Capítulo 21

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• Maiara •

Assim que alcanço Tati tento explicar como tudo aconteceu, mas ela continua andando pela trilha em direção ao casarão me ignorando completamente. Tinha intenção de contar hoje à noite quando os meninos já estivessem por aqui, afinal eu tenho certeza de que a conversa seria do nível "babado, confusão e gritaria", como Miguel apelidou nossas conversas que envolvem algum assunto ou evento muito "baphônico", e meu caso com Fernando com certeza vai ganhar o Oscar de melhor "bapho" do ano. Até que ela finalmente explode quando percebe que parei de tentar explicar o inexplicável.

Tati: Fernando, meu primo? Você tava beijando meu primo agora? O mesmo que você tinha ranço e criticava desde o dia que falei dele pela primeira vez? O cretino, ordinário e maldito Fernando? Explique-se agora mesmo, Maiara!

Maiara: Amiga, calma...

Tati: Calma?! Não me peça calma! Não ouse me pedir calma!

Maiara: Cristo Jesus, bem que Ricardo me disse que você ia surtar! — eu e minha grande boca! Tati para de uma vez como se tivesse puxado o freio de mão do carro em alta velocidade! Aperto os olhos em nítido desespero sabendo que eu vou ouvir um monte!

Tati: O quê?! Paraaa tudo! O que você disse? Que Ricardo te avisou? Ricardo sabe de tudo? Se Ricardo sabe de tudo, Miguel também! — ela fica em silêncio e o seu rosto está cada vez mais vermelho! — Minha Santa Protetora das Amigas Cretinas, me socorre! — Sobrou pra mim ser a marida traída, aqui? Sou a última a saber que você beijou meu primo Fernando? É isso mesmo? Não posso acreditar! Se for só beijar... trepar! Vocês estão trepando? Eu não quero pensar nisso!

Tati sai andando na frente bufando, batendo o pé, enquanto eu praticamente volto a correr atrás dela pedindo para que me espere, mas é inútil. Tati está puta, putíssima da vida comigo, como nunca aconteceu em todo esse tempo de amizade.

Maiara: Tati pelo amor da Santa, me deixa falar! Do jeito que você está resumindo parece até que eu estou te escondendo o maior dos segredos de propósito! Tatiiii escuta! — grito, mas ela não para de caminhar e só me resta continuar correndo até conseguir alcançar sua mão — Eu não te falei nada porque eu simplesmente não sabia, na verdade eu nem sei ainda no que isso vai dar. Mas tinha certeza de que você ia surtar no momento que eu te contasse, e é exatamente isso que você está fazendo.

Tati: Não quero falar com você agora. Traidora! — ela me dá as costas subindo correndo a escadaria do casarão.

Passamos pela família reunida na sala que apenas acompanha a típica cena "seria cômica se não fosse trágica", comigo caminhando apressada atrás de Tati que passa primeiro pisando fundo e bufando em direção ao seu antigo quarto.

Maiara: Tatiana Zorzanello Müller! — grito pra minha amiga como última esperança de cortar seu chilique — Pare agora mesmo e me escute!

Tati: Humph! Comece a falar, estou ouvindo!

Tranco a porta do quarto e conto todo o enredo da novela mexicana que se desenrolou entre nós, desde o dia do falecimento da sua avó, o fatídico encontro no estacionamento, passando pelo dia que cheguei na fazenda e ele foi me buscar no aeroporto quando pensei que ele era o motorista da fazenda.

Tati: Por isso você voltou no cemitério na manhã seguinte? Não vai me dizer que se encontraram?

Maiara: Não. Eu fiquei um tempo lá, mas não o vi. Tati há um ano e meio que espero por ele! Já estava convencida que aquele homem era fruto da minha imaginação. Até que ele foi me buscar no aeroporto, nos reconhecemos e .... — faço uma pausa vou ter que contar logo toda a verdade!

Como Dominar Um CretinoOnde histórias criam vida. Descubra agora