11_ O que é que falta?

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Apertei o celular entre meus dedos com as minhas costas encostada na parede, observando um pouco as pessoas em minha frente vendo o quanto elas eram diferentes.

Aqui elas ficavam em grupos sorrindo, conversando, alguns sozinhos lendo um livro, casais felizes, alguns ouvindo músicas. Diferente.

Era essa a sensação que me passava estar mim ambiente onde as pessoas são completamente diferente do que eu sou acostumada a ver. Na Bahia, isso aqui viraria um show aleatório de pagode ou sofrência.

Aqui eles só escutam Whitney Houston ou Madonna.

ㅡ O que é que está fazendo aqui? ㅡ Phoebe se aproximou de mim segurando um saco pequeno na mão direita, ou melhor, um cachorro quente.

ㅡ Observando as pessoas. ㅡ Murmurei. ㅡ As pessoas são completamente diferentes de onde eu vim, Phoebe. Entende? Na real, as pessoas para mim são incógnitas que não faziam questão de fazer parte da minha vida. Nem a minha própria família.

ㅡ E é por isso que mudou de país?

ㅡ Felizmente, não. A minha família não é exemplar, mas ainda sim são parte da minha vida. Eu mudei de país porque eu queria seguir meu sonho sem ter eles atrapalhando tudo. ㅡ Justifiquei.

ㅡ E o que é que lhe incomoda? Aparentemente, está correndo tudo bem.

De fato, eu não sabia o certo o que era. A minha vida estava indo muito bem, eu diria que estava perfeita em relação a tudo. Já tinha uma casa, uma amiga perfeita, a faculdade e havia conseguido trabalho. O que é que falta?

ㅡ Para essa pergunta, Phoebe, eu não tenho a resposta. ㅡ Abaixei meus ombros desanimada.

ㅡ Eu tenho uma ideia. ㅡ Phoebe me encarou sorrindo maliciosa.

Apertei meus olhos encarando ela.

ㅡ O que? ㅡ Perguntei curiosa, porém, Phoebe não respondeu. Ela apenas sorriu antes de dá as costas saindo de perto de mim e entrando na faculdade. ㅡ Phoebe? Não vai dizer? ㅡ Perguntei andando atrás dela. ㅡ Phoebe, volta... ㅡ Fui interrompida por um puxão que me assustou e me levou até uma pequena sala escura. ㅡ AH!

ㅡ Shh... Shh... ㅡ Uma voz masculina soou fazendo um som estranho me fazendo olhar para a pessoa e ver quem era.

ㅡ Axel??? Tá maluco?

ㅡ Desculpa.

ㅡ Por que você me puxou? Estou indo atrás da Phoebe e... ㅡ Parei de falar ao ver que ele se afastou um pouco e começou a me encarar. ㅡ O que foi?

ㅡ Você continua deslumbrante igual aquele dia na festa. ㅡ Engoli em seco assim que ele falou.

ㅡ Por que você não esquece aquela noite, Axel? Por favor, está... ㅡ Ele me interrompeu.

ㅡ Como é que eu vou esquecer a futura mãe dos meus filhos? ㅡ O sorriso dele idiota e convencido me fez revirar os olhos.

Cruzei meus braços saindo de perto da parede e me aproximando da porta, contudo, ele pegou em meu braço me fazendo olha-lo na mesma hora.

ㅡ Axel... ㅡ Tirei a mão dele do meu braço e o encarei. ㅡ Você não entendeu o que a gente tem aqui? Uma relação super casual onde somos aluna e professor. Nada além disso. ㅡ Expliquei detalhadamente e pacientemente enquanto ele me encarava com um olhar de que escutava por uma orelha e saia pela outra. ㅡ Aquela noite foi... ㅡ Procurei a palavra certa para descrever aquela noite que, infelizmente, ainda estava na minha cabeça.

ㅡ Encantadora, maravilhosa, sensacional e boa por um beijo nosso.

ㅡ Roubado por você, na real. ㅡ Comentei. ㅡ Agora, Axel... Digo, Sr Hawking. Não coloque esperanças nisso aqui, ok? Somos apenas pessoas normais e com amizade.

Ele sorriu abertamente ㅡ o que era nítido que estava sendo debochado e sarcástico ㅡ , antes de se aproximar do meu corpo e enclinar até a minha orelha.

ㅡ Tudo bem, Marina. Ou melhor, Srta Soares. ㅡ Um alívio correu pelo meu corpo quando ele disse. No entanto, ele completou. ㅡ Eu vou esperar até que essa fase de negação vá embora. ㅡ Ele sussurrou perto do meu ouvido antes de sair da pequena salinha e me deixar sozinha.

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Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora