25_ O beijo...

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Desde á minha adolescência em que eu fui descobrindo a puberdade e também descobrindo que eu era um fardo para a minha família, nunca conheci alguém.

Eu até tentava, tenho que admitir. Para mim, um relacionamento sério era um sonho de qualquer pessoa que estivesse disposto a criar futuro com alguém em especial. Eu era uma dessas pessoas.

Por toda a minha adolescência eu fui comparada com minha irmã que, infelizmente, isso segue até hoje. As pessoas nunca tentavam se aproximar de mim achando que eu só era uma invejosa que queria tudo da minha irmã, até que ela passou a acreditar nisso.

Depois dali a minha vida foi um completo inferno. Na escola, nos passeios escolares, nas festas que a minha irmã dava lá em casa, NA MINHA PRÓPRIA CASA. Era horrível não se sentir confortável na sua casa, onde deveria ser meu porto seguro.

Eu me sentia deslocada no meio de todo mundo. Meus pais procuraram motivos para reclamar comigo dizendo que eu era uma decepção, minha irmã vivia falando que eu queria roubar o lugar dela, minha família me julgava por não ser popular e etc. Era tudo um tremendo inferno para mim.

Até que eu decidi ir embora. Comecei a procurar emprego, juntei dinheiro, conheci a Sid, planejei meu intercâmbio, planejei minha vida morando com a Sid. Era bom não se sentir deslocada e, possivelmente, amada.

ㅡ Sinto muito. ㅡ Olhei para o Axel assim que ouvi suas palavras. Agora estávamos um sentados na frente do outro, com um prato mediano de Baião de dois.

ㅡ Sente muito pelo quê?

ㅡ Pela sua família. ㅡ Abaixei meus ombros na mesma hora. ㅡ Principalmente pela sua irmã.

ㅡ Tudo bem, Axel. ㅡ Balancei minha cabeça sorrindo sem mostrar os dentes. ㅡ Estou um pouco melhor, sabe? Lá eu não tinha escapatória porquê morava no mesmo ambiente que eles. Agora é diferente.

ㅡ Entende os motivos pela sua irmã fazer isso com você?

ㅡ Honestamente, não. ㅡ Suspirei. ㅡ Eu amo a minha irmã independente de tudo. É horrível pensar que entre nós duas existe uma barreira enorme como essa.

ㅡ Você se sente bem com isso?

Soltei o garfo no prato pensando de qual forma eu poderia responder aquela pergunta. De primeira eu iria responder que sim, no entanto, não era bem assim que eu me sentia.

ㅡ De verdade, não. ㅡ Murmurei. ㅡ Como eu era, infelizmente, comparada com a minha irmã eu acabei me sentindo inferior a ela. É triste dizer isso, mas eu estou melhor longe deles.

Assim que terminei a frase, Axel deslizou sua mão sobre a mesma e tocou na minha. Ergui meu olhar e olhei para o Axel que sorria fraco e, ao mesmo tempo, pude perceber o que estava na minha frente.

Era estranho sentir a sensação que, além da Sid, eu tinha o Axel.

Ficamos ali até o final do jantar, que se seguiu em nós dois conversando muito na tentativa de nos conhecer melhor. Ao final de tudo aquilo ㅡ devo admitir que a comida brasileira que o tio dele fez, mesmo que não chegue aos pés de um BRASILEIRO fazendo, estava tudo delicioso ㅡ , nós saímos do shopping e andamos até a moto que estava estava estacionada.

ㅡ Gostou? ㅡ Axel perguntou parando na frente da moto me olhando com um sorriso.

Abracei meus próprios braços abrindo um sorriso tímido, abaixei a cabeça, ergui meu olhar e dei um passo me aproximando dele.

ㅡ Sim. ㅡ Assenti balançando a cabeça. ㅡ Eu não tenho palavras para descrever a noite maravilhosa que você me proporcionou, Axel. Nenhuma. ㅡ Afirmei erguendo minha mão e tocando no seu ombro. ㅡ O jantar estava maravilhoso, o seu tio realmente caprichou e aprendeu direitinho as receitas. Você me fez... me fez estar lá no Brasil mesmo estando a quilômetros de lá. ㅡ Me aproximei mais do seu corpo com um sorriso. ㅡ Eu... eu tenho que agradecer por você ter me ajudado com palavras e com o abraço naquela festa, agradeço por estar aqui comigo.

Continuando a manter o contato visual comigo, Axel deu um passo a frente ficando a poucos centímetros de mim. Ele ergueu lentamente uma das suas mãos aproximando ela da minha cintura, em seguida ele ergueu a outra e tocou na minha bochecha.

ㅡ Você já tem certeza dos sentimentos ou vou ter que lhe roubar um beijo de novo? ㅡ Ri com sua pergunta. Ergui minhas mãos tocando em seu peito. ㅡ Você tem duas opções.

Enclinei minha cabeça lentamente mais para cima deixando nossos rostos próximos e, consequentemente, nossas bocas também.

ㅡ Eu escolho as duas. ㅡ Sussurrei abrindo um sorriso de ladinho.

Ele abriu um sorriso tão iluminado e feliz antes de, finalmente, unir nossos lábios em um beijo esperado. As suas mãos apertaram a minha cintura, as minhas subiam pelos seus ombros largos até seu pescoço, meu coração palpitava dentro de mim até que...

Ele se afastou e me olhou confuso.

ㅡ O que foi isso?

ㅡ Isso o que?

ㅡ O que você fez com a língua? ㅡ A pergunta do Axel me fez rir me afastando. ㅡ O que foi?

ㅡ Me desculpa. Por um momento esqueci que vocês americanos não colocam a língua no beijo e... ㅡ Axel me interrompeu.

ㅡ Eu gostei. ㅡ Encarei ele com a testa franzida assim que ele falou. ㅡ Faz de novo. ㅡ O seu pedido me fez sorri e, antes que eu respondesse, ele me puxou com força e me beijou novamente.

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Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora