01_ Aquela bendita festa...

1.2K 30 9
                                    

- O egoísmo não é amor por nós próprios, mas uma desvairada paixão por nós próprios. - Aristóteles.

~~~

ㅡ Ai, Marina, pelo amor de Deus né! Já faz dias que você chegou nos Estados Unidos e mesmo assim você continua enfurnanda nesse quarto sendo que tem uma linda e maravilhosa cidade lá fora esperando para você conhecer. ㅡ A reclamação da minha amiga, ou nova colega Sidney, soava por todo lugar enquanto ela se olhava no espelho.

Cá estava eu, sentada na minha mesinha de estudos, com livros e livros abertos, com o notebook brilhando na minha frente, um lápis na minha mão e com um caderno em cima de um livro aberto. Dava para perceber que já era noite aquela altura, pelo pouco que a minha janela estava aberta, mas eu não sabia de que horas se tratava.

ㅡ Sair para onde? ㅡ Fiz uma careta largando o lápis em cima do caderno, em seguida passando minha mão pelo meu cabelo e o prendendo. Eu não queria ver o estado do meu cabelo, mas sabia que os cachos dele deixava ele bastante embaraçado quando queria.

Ok, deixa eu recapitular. Eu me chamo Marina Soares, tenho 19 anos ㅡ no caso faltava apenas meses para meu aniversário, então era quase 20 ㅡ sou naturalmente brasileira, ou melhor, nascida e criada na Bahia. Sim, eu sou uma baiana de 19 anos que viajou para os EUA só para realizar um sonho.

Desde criança eu sonho com o dia em que eu pudesse, pelo menos, realizar a metade do meu sonho. Que, no caso, era completar os quatro anos na minha faculdade dos sonhos.

A minha família não era lá aquelas coisas, então eu vivia cercada de problemas que me fazia questionar a mim mesma se eu era capaz de tentar realizar o que eu queria. Durante todo os meus anos escolares eu passei duvidando da minha capacidade, e até mesmo das minhas faculdades mentais.

Eu não era muito ligada a minha família, até porque era uma divisão enorme entre duas partes que só viviam brigando. Eu era tipo aquelas crianças perdidas quem só vêem a confusão e só... choram.

ㅡ Sei lá, para uma festa! Uma baladinha, ou qualquer coisa! ㅡ Sid exclamou entrando no meu quarto e sentando na ponta da minha cama.

ㅡ Da última vez que eu inventei de ir para uma " festinha ", eu fui assaltada e quase... bem QUASE parei numa delegacia por ter ficado " bêbada " com apenas 16 anos. ㅡ Levantei-me da cadeira e olhei para ela.

ㅡ As festas daqui são completamente diferente das que tem lá em Salvador. ㅡ Sid coçou a cabeça pensativa.

ㅡ É claro que são! ㅡ Afirmo. ㅡ Aqui as festas só podem entrar com 18 anos, lá pode até ter festas assim mas os adolescentes podem facilmente inventar uma identidade falsa. Aliás, lá não existe idade certa para começar a beber.

ㅡ Eu bebi meu primeiro álcool faz apenas três anos. ㅡ Ela falou de forma cabisbaixa me fazendo ri da sua expressão. ㅡ Ah, eu queria tanto conhecer uma brasileira.

Deixei de entrar a janela e olhei para ela de forma séria.

ㅡ Não, calma. Você é diferente, sabe? Nem parece uma brasileira de verdade, queria conhecer um brasileiro com jeito de brasileiro. ㅡ Sid tentou justificar.

ㅡ Uhum... sei. ㅡ Balancei minha cabeça concordando me aproximando da janela, logo coloquei as mãos no bolso do meu moletom. ㅡ Amanhã eu vou ter um dia cheio.

ㅡ Mas um motivo para você aproveitar hoje, Mari! ㅡ Sid exclamou. Eu sabia muito bem que ela iria encher meu saco até que eu aceitasse ir para a festa com ela. ㅡ Amanhã você tem que ir para a faculdade e sair por aí procurando um emprego. Ah, Mari, aproveita! Daqui a pouco nós duas começamos as aulas e não vamos poder aproveitar as festinhas. Além disso, as festas daqui são bem mais tranquilas do que as de Salvador.

Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora