O Dono do Meu Corpo [+18]

Capítulo XXXVI

Eu ainda estava no hospital com o meu pai, minha mãe estava em casa descansando depois de ter passado a noite inteira com ele, eu não conseguia parar de pensar nas coisas que o Gabriel me falou ontem a noite eu mal consegui dormir direito. Por isso eu estava afeito um zumbi.

— Que foi filho? —.

— Nada só estou com sono, dormi pouco ontem —.

— Desculpa estar fazendo você sua mãe e seu irmão passarem por isso, mas eu prometo que logo eu saio daqui —.

— Não precisa se desculpar pai, acho que a culpa disso tudo é minha —.

— Ei não diz isso, você não tem culpa disso, eu sei que eu disse algumas coisas nada boas, mas foi em um momento de fúria, não quero que você se sinta culpado por eu estar aqui —.

— Mas eu sou, se eu não tivesse feito o que eu fiz estaríamos todos bem —.

— Talvez sim, talvez não, não podemos prever como vamos estar —.

— Eu só queria consertar o meu passado, para não ter que carregar essa culpa —.

— João Pedro você é muito novo pra ficar pensando nesse tipo de coisa, é normal você sentir desejos assim na sua idade, você apenas não raciocinou, mas isso não lhe torna uma pessoa ruim, você está muito longe de ser uma pessoa ruim —.

— Pai deixa eu ir morar com o Gabriel por favor, eu não sei se vou conseguir morar na mesma casa que a Ana, o Gabriel me contou tudo o que aconteceu, eu não tenho coragem de ficar no mesmo ambiente que ela —.

— Pelo visto isso vai perseguir o Gabriel pelo resto da vida — Ele suspirou — Se eu não tivesse deixado eles dois a sós, isso não teria acontecido —.

— Pai, o Gabriel passou muitas coisas ruim na mão dela, ele não merece sofrer mais, ele é seu filho —.

— Ela também é minha filha João Pedro, eu amo vocês três igualmente, me diz como eu posso estar feliz sabendo que eu deixei um dos meus filhos para trás? —.

— Eu não quero que ela me machuque, ei sei que errei, mas isso não justifica nenhuma violência ou agressão —.

— João Pedro, olha para mim, você vai para casa, você vai estar muito seguro lá, eu vou te proteger de qualquer coisa que possa acontecer, mas não se preocupe, nada vai acontecesse deixarmos essa história bem guardada —.

Por mais que ele tentasse era difícil me tranquilizar, depois de uns minutinhos o Gabriel veio me buscar para comermos alguma coisa. Mais uma vez cruzamos com o Luiz e outra vez ele fingiu que eu nem existia, não sei se foi porque meu irmão estava ao meu lado. Era assim todos os dias desde que ele voltou a trabalhar.

— Eu queria te dar uma coisa —. Gabriel disse quando estávamos a mesa. Do seu bolso ele tirou uma caixa, e colocou em cima da mesa.

— Um taser? —

— Sei que não é um presente muito legal de se dar, mas ainda assim prefiro que você aceite, deixe ele sempre perto de você, eu não confio nem um pouco na Ana Paula, se ela tenta alguma coisa acerte isso nela, mas não exagere depois disso, saia correndo e venha ao meu encontro aonde quer que eu esteja entendeu? —.

— Entendi —.

— Ela vai chegar aqui hoje, com certeza ainda vai querer saber do Luiz, vai investigar a fundo todos os fatos, ela vai ficar ainda mais enfurecida quando souber que o Luiz a traiu... —. Bem quando estávamos falando dela, ela liga para o Gabriel, ele atende e manda eu ficar em silêncio.

— Eu já cheguei, porque não tem ninguém me esperando no aeroporto? —.

— Você sabe que eu trabalho, pega um carro —.

— Eu passo três meses fora e a minha família nem liga quando eu volto —.

— Minha filha, eu não sei se você sabe, mas o nosso pai está aguardando uma cirurgia, então desculpa se nossa família está mais preocupada em ficar ao lado dele do que ir buscar vossa majestade —. Eu estava só escutando a agradável conversa. Abri a caixa do taser e dei uma boa olhada, depois guardei no bolso do meu moletom, terminei meu lanche sozinho, porque o Gabriel voltou ao trabalho. Quando eu estava voltando para o quarto do meu pai, acabei esbarrando no Luiz.

— Olha por onde anda garoto —. Ele disse rispidamente.

— Você já foi mais educado —. Respondi.

— Já, mas não vale a pena dar o melhor de si, se é que você me entende —. Ele seguiu seu caminho apressado. Fiquei pensando nas coisas que ele disse, aquilo foi uma metáfora, e foi bem incisiva. Acho que eu mereci que ele me respondesse daquela forma, mas isso não importa o que importa agora é o meu pai.

— A Ana já chegou? —.

— Já sim, ela ligou para o Gabriel —. Ele acenou com a cabeça e depois fechou os olhos novamente. Sentei-me na poltrona e segurei a mão dele. Cochilei um pouco acordei com meu pai chamando pela Ana Paula, quando olhei ela estava do lado de fora, conversando com o Luiz.

— Eu não tenho nada o que conversar com você, se não se lembra terminamos, e não tenho o menor interesse de voltar atrás —. Ele disse de braços cruzados, Gabriel tentava puxar Ana Paula pelo braço, mas ela não cedia.

— Ah nós temos muito o que conversar, estou esperando um filho seu —. Aquilo foi como um tiro, rápido, doloroso, impactante. Meu pai colocou a mão na sua testa como se sua cabeça doesse. Luiz olhou para dentro do quarto, em minha direção, depois voltou-se a Ana Paula e disse:

— Não é meu —.

— É seu sim, se quiser fazemos um exame de DNA, mas nada vai mudar o fato de a criança que está crescendo aqui dentro é sua, ou melhor é nossa —.

— Podemos sair do corredor está todo mundo nos olhando, vamos para minha sala —. Gabriel disse, já visivelmente irritado.

— Não, entre todos aqui agora —. Meu pai falou, sem muita paciência. Eles três entraram, Gabriel fechou a porta.

— Pai o senhor não pode se irritar muito —. Gabriel falou.

— Ana Paula, o que você falou é verdade? —.

— Sim pai, olha aqui —. Ela levantou sua camiseta e lá estava sua barriga, era a mais pura verdade.

— Você está fazendo o acompanhamento direitinho? —. Gabriel perguntou.

— Estou, estou com 13 semanas, já sei até o sexo dele —. Ela disse toda sorridente — Pai, você vai ser vovô —.

— É menina ou menino? —. Meu pai perguntou, eu pude ver pouco a pouco aquele olhar de raiva saindo, e dando lugar a semblante de esperança.

— É menino, ele vai se chamar Leonardo —.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO