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Manuely Oliveira ♏
Sexta-feira

Eu acho que quando eu pensei em ser psicóloga, eu estava tentando ajudar o próximo, mas as vezes o próximo esquece que eu também sou um ser humano e sou brasileira, e brasileiros não tem um pingo de paciência.

Será que bater em "pacientes" é crime?

Mas que homem chato do caralho.

Sr.joao: eu pensei que no seu trabalho, você tivesse o dever de ajudar as pessoas.

Manu: o senhor está aqui nessa sala faz 1 hora e meia e até agora eu não sei como ajudar o senhor, até então, eu só ouvir o mesmo reclamar de qualqu

Sr.joao: você não serve pra esse trabalho!

Manu: um beijo até a próxima.

Ele levantou puto e saiu batendo a porta.

Manu: QUEEEEBRAAAA.

Eu rir comigo mesma e logo eu vi o nome do próximo que iria entrar.

Maycon, bom, espero que esse não seja tão chato igual o último que saiu.

Eu me levanto e foi até a porta lhe chamando, ele levanta e eu posso ver um homem grande, com os braços bem malhados, uma blusa branca da Lacoste e uma bermuda jeans branca da Lacoste também.

No pé ele usava um kenner e as suas unhas estavam limpas.

Dei espaço para que ele pudesse entrar e ele se sentou no sofá.

Me sentei na frente dele e olhei pro mesmo.

Manu: boa tarde, então...preciso que você se apresente e que me diga no que posso ajudar.

Maycon: pô, boa tarde aí, meu nome é Maycon, tenho 29 anos e sofro todas as noites, com um pesadelo que não saí de mim, mas pô, pra eu te contar esse bagulho, tu precisa me contar algo teu, só pra eu poder confiar em tu, papo 10 mermo.

Manu: algo tipo o que?

Maycon: mulher burra em. - ele sorriu de lado e se largou mais no sofá. - tipo qualquer coisa.

Manu: tá bom, meu nome é Manuely, tenho 23 anos, e minha mãe me trocou por homem, meu pai não me queria, e ela me colocou pra morar com a minha tia e até hoje ela não liga pra mim, e isso me afeta, pronto sua vez.

Maycon: tem que ser algo de verdade pô.

Manu: isso é verdade. - falei como se fosse óbvio.

Maycon: k.o, que cuzona.

Manu: ei, estamos falando é da minha mãe.

Maycon: mas é cuzona pô.

Manu: vai, é sua vez agora.

Maycon: eu moro no Vidigal, e quando eu tinha 10 anos, teve uma operação policial lá, e um policial entrou dando tiro na cara do meu pai, e eu implorei pra ele não fazer isso, mas ele fez, sem dó nenhuma, só disse que tinha se enganado e foi embora, minha mãe me ajudou muito, eu entrei em depressão, pô, era meu pai né, me ensinou a jogar bola, me dava uns puxões de orelha e tals, mas porra, ele era tudo o que eu tinha, minha mãe não era tão presente na minha vida, ela trabalhava muito, mas depois da morte dele, ela parou, pensou e viu que precisava me ajudar naquele momento difícil, ela foi mais presente quando o meu pai morreu do que quando ele era vivo, desde então, ela é tudo o que eu tenho, e depois de três meses tendo pesadelos, eu comecei a lembrar dos momentos bons e logo fui melhorando, mas agora faz um mês que tudo voltou a tona, e eu não consigo mais parar e não consigo mais dormir, é algo que me cansa, tá ligado? Só de saber que eu não ajudei ele, não fiz nada, me deixa puto comigo mesmo, porque ele era meu único amigo, era meu melhor amigo.

Ele já estava chorando.

Manu: olha, eu sinto muito pelo seu pai, mas creio que de lá aonde ele estiver, ele está vendo o quão forte você é, ele está vendo as suas conquistas e suas derrotas, você só ainda não entende o porque de terem matado ele, mas eu te digo o porque, seu pai era um homem bom, mas a vida é injusta, tudo é injusto nesse mundo, e as consequências quem paga somos nós, sei que agora você queria estar jogando um vídeo game, um futebol com o seu pai, apresentando a namorada e tudo mais, mas agora ele está em um lugar melhor, já imaginou ele aqui na terra e sofrer? Ver ele sofrendo seria pior pra você, isso você pode ter certeza.

Maycon: mas o bagulho nem é apresentar namorada, porque eu nem tenho namorada, mas o bagulho é que eu só não consigo dormir.

Manu: sua mente está exausta, está cansada, e está colocando o peso sobre você, está te culpando, mas a culpa não é sua, você só precisa parar de pensar um pouco, você precisa descansar, e precisa pensar na sua mãe, sua mãe iria gostar de ver você assim de novo? Seu pai ia gostar de ver você assim? Eles dois não iriam gostar nem fodendo, e você sabe disso. E outra coisa que eu te falo também, você é forte, muito forte mesmo, você aguentou até aqui, aguenta muito mais, e sobre o policial, eles são um bando de cuzão, tudo bando de fodido.

Ele riu e levantou ficando na minha frente.

Maycon: manu....eu....posso te abraçar? - perguntou com receio e eu levantei.

Manu: claro que pode.

Eu abracei ele e me senti confortável, o cheiro do perfume de homem que não presta estava escrito na cara dele, porra, e eu batia abaixo do peito dele.

Maycon: desculpa se eu te deixei sem graça, é que eu quis te abraçar mesmo.

Manu: tudo bem, e toma pelo menos um mínino remédio pra dormir.

Maycon: eu fumo uma bela maconha e mesmo assim não consigo dormir.

Manu: mas você não precisa da maconha, só precisa dela pra relaxar, e precisa dormir, tá com olheiras.

Ele riu e me deu um mínino tapinha da cabeça, ele foi em direção a porta e acenou pra mim.

Olhei e vi que já eram 19:30 e já estava no meu horário.

Arrumei a minha sala e fui direto pro estacionamento.

Entrando no meu Mitsubishi preto, e indo direto pra casa.

Bom...acho que não me apresentei pra vocês, né?

Então vamos lá, eu sou a Manuely, tenho 23 anos, sou psicóloga, minha mãe não quer nem saber da minha existência, meu pai? Rum, esse aí é o pior, não sabe nem que eu nasci, tudo porque ele queria um menino, e eles dois são dois fodidos que não sabem a hora de parar de beber e nem de se drogar, minha tia é mais minha mãe do que minha própria mãe, eu amo ela, e ela fez de tudo por mim, até apoiar em colocar piercing no peito ela apoiou, agora eu sou muito grata a ela, e moro em um apartamento muito bonitinho com a minha amiga Júlia, moramos de frente pra orla de Ipanema.

Eu e Julia nos conhecemos na faculdade e agora estamos aqui, morando juntas, o que ela tem de fofa tem de safada, nunca vi igual, mané, porra.

Enfim, é isso, essa é o resumo da minha história.

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