05_ Número de telefone.

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Mãe- Marina, você tem que se cuidar. Sabe que nos Estados Unidos as coisas são bem diferentes do que aqui no Brasil.

Ouvi a voz da minha mãe do outro lado da linha enquanto eu apertava o lápis entre meus dedos me sentindo nervosa já sabendo o que iria vim por aquele começo de conversa. Sinceramente, ao meus olhos a minha relação com a minha mãe era completamente diferente dos outros membros da minha família.

Sendo mais específica, o meu pai. No início fomos duas pessoas que se davam bem, porém, após eu falar que me mudaria pro Estados Unidos para seguir meus sonhos as desavenças começou. O que, de fato, foi uma situação que me fez abrir meus olhos.

E agora eu, simplesmente, decidi que manteria contanto apenas com a minha mãe para que não ocorresse nada.

Mari- Estou me cuidando bem, mãe. Além disso o EUA é mais tranquilo do que a BA.

Mãe- Que bom. Como tá indo a faculdade? Conseguiu um trabalho?

Mari- Sim, na verdade eu estou agora me planejando para a aula de amanhã e também o trabalho de corretora que eu consegui.

Mãe- Corretora de imóveis, Marina? Sério?

Mari- É o que eu consegui, mãe. E você sabe que eu adoro uns desafios.

O suspiro do outro lado da linha me fez suspirar revirando meus olhos. Deixei o lápis em cima do caderno sentindo um aperto no meu peito. Infelizmente, conhecia a minha mãe muito bem para saber que aquele suspiro era de decepção.

Mari- Eu falo com você depois.

Mãe- Ok...

Desliguei a ligação jogando o celular em cima do caderno, apertando meus olhos e respirando fundo várias vezes.

ㅡ Mari? A janta tá pronta! ㅡ Pude ouvir a voz da Sid vindo da sala.

ㅡ É pizza de novo??? ㅡ Gritei me levantando da cadeira, prendendo meu cabelo antes de sair do quarto e caminhar até a cozinha.

ㅡ Ah, para, Mari. Sabe que aqui não comemos variáveis. ㅡ Vi perfeitamente um sorriso debochado se formar nos lábios dela assim que eu entrei na cozinha. ㅡ Mas hoje eu estava inspirada e fiz um macarrão com queijo. ㅡ Olhei para a pequena mesa e me surpreendi ao ver que tinha uma bandeja de macarrão com muito queijo.

ㅡ Preciso urgentemente lhe mostrar a culinária brasileira. ㅡ Sentei-me na mesa sorrindo. ㅡ Amanhã quem vai fazer a janta sou eu.

ㅡ Isso mesmo. Até porque eu vou estar ocupada demais. ㅡ Sid sorriu convencida sentando na cadeira em minha frente. ㅡ Me conta como foi na entrevista.

ㅡ Você não deveria estar estudando? ㅡ Encarei-a. Ela fingiu demência colocado o macarrão em seu prato. ㅡ Sidney... ㅡ Ela me interrompeu.

ㅡ Ai, tá tudo bem, Mari. ㅡ Ela balançou a cabeça. ㅡ Esqueci de te contar uma coisa. O carinha que eu estava ficando queria vim pra cá pra casa. Acredita nisso?

ㅡ Ue? ㅡ Ri da careta dela. ㅡ O que é que tem nisso? Ele pode querer algo sério.

ㅡ O que? Deus me livre, Mari! ㅡ Ela balançou a cabeça indignada. ㅡ Aqui em casa só entra as pessoas que são confiáveis, ou melhor, pessoas que NÓS DUAS conhecemos e confiamos. Além disso, não moro sozinha, ainda tem você. Imagina se ele faz algo com você? Eu nunca me perdoaria e bateria nele até quebrar duas costelas!

Abri um sorriso olhando para a Sid e me sentindo grata por ter ela. Eu sou a irmã caçula de dois irmãos, e a mais velha era a minha irmã problemática que sempre fazia de tudo para me irritar.

Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora