O Dono do Meu Corpo [+18]

Capítulo XXXIII

    

(João Pedro)

   Tudo estava desabando, o Gabriel quase foi preso, o Luiz foi violentamente espancado, meus pais quase foram hospitalizados depois do que souberam do Gabriel, mas ainda assim ele não contou o que aconteceu por completo. Quando cheguei do Luiz, Gabriel e minha mãe esperavam meu pai chegar, o que não demorou muito.

— Então Gabriel, quer me explicar o porquê de você ter agido com tamanha imbecilidade? —.

— Eu sou adulto, não preciso dizer nada da minha vida a vocês, com todo respeito —.

— Respeito? Você diz que age com respeito conosco, agora deu para agir feito um destrambelhado? Nunca tivemos que nos preocupar com você até agora, então me diga agora, porque você fez isso rapaz —.

— Eu descobri que o Luiz tinha traído a Ana, foi isso estão satisfeitos? —.

— Eu sempre soube que esse Luiz não vale nada, sempre soube —. Minha mãe falou.

— E o que você tem a ver com isso? Eu não te criei para andar por aí espancando as pessoas, nem se envolvendo em brigas com a ralé, a sua sorte é que aquele vagabundo não quis registrar queixa, porque senão você estaria preso até agora —.

— Você nos decepcionou profundamente com essa atitude Gabriel, é esse o exemplo que você quer dar ao seu irmão? Quer que ele ande por aí espancando as pessoas? —.

— Não senhora —. Ele disse cabisbaixo.

— Para com isso Gabriel, esse não é você —.

— Não sinta pena do seu irmão João, a culpa é toda dele —.

— Fica quieto João —.

— Não, o Luiz traiu a Ana sim, e foi comigo —.

— CALA A BOCA JOÃO PEDRO! —. Ele gritou comigo. Meus pais me olhavam com muito espanto, eu sei que aquela não era a melhor hora para lhes dizer isso, mas eu não iria deixar meu irmão pegar toda a culpa por uma coisa que eu fiz.

— Não eu não vou calar, essa é a verdade, eu fiquei com o Luiz, e não foi só uma vez, e foi bom, não nego meu envolvimento nisso tudo, nem muito menos minha culpa. O Gabriel apenas tentou me defender, mas eu não preciso que ninguém me defenda, eu só preciso que vocês saibam a verdade, porque isso já está me sufocando a muito tempo, e eu não quero que ninguém se machuque por minha causa —. E foi assim que meu pai teve um desmaio, e aquela tarde terminou da pior maneira possível, com todos nós no hospital. Depois de ter esperado uma ambulância pensando que nosso ultimo momento com meu pai fosse aquele, embora Gabriel estivesse fazendo de tudo para que isso não acontecesse.

Só Deus sabe o tanto que eu chorei, me desesperando, pedindo a Deus que meu pai não morresse. Estávamos sentados na recepção, desesperados por notícias. Até que um médico chega.

— Desculpem a demora é que estamos sem nosso cardiologista-chefe —. Disse um médico, acho que ele se referia ao Luiz — O Sr. Rogério já está estável, ele já acordou —.

— O que ele teve? —. Gabriel questionou.

— Ele teve um infarto, mas nada que uma cirurgia simples resolva, se quiserem vê-lo fiquem a vontade —. Rapidamente seguimos o médico até o quarto do meu pai, quando lá chegamos ele estava com uma cara nada boa.

— Entrem e fechem a porta, precisamos conversar —.

— Pai o senhor tem que repousar, a última coisa que o senhor tem que fazer é se estressar —. Gabriel disse.

— Fecha logo essa porta —. Assim minha mãe fez, logo em seguida ela foi ao seu lado e segurou sua mão.

— Essa história morreu aqui, não quero ouvir nada mais sobre esse Luiz, se eu o ver novamente sou capaz de matá-lo. A Ana não pode saber de nada que aconteceu, portanto vocês precisam me jurar que vão guardar segredo —.

— Por que? Ela precisa saber —. Digo.

— Precisa o que João Pedro? Pelo visto você perdeu sua razão, se ela souber do que você fez, nem sei o que ela fará —.

— Vocês agem como se vocês fossem os filhos e Ana fosse o pai —. Gabriel diz.

— Você sabe muito bem quem sua irmã é, você quer mesmo ver ela agredindo seu irmão, somos uma família, temos que agir como uma, temos que lutar de todas as formas pela nossa integridade —.

— Eu sei muito bem quem ela é, por que acha que meu psicológico é tão fudido assim? Porque aquela vagabunda fez questão de me traumatizar durante toda minha infância —.

— Gabriel, ela é sua irmã, não fala esse tipo de coisa —.

— Ela é o demônio, e apenas vocês não veem isso. Vocês não têm noção do que nós dois passamos na mão dela, o João pode até ter feito uma coisa horrível com ela, mas isso nem se compara a tudo que ela já fez —.

— Ela está tentando mudar, e vocês dois estão dando muito apoio pelo que eu estou vendo, desse jeito ela não precisa de inimigos com irmãos como vocês dois —.

— Ela matou meu cachorro, vocês sabem muito bem disso, e continuam defendendo-a, o barulho dele agonizando no forno isso eu nunca vou esquecer, isso está todos os dias na minha cabeça, eu amava tanto aquele cachorro, o meu Bolinha —. Dessa história eu não sabia, por isso fiquei boquiaberto por muito tempo.

— E depois você ateou fogo nas bonecas dela, nem só nisso, mas em todas as suas roupas —.

— Vocês querem comparar a vida de um cachorro inocente com um monte de bonecas —.

— Ela era uma criança Gabriel, ela te pediu desculpas —.

— Porque vocês obrigaram, quer saber de uma coisa, eu quero que ela se exploda, ela destruiu minha infância, se eu fosse o João esfregaria o que ele fez bem na sua cara —.

— João, se você nos ama, por favor, não fala nada pra sua irmã, pro seu bem, pro nosso bem, não quero ver meus filhos em guerra, não faça sua mãe passar por isso por favor —. Minha mãe me disse.

— Ela vai descobrir, um dia ela vai descobrir, e eu quero ver vocês dois tentando segurar ela —.

— O que você propõe então —.

— O João vem morar comigo, lá ele pode ficar seguro, vocês contam toda a verdade a Ana, pagam uma terapia, internam sei lá, apenas tirem os dois do mesmo teto, porque um dia esse teto vai desabar e eu conheço aquela maluca como ninguém, ela vai pra cima do João para matar —.

— O João tem pais, ele tem a casa dele, eu não vou tirar meu filho de debaixo do meu teto —. Meu pai respondeu.

— Vocês subestimam aquela garota —.

 CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO