• Maiara •
Estava tensa com nosso retorno à noite para a fazenda e claro a primeira coisa que vejo ao descer do carro é a figura de Fernando conversando com seu pai na varanda principal. Subo lentamente a grande escadaria de acesso à casa e se pudesse caminhar na velocidade de lesma, em direção à extensa varanda lateral na qual os dois estavam sentados, eu o faria. Mas claro que Tati não me deixa passar invisível, mesmo com meu olhar de Gato de Botas implorando para que me deixe seguir para o quarto.
Tati: Maiara, venha logo! — ela me chama já largada no colo do primo deitado no grande sofá e logo seus braços fortes envolvem o corpo dengoso de Tati.
Ok, talvez ele até ame Tati realmente... pelo menos o traste demonstra isso ao vivo e a cores.
Maiara: Boa noite... — digo reticente e volto minha atenção para Tati. — Amiga, me desculpe não ficar, estou com dor de cabeça e bem cansada da missão na cidade com você. Ainda bem que você não é minha chefe! Eu estaria morta tendo que aguentar diariamente sua velocidade 220V — dou um sorriso amarelo e evito olhar para Fernando, que também não parece muito interessado em mim agora.
Tati: Maiara, por que não me disse antes que está com dor de cabeça?
Seu olhar preocupado me diz que realmente acredita na minha desculpa esfarrapada, ao contrário do ordinário do primo que agora exibe sua cara de deboche e estampa um olhar desafiador como quem diz "fuja mesmo sua covarde" esse pensamento me faz arquear a sobrancelha e encarar o Arcanjo Gabriel lindo e cretino.
Eu deveria realmente seguir com meu plano de me enfiar no quarto, afinal essa é a coisa mais segura a se fazer, mas a covardia passou muito longe da Malévola aqui. Jogo minha bolsa na mesa lateral e me sento na confortável poltrona ao lado do tio de Tati e de frente para a dupla de primos. Logo uma taça de vinho surge e o sorriso acolhedor de Sérgio desfaz minha cara carrancuda.
Sérgio: Tome Maiara! Não há nada que um bom vinho não resolva!
Maiara: Tem toda razão, Sr. Sérgio, digo Sérgio! — o olhar de quem já ia brigar comigo pela formalidade logo se desfaz e posso perceber imediatamente a quem Fernando puxou.
Além do charme irresistível, o olhar e jeito acolhedor são idênticos. Brindamos e agora percebo também o quão simpático e divertido Sérgio é. Já estamos na segunda garrafa de vinho e meu foco em Fernando se perde. Estou completamente envolvida com a conversa de Sérgio que arranca longos ataques de riso meus e de Tati.
A conversa é interrompida pelo celular tocando insistentemente dentro da minha bolsa. Três ligações perdidas e de ninguém menos que o Sr. Morningstar. Que conveniente, não é mesmo? Meu diabinho logo se levanta animado da poltrona onde estava jogado, totalmente entediado pela conversa, mas ao menor sinal de que teremos uma boa provocação vindo pela frente, o faz buscar seu tridente e se apresentar para o combate sob o olhar acusatório do anjinho.
Maiara: Oi, gato! Não ouvi o telefone tocar! Sim, perdido dentro da bolsa. Você me conhece muito bem — preciso segurar meu riso porque o cretino do primo agora me dá 100% da sua atenção, apesar de tentar disfarçar. — Com quem estou? Adivinha... — faço uma pausa dramática — Sim, Tati, obviamente... Hugo, você pode fazer melhor do que isso.
Hugo: Já entendi Mai, aposto que Fernando está aí também e você está me usando para provocá-lo. Estou sabendo das últimas notícias e devo admitir, que mesmo conhecendo seu nível de safadeza, você conseguiu me surpreender. Sério Maiara, meu primo?! Na baia da Salsa?
Maiara: Hugo... como se atreve? — respondo forçando uma indignação cínica e levanto rindo alto, volume obviamente potencializado pelo álcool que transita no meu corpo. — O que ele te disse? — agora um pouco mais afastada volto ao meu tom normal de conversa e ao mesmo tempo investigador com meu melhor amigo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Dominar Um Cretino
FanficFernando Zorzanello é o tipo de homem que todo mundo deseja. É lindo, bem sucedido e um amante como poucos. Mas eu não sou todo mundo. Eu queria mais, merecia mais! Quando o vi pela primeira vez, se é que se pode chamar aquilo de "ver", não fazia...