27_ Más lembranças.

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Apertei meus olhos com força terminando de processar todas as palavras que o meu pai soltou pelo telefone. Um aperto surgiu no meu peito enquanto eu me lembrava da forma que eu vivia no Brasil.

Me condenei por estar lembrando, mas eu não tinha como controlar as más lembranças.

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2 anos atrás...

ㅡ Marina!!! ㅡ Ouvi o grito irritado da minha irmã do lado de fora do meu quarto, no entanto, continuei intacta no mesmo lugar olhando para o livro em minhas mãos.

Naquele momento eu estava no meu quarto lendo um livro qualquer que eu achei para disfarçar e esquecer o que tinha fora do meu quarto, ou seja, minha família.

A porta do meu quarto foi aberta bruscamente chamando a minha atenção e em seguida olhei para a minha irmã que entrou no meu quarto com a expressão irritada.

ㅡ Entrou no quarto errado. ㅡ Reclamei voltando a olhar para o livro.

ㅡ Não! Eu entrei no quarto certo! ㅡ Mariana exclamou. ㅡ O que você pensa que tá fazendo?

ㅡ Lendo um livro. ㅡ Respondi. ㅡ Você faz isso?

ㅡ Arg... Marina, não provoca. Você sabe muito bem o que eu tô falando! ㅡ Mariana bateu o pé no chão.

ㅡ Oh, Mariana, dá um tempo! Eu sei que você não liga mais para nada além do seu umbigo, mas eu ligo para a minha vida. ㅡ Indaguei. ㅡ Tem como se dirigir para fora do meu quarto?

ㅡ Você deu em cima do Léo?

ㅡ Eca ㅡ Resmunguei. ㅡ Eu tenho bom gosto!

ㅡ MARINA!!!!! ㅡ Minha mãe gritou entrando no meu quarto também. ㅡ O que você tá fazendo?? Tá acabando com a minha vida!

Um aperto no meu peito surgiu ouvindo aquelas palavras.

ㅡ Cara! Onde eu errei com você?? Olha para a Mariana! ㅡ Minha mãe apontou para a Mariana que tinha um sorriso debochado. ㅡ Ela é tão perfeita! Por que você não é igual a ela? Você só traz tristeza! Por que?? Sua inútil!

>>>...

Apertei meus olhos com força novamente controlando as lágrimas, porém, uma lágrima involuntária escorreu.

Pai- Marina! Você me escutou? Eu quero que esteja hoje aqui as...

Desliguei a ligação dele sem deixa-lo continuar. Puxei o ar com as narinas ao perceber que já havia acabado de chegar no prédio.

Engoli em seco.

ㅡ Quanto deu?

ㅡ Não se preocupe, Sra Hawking. O seu marido já pagou. ㅡ O taxista falou me fazendo ficar confusa.

Marido?

Eu pensei em milhares de perguntas para fazer naquele momento, porém, a dor que estava presente pelas lembranças me fez assentir saindo do carro.

Coloquei o celular na bolsa passando minha mão no rosto conseguido controlar as lágrimas e assim eu caminhei até o portão. Porém, Dash saiu dali rapidamente.

ㅡ Ainda bem que chegou! ㅡ Dash correu até a mim. ㅡ Precisamos correr! ㅡ Ele pegou na minha mão e me puxou para o carro que estava estacionado bem ali na frente.

ㅡ O que? Mas eu ainda não almocei, Dash! ㅡ Falei enquanto era puxada por ele.

ㅡ Eu passo no Mcdonalds e compro quantos hambúrgueres quiser. Temos um novo cliente! ㅡ Ele abriu a porta do quarto e me empurrou. ㅡ Ai, tô tão empolgado! Acredita que os atores falaram de nós?? ㅡ Dash falou na maior empolgação enquanto entrava no carro. ㅡ Estamos realmente entrando no topo das paradas.

Abri um sorriso fraco assentindo.

ㅡ O que aconteceu?

ㅡ Como assim? ㅡ Encarei Dash.

ㅡ Você não para de falar nenhum minuto. ㅡ Dash me encarou. ㅡ Aconteceu alguma coisa?

ㅡ Não. ㅡ Neguei. ㅡ Tá tudo bem. Podemos ir? Estou com fome e não podemos nos atrasar.

ㅡ Exato! ㅡ Dash sorriu ligando o carro e dando a partida logo em seguida.

*
Mordi o hambúrguer enquanto ouvia o Dash explicando todo o processo para o cliente. Me aconcheguei no carro onde eu estava observando os dois, ergui minha outra mão e bebi o refrigerante.

Eu não conseguia parar de pensar na minha família. Era horrível pensar que, infelizmente, as pessoas que eu mais amava não me apoiavam em nada e só sabiam me deixar para baixo.

Apertei meus olhos novamente ao começar a passar flashes das más lembranças.

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1 mês antes...

ㅡ Espera, o que?? ㅡ Meu pai perguntou surpreso assim que eu terminei de falar. Minha mãe soltou o garfo em cima do prato, Mariana deixou de olhar o seu celular e me encarou.

Ok, Marina, tá na hora de enfrenta-los.

ㅡ É isso mesmo, pai! ㅡ Ergui meu queixo. ㅡ Eu juntei todo o dinheiro que consegui com os meus trabalhos, consegui passar em segundo lugar na faculdade de letras e no final do mês eu já estou indo embora.

Terminei de formular a frase e, de repente, Mariana começou a gargalhar alto chamando minha atenção. Revirei meus olhos.

ㅡ Você tá brincando, né, Marina? Onde que conseguiu passar em segundo na faculdade? ㅡ Minha mãe questionou com desdém. ㅡ Não faz nada além de acabar com a vida dos alheios.

Controlei as lágrimas assim que terminei de ouvir. Não pode chorar na frente deles, Marina, não pode!

ㅡ Tudo bem. ㅡ Meu pai murmurou de repente.

ㅡ O que?? Pai! Ela não pode ir embora! Até porque isso tudo não passa de uma brincadeira.

ㅡ Eu não brinco, Mariana. ㅡ Sussurrei. ㅡ Eu vou embora mês que vem e NUNCA mais vou voltar.

ㅡ Que bom. ㅡ Meu pai sorriu. Mais um aperto no peito. ㅡ Eu não vou te aceitar de volta.

Deixei o garfo no prato e me levantei controlando as lágrimas. A dor no meu peito era tão grande que meus olhos inundaram de lágrimas automaticamente.

Coloquei um sorriso cínico nos lábios antes de afastar a cadeira e sair da cozinha.

>>>...

Uma dor surgiu fortemente no meu peito com todas aquelas lembranças ruins. Fechei meus olhos com raiva por estar chorando por eles novamente.

Entretanto, não conseguia parar de pensar muito menos de sofrer.

Engoli em seco controlando as lágrimas, e em seguida pude ver o Dash vindo com um sorriso enorme.

ㅡ Ai, que delícia! ㅡ Ele sorriu vindo até a mim. ㅡ Ele gostou bastante da casa.

Sorri fraco, porém, meu sorriso sumiu ao sentir meus olhos se inundaram novamente.

Não, não, não, Marina! Se controla!

ㅡ Marina ㅡ Dash tocou no meu ombro me fazendo olha-lo e, sem aguentar mais, as lágrimas tomaram conta e eu desabei. ㅡ Oh, Marina...

Sem dizer mais nada o Dash rodeou seus braços pelos meus ombros me puxando para um abraço me permitindo chorar mais.

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Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora