Capítulo V

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(Luiz)

   O garoto depois que me percebeu tomou um susto, parece que tinha visto uma alma penada. 

   — Calma garoto, não precisa infantar —. Digo, é dou uma risada.

   — Pelo amor de deus, é uma da manhã, e você aparece aqui do nada. Claro que vou me assustar —. Mesmo bravo ele tinha uma voz muito calma, e doce, estranhamente doce. Ele era diferente, um pouco diferente de uma forma que eu não conseguia explicar.

   Ele tinha um par de coxas um pouco grossas, mas não era apenas isso que me intrigava, sua pele não tinha quase nenhum pelo, aparentemente.

   — Desculpa, eu só vim tomar água, aí eu vi que estava jogando, fiquei olhando por um tempo —.

   — Eu jogo aqui porque a televisão é melhor e maior, papai disse que me daria uma TV no meu aniversário, então vou ter que esperar até lá —.

   — Queria ter tempo pra jogar, mas nunca tenho, minha TV é legal pra jogar, o problema é tempo —.

   — Bem, tempo é uma coisa que eu tenho de sobra —. Ele ficou um tempo olhando para mim em silêncio, com um ar misterioso.

   — Quer jogar? —. Ele questionou.

   — Não, não quero atrapalhar seu jogo, pode ficar a vontade —.

   — Eu tô te chamando pra jogar, não vai atrapalhar em nada, mas se não quiser tudo bem —.

   Ele deitou-se no sofá, eu aceitei jogar uma partida, e foi assim partida após partida que fiquei por quase três horas jogando, o garoto era bom, era muito bom. Mas eu era melhor.

   — Com essa acho que ganhei —.

   — Você é um chato —. Ele disse, bocejando.

   — Nossa já são quatro da manhã —.

   — Eu já vou dormir, se quiser continuar jogando fica a vontade —. Ele falou em seguida foi caminhando para o seu quarto, aquela cueca azul estava atolada nas suas nádegas, que aliás eram bem redondas. Aquilo me prendia a razão, era um belo par de nádegas.

   Enfim, olhei pro relógio, já era bem tarde, decidi mandar mensagem para Ana, dizendo que eu já iria embora, pois eu teria de ir para o plantão.

   Quando eu saí por aquela porta, não senti nenhum arrependimento, pelo contrário acho que foi uma boa noite. Namorando eu estava, seria um pouco difícil de se acostumar com isso, mas eu teria de me acostumar.

   — Um mês Ana, um mês —. Digo em voz alta enquanto desço o elevador, acho que eu precisava cortar e suturar alguém para não pirar.

    Fiquei pensando nas partidas que joguei com o João, foram legais, há tempos eu não me divertia tanto, ele me lembrava um pouco o irmão dele, porém mais divertido.

                           (João Pedro)

   Levantei bem tarde, era sábado, meu dia favorito da semana, porque meus pais estavam trabalhando, Ana estava na faculdade e eu estava em casa sozinho. Só meus pais que apareciam na hora do almoço, mas mesmo assim era muito bom vê-los.

   — Bom dia filhote —. Minha mãe disse depois que apareci na cozinha.

   — Bom dia —.

   — Ficou acordado até tarde ontem de novo? —. Meu pai questionou.

   — Só um pouco, mas não foi muito e... —.

   — Não precisa pedir desculpas, só tome cuidado pra não fritar sua cabecinha. Você merece se divertir um pouco também —. Meu pai falou.

   — O que você achou do namorado da sua irmã? —. Minha mãe questionou.

   — Ele é legal, jogamos um pouco ontem, se ele é amigo do Gabriel eu confio, sabe como o Gabriel é todo metódico e certinho —.

   — Sim, ele é amigo do Gabriel —. Minha mãe falou, parecia que ela sabia de alguma coisa, ou suspeitava.

   — Por que? —.

   — Por nada, só preocupação de mãe —.

     Depois do almoço eles foram embora, fiquei a tarde lendo na varanda, estava um dia quente, e eu gostava de sentir o calor. Fiquei pensando em como minha vida era perfeita, a julgar pela vida das pessoas ao meu redor. Naquele momento eu só pensava em nunca mudar, nunca mesmo.

   — João! —. Ana havia chegado, e estava procurando por mim.

   — Estou na varanda —. Digo, coloquei o livro bem na minha cara, não queria por nada entrar em uma discussão desnecessária.

   — Eu falei com a mamãe, e ela falou sobre as coisas que disse sobre o Felipe —. Aquela fala mansa estava me causando agonia, ela não era assim.

   — E daí? —.

   — Queria te agradecer — Tirei o livro da minha cara e olhei bem fundo em seus olhos — Eu percebi os olhares deles dois ontem a noite, só porque o Felipe tem umas tatuagens, fora que o Gabriel explanou ele de uma maneira não muito boa. E eles dois sempre te ouvem, então obrigado por falar bem dele, sem nem eu ter pedido. E agora a mamãe está gostando um pouco dele, e o papai perguntou por ele —.

   — Eu só falei a verdade, não fiz nada por você —.

   — Obrigada —. Ela me deixou novamente sozinho, ainda bem, não consegui continuar a ler, fiquei pensando nisso tudo. Nunca vi a Ana assim, ela estava apaixonada ao extremo. E eu acho que essa paixão estava fazendo muito bem a ela.

   De dependesse de mim, eu iria falar tão bem desse Luiz Felipe que eles iriam casar e iriam embora o mais rápido possível.

   Meus pais chegaram, e pela primeira vez em muito tempo tivemos uma noite sem discussões, todo mundo comeu calado, de vez em quando Ana soltava um sorriso, mas nada demais, meu pai fazia um comentário bobo, ela ficava vermelha e eu revirava os olhos.

   — Acho que alguém está apaixonada —.

   Mais tarde naquele dia, minha amiga Isabelly vem falar comigo, mais uma vez o carrapato da escola queria ficar comigo.

   — Isabelly eu já falei trezentas vezes que eu não quero ficar com ninguém —.

  — Amigo, mas eu prometi que iria conseguir juntar vocês dois —.

  — E daí? Prometeu porque quis, não tenho nada haver com isso —.

  — Cara, ele é o garoto mais bonito da escola e ele está afim de você, desde sempre não custa nem falar com o coitado? —.

  — Não, não quero, não tenho interesse, inventa alguma coisa, diz que tenho IST, qualquer coisa, só me deixa em paz —.

   Se dependesse de mim, jamais eu me envolveria com alguém, eu não queria perder o que eu tinha de mais precioso a minha liberdade.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

  

  

O Dono do Meu Corpo [+18]Onde histórias criam vida. Descubra agora