Depois que o meu pai foi embora, me permiti chorar por breves segundos. No meio daquela rua, na frente de casa, sem bolsa, sem chave, e com apenas o celular em mãos eu me permiti chorar desabando tudo.
Deixando que as coisas ruins me tomassem, desabei sentada no batente enquanto apertava meus olhos. Era horrível sentir aquela sensação de não ter os pais por perto demostrando amor ou carinho.
Era difícil para mim aceitar que as pessoas mais importantes da minha vida não me via da mesma forma. Era difícil aceitar que, bem ali dentro de mim, havia um coração machucado pela forma que eu era tratada pela minha família. Das outras pessoas eram julgamentos, deles era ódio e tudo de ruim.
Só então eu cai na real.
Assim que eu me recompus, pude voltar a chamar um táxi e voltei para a faculdade. É claro que eu não queria demonstrar para ninguém a grande tristeza que tinha dentro do meu peito, mas ao chegar lá passei a tentar esquecer e prestei atenção na aula.
Axel achou estranho, Phoebe achou estranho, Bob achou estranho. Mas eu apenas sorri fingindo que estava tudo bem e assim se seguiu até o final das aulas.
ㅡ Você tem certeza que ta bem? ㅡ Phoebe perguntou me analisando enquanto estávamos em um corredor afastado da sala após a última aula terminar.
ㅡ Estou, Phoebe. Tá tudo bem. ㅡ Peguei minha bolsa da mão dele sorrindo. ㅡ Foi só um imprevisto.
ㅡ Um imprevisto bem grande, né. ㅡ Bob se pronunciou me fazendo olha-lo. ㅡ Para você ter saído daquele jeito com o professor gato, era enorme o imprevisto.
ㅡ Normal. ㅡ Balancei minha cabeça abrindo um sorriso fraco.
Naquele momento, Axel apareceu com uma expressão de preocupação e andou em passos rápidos até a mim.
ㅡ Mari ㅡ Ele tocou sua mão na minha bochecha. ㅡ Você tá bem? O que aconteceu lá com o seu pai?
Por um momento, me permiti sorri de verdade ao ver a preocupação dele bem nítida nos seus olhos.
ㅡ Uhum. ㅡ Balancei minha cabeça sorrindo enclinando meu rosto e deixando um selinho em seus lábios. ㅡ De noite, aparece lá no trabalho? Sem a moto, porque quem dirige hoje sou eu.
ㅡBeleza. ㅡ Axel sorriu. ㅡ Toma cuidado, tá?
ㅡ Tá bom. ㅡ Revirei meus olhos lhe dando um selinho novamente. ㅡ Até mais tarde.
Assim que eu consegui me tirar dos seus braços, olhei para atrás dele e percebi que os meus dois amigos já não estavam mais lá.
ㅡ Nossa... ㅡ Resmunguei colocando a bolsa em meus ombros saindo de perto do Axel, em seguida pude ouvir a risada dele.
*
ㅡ Aqui está, meu amor. ㅡ Entreguei os contratos, já prontos, para o Dash na mesa dele. ㅡ Não aguentava mais aquela máquina. Tem certeza que não tá quebrada?ㅡ Eu não sou a pessoa que olha. ㅡ Dash riu pegando os contratos. ㅡ A gente pode falar sobre uma coisa?
ㅡ Diga. ㅡ Sentei-me na cadeira na sua frente.
ㅡ A sua amiga... ㅡ Franzi minha testa assim que ele terminou de falar. ㅡ A tal da Sid.
ㅡ O que é que tem ela? ㅡ Observei-o. Meu Deus, só de vê-lo falando dela me dava flashes de como ela estava elogiando ele...
ㅡ Ela tem namorado, ou algo assim? ㅡ Abro um sorriso, instantaneamente, ao ouvir sua pergunta.
ㅡ Não, Dash. ㅡ Neguei. ㅡ Tá querendo chamar ela para sair? Eu posso mandar o número dela.
ㅡ Espera, ainda não! ㅡ Ele falou rapidamente. ㅡ Só... fala de mim para ela.
ㅡ Nem precisa. ㅡ Murmurei para mim mesma.
ㅡ O que disse?
ㅡ Eu? Nada! ㅡ Neguei rapidamente abrindo um sorriso. Em seguida me levantei. ㅡ Como eu já entreguei os contratos, é melhor eu ir. Tenho alguns outros negócios para formalizar a negociação.
ㅡ Boa sorte! ㅡ Dash sorriu. ㅡ Ah. ㅡ A sua voz soou me fazendo parar e olha-lo tocando na maçaneta da porta. ㅡ Cruzou com a Sra Bennett hoje?
ㅡ Ah... ㅡ Abaixei meus ombros. ㅡ Na verdade, não. E nem quero.
ㅡ Pensou no que eu disse no domingo?
Olhei para o chão um pouco insegura lembrando do que ele havia me dito. Em seguida, ergui meu rosto voltando a olha-lo.
ㅡ Eu deveria denuncia-la? ㅡ Perguntei num tom baixo. ㅡ Dash...
ㅡ Olha, Mari, a decisão é sua. Mas, na minha opinião como seu amigo e colega de trabalho, você deveria sim. As pessoas como ela vivem numa sociedade idiota que acham que só elas são grandes e pessoas negras são pequenos. ㅡ Dash explicou enquanto me olhava seriamente. ㅡ Ela cometeu um crime, Marina. Desrespeitou você, o próprio chefe dela e a maior parte da população. Eu estou lhe dando um conselho de amigo, mas a decisão é sua.
Assenti com suas palavras antes de sorri fraco abrindo a porta, e saindo da sala dele sem olhar para atrás e com uma grande interrogação na cabeça.
•••
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lições do Amor | Vol.1
RomanceMarina sempre foi uma garota batalhadora, com o seu objetivo em ser melhor no que faz, ela decide realizar o seu sonho da melhor forma possível. E para fazer isso ela teria que deixar toda a sua vida para atrás e ir embora da sua cidade, ou melhor...