22_ Mariana?

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Bati minha perna direita repetidamente no chão enquanto comia o prato delicioso. Axel na minha frente comia calmamente, e eu me segurava para não olhar para ao redor e me sentir inferior a todas aquelas pessoas.

ㅡ Creio que essa seja a oportunidade de nos conhecemos. ㅡ Axel murmurou quebrando o silêncio. ㅡ Ou tô errado?

Soltei o garfo no prato, peguei o pano e limpei a minha boca antes de olha-lo.

ㅡ O que você quer saber?

ㅡ Como era a sua vida no Brasil?

ㅡ Ah... ㅡ Comecei a bater meus dedos na mesa. ㅡ Se a gente não estivesse tentando se conhecer, falaria que tudo foi um mar de rosas. No entanto, a minha vida sempre foi bastante turbulenta em relação a minha família.

ㅡ Por que?

ㅡ Eu não puxei a perfeição da minha irmã. ㅡ Dou de ombros. ㅡ Desde bem pequena eu e a minha irmã éramos comparadas. Ela sempre foi a garota perfeita, com notas perfeitas, bons modos, bons estudos, com boas oportunidades, bons amigos, uma boa rede social promissora. Eu nunca me importei com isso, então eu era bem focada nos meus estudos. Nada mais.

ㅡ Como é que é a sua irmã? ㅡ Axel me olhou curiosa.

ㅡ Ah... Ela é bem parecia comigo aos olhos das pessoas. ㅡ Respondi abrindo a minha bolsa, peguei meu telefone, abri na galeria e procurei uma foto que eu tinha com a minha irmã. Cliquei nela assim que achei. ㅡ Aqui. ㅡ Mostrei a foto para ele.

ㅡ Ah, eu conheço ela. ㅡ Tirei o celular de frente do meu rosto e encarei o Axel.

ㅡ Conhece?? Como?

ㅡ Ela me mandou um direct no Instagram depois que eu comecei a te seguir. ㅡ A tranquilidade na voz dele me fez abaixar meus ombros.

A minha irmã...

ㅡ O que ela falou?

Sem me responder, Axel colocou a mão no bolso, tirou o celular de lá, mexeu em algo e logo me estendeu o celular que estava aberto na mensagem que ela tinha mandado.

ㅡ Eu não sou bom em português. Só falo algumas coisas, então eu não entendi nem a metade do que ela disse. ㅡ Axel riu de si mesmo voltando a comer.

Deixei o meu celular em cima da mesa e olhei para a mensagem. É claro, estava em português então o Axel não entendeu e nem respondeu.

Mariana- Oi gatinho!
Vi agora que você seguiu a minha irmã.
De onde?? Você é muito gato para falar com uma besta feito a minha irmã.
Tá iludindo ela? Espera, ela ta dando em cima de você? Coitada!
Me liga, tá, gatinho?
Primeiro veja que a minha irmã não é isso tudo, mas eu sou.

Um aperto no peito enorme surgiu dentro de mim após terminar de ler aquela mensagem. Como é que isso é possível? Tipo, ela é minha família! Meu sangue! Por que? Ela se sentia bem com isso??

ㅡ Marina?? Você tá bem? ㅡ Axel perguntou me fazendo voltar a tona abaixando o celular. ㅡ Por que tá chorando?

Só então percebi que meus olhos se encheram de água pela dor.

ㅡ Não. ㅡ Olhei para cima e puxei o ar com força. ㅡ Tá tudo bem. É reflexo.

ㅡ Viu a mensagem? ㅡ Assenti. ㅡ O que tem escrito ai?

ㅡ Ela tá dando em cima de você. ㅡ Respondi entregando-lhe o celular. Admito, um leve incômodo surgiu em mim após responde-lo. Seria ciúmes? ㅡ Não é uma surpresa para mim.

ㅡ O que eu respondo?

ㅡ Você tá perguntando para mim? ㅡ Questionei voltando a comer.

ㅡ Ela é sua irmã, Marina. Sabe como dizer não para ela sem magoa-la. ㅡ Axel deu de ombros dando uma risadinha. Uma risada cínica, tenho que admitir. ㅡ Como é que fala tenho namorada em português?

Tenho dona. ㅡ Respondi, em seguida soltei uma risadinha.

ㅡ Ah... ㅡ Axel riu balançando a cabeça desligando o celular e colocando de volta no bolso.

Terminando o jantar, em seguida veio a sobremesa. Pelo resto do jantar ele me contou como era a relação com a família dele, e como era quando ele morava no Brooklyn. No final, saímos do restaurante e ele me levou até uma praça que tinha perto dali.

ㅡ Eu gostei de hoje. ㅡ Axel murmurou no meio do silêncio, enquanto estávamos sentados no banco da praça. Naquela hora poucas pessoas estavam passeando por lá, então não tinha tanta gente por ali.

Abaixei meu olhar abrindo um sorriso tímido no canto dos lábios.

ㅡ Eu também gostei. ㅡ Sussurrei. ㅡ Para um primeiro encontro, está correndo perfeitamente bem.

No segundo seguinte, Axel pegou em minha mão e entrelaçou nossos dedos novamente. Ergui meu olhar e me virei um pouco para ele, vendo que ele estava aproximando seu corpo do meu.

ㅡ Espero que continue gostando. ㅡ Ele se enclinou deixando que os nossos rostos se aproximassem. ㅡ Ainda falta mais quatro saídas.

ㅡ Amanhã, para onde nós vamos? ㅡ Perguntei na curiosidade. Engoli em seco percebendo que o meu coração começou a acelerar com aquela nossa aproximação.

ㅡ Amanhã você verá, investimento. Eu gosto de lhe surpreender. ㅡ Ele abriu um sorriso sarcástico.

ㅡ Assim como fez com aquele beijo roubado? ㅡ Ergui minha sobrancelha.

ㅡ Até eu me surpreendi com um beijo tão simples, mas, com tanto significado. ㅡ Meu coração acelerou mais com suas palavras.

Engoli em seco vendo que ele se aproximou mais seu rosto do meu. No momento eu apenas o olhava esperando que ele me beijasse, porém, ele não fez isso.

Axel levou a sua mão até o meu pescoço, enclinou seu rosto e me deu um beijo na testa. Sim, um beijo na testa que me surpreendeu. Em seguida, ele se aproximou da minha orelha e sussurrou.

Eu só vou te beijar quando tiver a plena certeza dos seus sentimentos por mim. ㅡ Um arrepio correu pela minha pele após seu sussurro. ㅡ Vamos para casa? A sua amiga deve estar lhe esperando. ㅡ Ele levantou e estendeu sua mão.

Ainda surpresa, segurei em sua mão sorrindo de um jeito bobo.

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Lições do Amor | Vol.1Onde histórias criam vida. Descubra agora