Capítulo 14

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• Fernando •

Depois de me deixar plantado no meio da cozinha com uma ereção que doía minhas bolas, que já devem estar azuis a essa altura do campeonato, só me resta ir para o quarto, me enfiar embaixo do chuveiro, bater uma punheta e gozar no azulejo do box, como um adolescente infeliz pensando no corpo perfeito e nas palavras abusadas de Maiara. Puta que pariu! Maiara me paga! Ela não tem noção do que provocou! Eu, Fernando Zorzanello, adestrado como um cão de madame? Rah! Pode esperar sentada! De preferência rebolando e gozando no meu pau! Porra! Imaginar essa cena me deixa louco de novo! Ligo dessa vez a água fria tentando aplacar o fogo, provocado pela mistura de gasolina e nitroglicerina pura, que a donzela-megera ateou em mim sem dó, nem piedade.

Já deitado com meu celular na mão, rolo a tela para as mensagens mais antigas, e a que mandei no domingo à noite para Maiara continua sendo solenemente ignorada. Mudo seu contato para "Donzela-Megera". Muito mais condizente com quem ela é de fato! Travo o telefone e jogo para o lado da cama. O melhor a fazer agora é tentar dormir. Logo cedo vou andar pela fazenda com a Salsa, quem sabe assim eu consigo pensar em outra coisa que não seja a mulher infernal que dorme no quarto quase em frente ao meu.

***

Depois de ser entupido de comida mais uma vez pela Tia Edite desço até o curral e peço ao Waldir para selar a Salsa. É um momento de paz quando saímos apenas nós dois pelos caminhos e trilhas da fazenda e hoje eu não pretendo ser rápido nesse passeio. Passo pela vasta área de pastagem e sigo pela trilha que leva ao mirante. De lá posso admirar toda a vista exuberante da fazenda, que vai desde o casarão, passando pela área de lazer, incluindo a pista de treino de Tati e a pequena vila dos funcionários, sem esquecer do visual fenomenal da Cachoeira dos Cavalos, completada pela visão de uma mulher correndo pela trilha. Uma mulher correndo? Uma hora dessas da manhã com certeza a mulher correndo não é Tati, restando apenas outra única opção: Maiara. O mais engraçado de observar é a quantidade de voltas que ela dá no mesmo percurso, mas por rotas alternativas, o que me leva a concluir que ela está perdida no meio de 300 metros de trilha.

Subo em Salsa para resgatar a donzela-megera em apuros e já imagino que não vai admitir nunca que não sabe o caminho de volta. Esse pensamento já me faz rir sozinho até que me aproximo do corpo suado envolto em um short cinza de corrida curto e um top rosa, que mostra sua barriga deliciosa e o par de seios empinados lindos pra caralho.

Fernando: Bom dia! Impressão minha ou você não sabe o caminho de volta para a fazenda? — Maiara não ouve uma palavra do que digo e não percebe que eu me aproximo, provavelmente pelo volume da música nos fones de ouvido.

Eu só posso gargalhar da sua cara assustada ao bater de frente com o focinho de Salsa, quando gira em seu próprio corpo retornando pelo caminho oposto de onde vinha, nitidamente perdida. Em segundos seu olhar assustado dá lugar à sua feição emputecida que já conheço bem.

Maiara: Humpf! O que faz aqui?

Fernando: Eu? Aproveitando a manhã de sol andando com a Salsa, como pode ver. E você?

Maiara: Se não percebeu eu estava me exercitando até você me interromper, certamente com a intenção de me assustar e provocar um ataque cardíaco fulminante. Agora se me dá licença eu já vou indo.

Fernando: Quer voltar para a fazenda?

Maiara: Parece meio óbvio, não acha? — resmunga apontando a trilha por onde pretende seguir, o que me faz gargalhar ao mesmo tempo que ela cerra seus olhos com ódio em minha direção.

Fernando: Sei que não me perguntou, mas se seguir por aí vai parar na cachoeira. A fazenda fica para aquele outro lado ali. Viro meu corpo apontando para a trilha oposta à que ela quer seguir.

Como Dominar Um CretinoOnde histórias criam vida. Descubra agora