Capítulo LXIII

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(João)

    — Por que eles fizeram isso? Por que eles mentiram para mim? Não é nem questão de me esconder que sou adotado, mas de criar toda uma história, todo uma pessoa que não sou eu —. Eu disse dentro do carro, as lágrimas caíam sem parar, eu sentia como se houvesse me esfaqueado pelas costas e perfurado meu coração e o sangue não parava de jorrar.

   — Amor, você é você, eles mentiram, isso não pode ser mudado, mas você não é uma mentira —.

   — Até o Gabriel sabia, ele sabia de tudo sempre soube e nunca me falou nada, e eu acho que eles nunca falariam —.

   — Ele deve ter tido os seus motivos, eu conheço seu irmão, eu sei quem ele é de verdade, eu sei que ele te ama. Com certeza seus pais não permitiram que ele é sua irmã falassem qualquer coisa, então ele não fazia mais do que obedecer ordens —.

   — Meu Deus, minha mãe mostrava fotos dela grávida, dizia que era de mim, era tudo mentira, eles me acharam em uma caixa de lixo —. Eu soluçava de tanto chorar, Luiz colocou sua mão na minha coxa, eu sentia que ele estava sem saber o que fazer, assim como eu que estava totalmente sem rumo.

   — Vai ficar tudo bem amor, o seu sobrinho nasceu, ele é muito lindo, não temos mas nada que nos prenda a esse lugar vamos, embora, vamos deixar todos eles para trás —.

   — Ele nem é meu sobrinho Luiz, não temos o mesmo sangue —.

   — Tem razão, eu não sinto que ele seja seu sobrinho, eu sinto que ele é seu filho, tanto quanto é meu —.

   — Desculpa, mas eu estou sem cabeça pra falar de qualquer outra coisa nesse momento. Eu só queria sumir, parar de existir, fazer com isso pare de doer, Luiz dói tanto aqui dentro —.

   (Luiz)

   O meu príncipe estava muito mal, tudo isso era culpa dos idiotas dos seus pais. Ver aquele garoto de rosto angelical sofrer daquele jeito era terrível e o pior de tudo era que eu não podia ajudá-lo pelo menos assim eu sentia. O coitadinho estava soluçando, ele tentava parar de chorar respirava fundo, mas desabava logo em seguida. Tudo isso foi pesado demais para ele.

   — Era por isso que ela sempre me odiou, era por isso que eu era tão diferente de todos eles, era por isso que eu me sentia tão deslocado da família. Agora eu sei de tudo —.

    — Ela te odeia porque tem inveja de quem você é, porque você sempre foi mais amado, e muito melhor do que ela em tudo —.

   — Eu tentei Luiz eu juro que tentei gostar dela. Eu fiz de tudo pela minha família, eu fui o melhor filho possível, meus irmãos eram frios com meus pais, mas eu não era assim, eu sempre fui carinhoso, e tudo isso serviu para que? —.

   — Não sei, mas não mude, você é uma pessoa incrível, em um mundo em que pessoas incríveis são raras de se encontrar —.

   — Para os meus pais foi bem fácil, só procuraram em uma caixa de lixo —.

   Descemos do carro, estávamos no meu prédio, caminhamos até a recepção, falei com os seguranças.

   — Se vocês virem qualquer pessoa suspeita, ou o Gabriel meu amigo, ou a irmã dele me avisem, chame toda a segurança e não os deixe subir, sob hipótese nenhuma —.

   — Sim senhor doutor tenha uma, boa noite —.

   — Acha que eles vem atrás de mim? —.

   — Com certeza eles vem, mas você não vai com eles, você é livre, chega de mentiras, chega dessas manipulações baratas que eles fazem todo santo dia com você —. No elevador ele estava cabisbaixo, eu o puxei e dei um abraço apertado, ele desabou e chorou ainda mais.

   — Chora amor, faz bem chorar, eu estou aqui com você pode ficar tranquilo, eu vou te proteger deles, ninguém mais vai te fazer mal, e se alguém tentar eu mato com minhas próprias mãos —.

   — Desculpa por estar estragando tudo, você deveria estar com o seu filho, mas eu estou atrapalhando tudo, desculpa. Acho que é melhor eu ir embora, eu só vou te fazer mal —.

   — João, não faz isso, por favor, você foi embora duas outras vezes e isso só serviu pra me deixar mal. Fica comigo, eu só penso em você todos os dias, todas as horas, eu quero ficar com você pra sempre —. Eu não sabia o que fazer, eu só queria estar bem com o meu garoto, queria ver aquele lindo sorriso dele, queria o seu corpo desnudo sobre o meu, eu explorando cada parte de sua pele macia. Mas vê-lo naquela situação me causou fúria, pois ele ama demais a sua família, eles aprontaram uma dessas com ele.

   "— Que tipo e pessoa faz isso? —". Pensei enquanto eu o abraçava. Entramos no meu apartamento João se sentou no chão mesmo, abraçou suas pernas e começou a chorar ainda mais sentei ao seu lado, coloquei meu braço ao seu redor e o apertei bem forte. Ele me olhou por um breve tempo, sequei suas lágrimas, acariciei sua pele.

   — Luiz eu te amo tanto, eu não consigo mais viver sem você —. Ele me beijou foi algo bem momentaneamente, logo em seguida ele apoiou sua cabeça no meu peito. Eu senti tanta falta daqueles lábios, seu beijo estava mais doce, mais viciante, ainda mais inesquecível, era apenas uma lástima que ele estava naquela situação.

   — Eu te amo também amor, eu estou aqui está bem? Pode ficar tranquilo vou cuidar de você —.

   — Pode ir ficar com o seu filho, ele precisa de você também, ainda mais que eu, ele tem uma mãe maluca que está o rejeitando, ele não tem ninguém por ele, não quero que ele seja mais um órfão —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

  

  

  

  

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