana já estava perguntando coisas sobre nós dois, ela sabia ser bem desmedida as vezes. Ficamos conversando nós três a mesa, depois de acabar com toda a comida, fomos para a sala. Luiz fez eu me sentar no seu colo. Aí nós três começamos a conversar sobre algumas coisas, tais como nossa primeira ficada, mas não adentrando em detalhes, falamos também sobre a minha irmã, sobre o filho que ela estava esperando. Luiz de vez em quando me fazia um carinho, ou então me dava um beijo, eu estava ficando mal-acostumado, pior de tudo era que eu dormiria sozinho naquela noite isso era maldade, a pior das maldades.

Ele cochichava coisas no meu ouvido, coisas como: "lindo, bebê" porém a parte mais fofa que eu achei foi quando ele foi me perguntar algo e sem querer falou:

— Amor, você... —. Ele nem conseguiu falar o resto acho que ficou com vergonha, ele era tão fofinho constrangido, ele olhava para os lados como se procurasse a saída mais próxima.

Estava tudo tão perfeito, até que bateram a porta, nos olhamos assustados, nós três, logo em seguida Alana vai atender a porta, e Gabriel entra bem depressa.

— João Pedro, nossos pais pediram para vir te buscar —. Ele olhou para Luiz por um tempo, mas o ignorou, o pior de tudo era que eu estava sentado ainda em seu colo.

— Por quê? —.

— Para irmos para minha casa, eles vão viajar com a Ana para o interior para visitar a vovó, me pediram para cuidar de você —. Eu não questionei, peguei minhas coisas, coloquei tudo de volta dentro da mochila, depois fui me despedir do Luiz, dei-lhe um apertado abraço, mas ele me retribui com um beijo, um longo beijo.

— Pedrinho — ele chamou por mim quando eu já estava na porta — Eu te amo! —. Ele falou, me deu um aperto tão grande no peito em deixá-lo, assim justamente quando estávamos tão bem.

No carro, Gabriel não me dirigiu palavra alguma era como se ele estivesse furioso com algo.

— O que foi? —. Questionei.

— Nada, não vou dizer mais nada, não vou lhe dar mais conselhos, se quer continuar nessa continue, acho que não é preciso dizer o que pode lhe ocorrer, você mais do que ninguém sabe —.

— Gabriel, eu não vou deixar de viver por conta das vontades da Ana, se ela descobrir e tentar alguma coisa existe polícia, existe manicômio, existe tudo —.

Não demorou muito tempo e Luiz também foi embora.

— E essa viagem de uma hora para outra? —.

— Nossos pais inventaram repentinamente, já pra ver se diminui a obsessão daquela maluca que fareja os passos do Luiz, como um cão fareja sua caça, e o piro de tudo é que esse passos chegam a você —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora