06_ Sr Dash Harris.

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Segurei o bilhete em minha mão enquanto eu andava de um lado pro outro tentando espantar todas aquelas lembranças daquela bendita noite em que eu conheci o Axel.

Durante os meus 19 anos ㅡ quase 20 ㅡ para mim era impossível acontecer uma coincidência tão óbvia e clichê desse jeito. Eu não sou lá uma pessoa sociável que vai a festas, tem amigos, tem status, ou até mesmo uma vida social que me faça ter bastante contato com as pessoas.

Sid é realmente uma exceção que a vida me trouxe. A um ano atrás eu fiz amizade com ela pela internet, com isso fomos nos planejando para conseguir a faculdade e também um lugar para que as duas morassem juntas assim que eu chegasse no EUA.

Ok, tá certo, sei bem que existe o grande o perigo de falar com uma pessoa estranha. Mas, sinceramente, eu peguei confiança na Sidney assim que começamos a conversar.

Não é atoa que estamos com uma amizade tão grande.

Respirei fundo várias vezes me sentindo nervosa, com o meu coração palpitando dentro de mim. De fato, aquele bilhete me surpreendeu e me deixou de alguma forma... mexida.

A primeira coisa que veio na minha cabeça foi o beijo roubado do Axel, e só de me lembrar me deixava nervosa ao ponto de querer correr e fugir para o mais longe possível dele e daquele assunto. Queria fugir de tudo aquilo que me deixa nervosa e ansiosa.

Como, por exemplo, sentir que eu queria ou não queria salvar o número do Axel e conversar com ele normalmente sem um clima ruim pelo o que houve. Seria estranho? Tipo, ter uma conversa com o meu professor e pelo cara que me roubou um beijo? Era estranho estarmos tão perto dessa forma? Seria estranho de alguém, um dia, souber disso e questionar um momento entre professor e aluna?

Peguei o celular do meu bolso, disquei o número da Sidney e esperei que ela atendesse. Uma, duas, três... Até que caiu na caixa postal. Revirei meus olhos ligando novamente, tocou três vezes antes de cair na caixa postal novamente.

Respirei fundo desligando o celular, colocando de volta no bolso. Guardei o bilhete no meu bolso enquanto saia do banheiro feminino e corri para fora do corredor voltando a sala. Ao chegar lá, pude perceber que não havia mais ninguém. Só o Axel.

ㅡ Cadê todo mundo? ㅡ Fiz uma careta me aproximando da mesa e pegando a minha bolsa. Percebi que, também, a sala já estava arrumada então já indicava fim das aulas.

ㅡ Foi embora. ㅡ Axel respondeu colocando algo dentro da sua bolsa antes de fecha-la. ㅡ Phoebe e Bob perguntaram por você e ficaram confusos pela sua demora. O que você fez tanto no banheiro?

Seria estranho se eu respondesse que ele causou algo dentro de mim após o número?

ㅡ Estava conversando. ㅡ Afirmei enclinando a minha mão pegando a minha mochila que já estava fechada.

ㅡ Com quem?

ㅡ Isso... isso não é da conta do meu adorável professor. ㅡ Coloquei uma alça da minha mochila em meu ombro sorrindo de um jeito debochado. ㅡ Até amanhã, Sr Padrãozinho. ㅡ Falei dando as costas para sair da sala.

ㅡ Vai me mandar mensagem? ㅡ Parei de andar com aquela pergunta e, como estava se tornando costume, engoli em seco nervosa. ㅡ Eu instalei o Whatsapp brasileiro por você.

Franzi minhas sobrancelhas voltando a olhar para ele, que estava encostado na mesa com os braços cruzados e me olhando com um sorriso. Um sorriso bem... deixa pra lá.

ㅡ Fico lisonjeada, Sr Padrãozinho. Mas acho que isso foi tudo em vão. Aqui nos EUA não usam o Whatsapp, eles são completamente diferentes. ㅡ Respondo-o segurando firme a alça, em seguida andei até a porta.

No entanto, a voz dele soou.

ㅡ Você não é um padrão, Marina. E isso é o que me intriga mais. ㅡ Engoli em seco novamente fechando a porta rapidamente e correndo pelos corredores.

Balancei minha cabeça espantando aquelas pensamentos inúteis caminhando apressadamente para sair dali o mais rápido possível.

Fechei a porta do carro com força e segurei firme o volante. Apertei meus olhos fortemente e tentei respirar fundo várias vezes me controlando para não pensar no Axel.

Meu celular tocou em meu bolso, me fazendo pega-lo vendo que era a Sid. Finalmente.

Mari- Alô?

Sid- Mari? O que aconteceu? Eu...

Interrompi ela antes que ela continuasse e dá explicações sordidas. Do outro lado da linha percebi a respiração ofegante e murmuros.

Mari- Não preciso de detalhes, eu só queria falar com você. Tirar uma dúvida.

Sid- Sobre o que?

Mari- O Sr Hawking me deu o telefone dele. Disse que instalou o próprio Whatsapp brasileiro para ter conversas comigo.

Ouvi a respiração dela novamente, fiz uma expressão de nojo automaticamente.

Mari- Eca, Sidney!

Sid- Desculpa, Mari. É que aqui tá tão...

Interrompi ela antes que ela continuasse.

Mari- Ok, a gente conversa mais tarde. Eu tenho que ir pro trabalho. Quer que eu deixe o carro em casa?

Sid- Não... Eu vou de táxi ou convenço o garoto que tá aqui. Te conto os detalhes mais tarde, beijinho!

Mari- Muito obrigada, mas não.

Afirmei desligando a ligação, colocando o meu celular no banco ao lado e pegando o número do Axel e colocando em cima do celular. Respirei fundo dando a partida e, definitivamente, tomando a minha decisão.

[...]

ㅡ Muito bem, Srta Soares, como você chegou a alguns minutos antes do combinado eu quero lhe informar coisas básicas sobre ser um corretor de imóveis. Sinceramente, acho que essa parte é bem inútil, mas ainda sim é importante as informações. ㅡ Sra Bennett gesticulava enquanto andávamos pelo corredor da empresa. Naquela altura, várias pessoas passavam por nós cheias de ternos e roupas chiques. ㅡ Primeiramente, você precisa saber que um corretor de imóveis é técnico em transições imobiliárias. Corretor realiza a intermediação imobiliária entre o comprador e o vendendor.

Enquanto a Sra Bennett explicava tudo, eu acompanhava ela anotando tudo em o meu pequeno caderninho. Na verdade, eu usava aquele caderninho para organizar meus pensamentos.

ㅡ Quando estiver com um cliente, você precisa esclarecer todas as dúvidas e fazer com que a transação seja a melhor possível para ambos. ㅡ Assenti freneticamente enquanto anotava. ㅡ Você precisa orientar, dá suporte e fornecer todos os esclarecimentos necessários ao longo da negociação. Assim como eu estou fazendo com você.

Assenti novamente anotando, no entanto, ela parou e me olhou.

ㅡ Vejo que é bastante atenciosa, Srta Soares. ㅡ Ela me olhou de cima a baixo e voltou a olhar para meus olhos com um olhar estranho. ㅡ Já leu a lei 6.530?

ㅡ Quem?

ㅡ Hm. É melhor você pesquisar ㅡ Sincera e honestamente, não estava entendendo o porquê daquele olhar estranho. ㅡ Ah, quase esqueci de esclarecer. Você não trabalhará sozinha.

ㅡ Não? ㅡ Encarei-a confusa.

ㅡ Aqui exercemos e tentamos usar ambas as partes para ajudar e ganhar mais clientes. ㅡ Ela respondeu-me. ㅡ Você, será uma corretora de imóveis, e também terá o seu parceiro. O consultor de imóveis.

ㅡ Consultor de imóveis? Isso existe? ㅡ Cocei minha cabeça mais confusa.

ㅡ É claro que existe, Srta Soares. Uau, realmente teremos que fazer com você entenda mais do mundo dos negócios imobiliários. ㅡ A mesma sorriu. Senti que, com certeza, era um sorriso falso. ㅡ O seu novo colega de trabalho se chama Sr Harris. E por favor, Srta Soares, não nos decepcione. ㅡ Ela, simplesmente, disse seriamente antes de sair e me deixar sozinha naquele corredor.

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Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora