Capítulo XLI

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(João)

— Oi, você sumiu nesses dias —. Disse Victor ao sentar ao meu lado, eu até tinha esquecido que estávamos conversando, mas agora tudo parecia não fazer mais sentindo entre nós dois, e eu já não estava mais interessado nele.

— É que eu estava com meu pai no hospital —.

— Mas ele está bem? —.

— Está sim —. Victor era bonito, era educado, era perfeito, mas ainda assim eu não conseguia sentir por ele o que eu sentia pelo Luiz, eu pensava o tempo todo nele, mesmo que isso me causasse medo devido as advertências das pessoas ao meu redor, ainda assim esse medo diminuía constantemente, devagar mas constantemente.

— Sabe, eu pensei até que você não queria mais sair comigo, pensei que tinha feito alguma coisa de errado —.

— Olha Victor, eu vou ser bem sincero com você, podemos até ser amigos, mas eu gosto de outro, gosto muito de outro, eu sei que eu dei falsas esperanças para você, mas essa é a verdade, eu não conseguiria ficar com você gostando de outro —.

— É, eu já imaginava, nem sei porque ainda tentei —. Ele falou com um sorriso amarelo no rosto.

— Cara você é perfeito, mas... —.

— Não precisa disso João, eu sei que gosta de outro, bem fico feliz que esteja gostando de alguém, e ele gosta de você —.

— Eu acho que sim, mas é um pouco difícil de acreditar —.

— Por quê? —.

— Bem, porque todo mundo me diz que ele não presta, ele também fez algumas coisas duvidosas, mas a pessoa que ele demonstra ser para mim me encanta, sem falar que ele é tão bonito —.

— Eu acho que ele gosta mesmo de você, você deveria confiar um pouco mais em si mesmo, bem agora eu vou procurar os meus amigos, até logo —. Essa conversa foi bem estranha, fiquei em silencio terminando o meu sanduíche, meu celular vibrou era uma mensagem do Luiz, ele me pediu uma foto, eu sorri, até tentei tirar uma, mas nenhuma ficou legal, enviei uma foto antiga minha. No mesmo instante Alana chegou ao meu lado com uma cara nada boa.

— Que foi? —. Questionei.

— Me diz o que você fez com o Victor para ele estar daquele jeito? —.

— Que jeito? —.

— Triste, parecendo que morreu alguém da família dele, eu perguntei pra Lili e ela me disse que você deu uma espécie de fora nele, isso é verdade? —.

— Eu só disse que eu gosto de um outro cara e que eu não quero enganar ele —.

— E você não disse que ia seguir e frente João?! O que aconteceu para voltar atrás? —.

— Eu não quero mais passar meus dias escondendo coisas das pessoas que eu gosto, meu irmão sabe, meus pais sabem, só não a louca da minha irmã, eu não sou obrigado a viver assim apenas pelos caprichos de uma louca —.

— Meu Deus, o que aconteceu com você? Aonde foi aquele João focado que queria ser médico, que não perdia tempo com coisas tão banais como namoro e sexo —.

— Aquele João ainda está aqui, só descobri que posso ter ambas as coisas sem precisar sacrificá-las. Eu gosto do Luiz, ele gosta de mim também, ele pegou um soco do meu irmão por isso, mas ainda assim gosta de mim, ele vai ter um filho com a minha irmã, mas eu ainda gosto dele, você pode me falar o quanto quiser sobre as consequências disso e daquilo, mas isso não vai mudar o fato de que eu gosto dele —.

— Meu Deus, e tudo apenas piora, amigo eu sou sua amiga, eu quero te ver feliz, eu quero te proteger —.

— Então me proteja das pessoas que podem me fazer mal —.

— Eu te conheço, eu sei que você tem algum plano nessa sua cabecinha —.

— Não tenho, mas eu quero ser feliz sabe, eu não quero ter de deixar de viver por conta da bruxa da Ana Paula, eu vou precisar do apoio de algumas pessoas, pois ninguém parece estar ao meu lado, todos parecem me punir por causa dela —.

— Olha meu bem, se é isso mesmo que você quer, não posso fazer nada além de te apoiar, mas ainda assim não sei se isso tudo vai acabar bem, isso tem todos os ingredientes para um grande desastre —.

— Eu sei Alana, não precisa me apoiar, apenas não fique enchendo minha cabeça com conselhos parecidos com os da minha família —.

(Luiz)

Acho que nunca antes na minha vida eu estava me sentindo tão solitário, com certeza isso era pelo fato de o meu melhor amigo ter me abandonado, mas não o julgo, eu que fiz toda a burrada. Mas pelo menos eu tinha o João, mesmo que a distância, fico feliz que o tempo que passamos no elevador serviu para consertar tudo. Ele estava com muito medo de tudo, entendia aquele medo, por isso disse a ele:

— Se quiser se afastar de mim, eu entendo, eu nunca mais chego perto de você, me mudo de cidade, de estado, de país —. Ele apenas negou com a cabeça, que estava apoiada sobre o meu peito, ficamos por um longo tempo daquele jeito.

— Desculpa por ter dito as coisas que eu disse, desculpa por ter jogado tudo nos seus ombros desculpa por ter sido tão idiota com você —. Ele disse.

— João, não faz isso, você não é essa pessoa que você está dizendo, eu não sei o que estão te falando, mas você é uma pessoa maravilhosa, e eu nunca tive dúvida disso —.

— Eu sei que o que eu fiz foi errado, mas eu gostei, eu falei isso aos meus pais, eu confessei o que eu fiz, eles tem ciência de tudo, eu me cansei de esconder a verdade —.

— Por que você fez isso? —.

— Porque eu estava afastando as pessoas que eu amo, meu irmão te bateu por minha causa, e eu não quero que as pessoas entrem em conflito por minha causa. E também eu não quero ter que me afastar de pessoas legais como você —.

— Você gosta de mim? —. Eu questionei.

— Eu gosto de você —. Ouvir aquilo era tão bom, sem que aquela frase viesse com um "mas".

— E como ficamos? Você vai se afastar de mim? —.

— Não, eu quero tentar, eu estou disposto a tentar, eu tô com medo Luiz, mas eu quero tentar —.

— Tudo bem, não precisa ficar assustado, vamos devagar tudo bem? Ninguém precisa saber de nada —.

— Mas e se a Ana souber de nos dois? —.

— Ela vai ter que passar por cima de mim se quiser te fazer mal —. Falei.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

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