Capítulo 8

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• Fernando •

Acordo cedo como de costume e procuro por um tênis de corrida, já que esqueci de trazer o meu de São Paulo! Abro a porta do armário e lá está ele! Excelente! Depois da corrida matinal, vou direto para o chuveiro para uma ducha rápida. Coloco uma boxer branca, uma calça jeans antiga que encontrei no meu armário, mas que ainda serve tranquilamente, camiseta básica branca, uma camisa xadrez vermelha.

Já no caminho da cozinha sinto um cheirinho bom de café, das famosas broas de milho e do bolo de laranja de Tia Edite que acabaram de sair do forno. Isso tudo é a cara da minha infância. Quando vejo minha tia terminando de passar o café, vou rápido até ela e abraço tão forte que ela tira os pés do chão.

Edite: O que é isso menino?! Me bote no chão agora! — começo a rir feito um bobo. É exatamente assim que me lembro dela.

Passado o susto ela fecha a garrafa térmica, fica de frente para mim e me olha de cima para baixo. Seus olhos se enchem de lágrimas, eu não resisto e dou outro abraço apertado cheio de saudade. Tia Edite me enche de comida, apesar de dizer em vão que estava satisfeito.

Edite: Saco vazio não para em pé, menino! — briga comigo, mas logo se derrete quando sorrio de volta.

Fernando: Estou com pressa Tia Edite! Quero ir logo para o curral e o estábulo. Preciso ver a Salsa e andar por essa fazenda! — pego mais um pouco de café, bebo rápido e vou andando. — Avisa Tati por favor Tia, que não quis que ela acordasse tão cedo e mais tarde eu ando com ela! — o ar da fazenda era muito diferente, fico perdido por um momento olhando sem acreditar que realmente estava ali e não naquela sala fria e sem graça do escritório. Por que caralhos eu fiquei tanto tempo sem vir aqui?!

Finalmente chego na minha parte preferida da fazenda, o espaço dos cavalos! Acompanhei pessoalmente o projeto. Organizamos as baias, a área de pastagem, o redondel e ainda a pista aberta para os treinos, pensada especialmente para Tati que adorava competir. Vou andando até a área das baias dispostas de forma circular, queríamos uma estrutura que favorecesse a socialização e o cuidado com os animais. As baias têm espaço mais que suficiente e as suas divisórias são de grade, permitindo que os cavalos se vejam e se cheirem e cochos individuais.

Vejo que a rotina da fazenda continua a mesma. A essa hora os empregados já estão levando alguns animais para o pasto e alimentando outros. No meio do caminho encontro com Leonardo. Ele estava trocando mensagens pelo celular e parecia nervoso andando de um lado para outro. Pergunto o que aconteceu.

Leonardo: Fala Zor! — diz sem me olhar, compenetrado na tela do celular — Estou enrolado aqui com tanta coisa para fazer e não sei quem atendo primeiro!

Fernando: Talvez eu possa te ajudar, estou à toa. O que tem tanto pra fazer assim?

Leonardo: Primeiro a carga da ração e de outros produtos da fazenda atrasou. Marcamos a entrega na semana passada e só agora de manhã é que o caminhão chegou. Tive que chamar o pessoal em pleno domingo para separar e organizar tudo, ver o que fica e o que vai para o celeiro. E agora, além de levar a carga que separamos ontem, ainda tenho que ir para a cidade! Olha a lista que a sua mãe acabou de me passar! Fora isso, a Tati me pediu para buscar a amiga no Aeroporto em Campinas. Impossível resolver essa lista da sua mãe até as 16h quando ela chega.

Fernando: Calma Léo! Eu espero o pessoal separar tudo, arrumar a ração e depois carregar a caminhonete. Me passe o celular da garota, que eu vou buscá-la e depois deixo o que precisar no celeiro. E você vai resolver as coisas da minha mãe antes que ela te trucide. — Ele agradeceu com um forte e aliviado abraço.

Como Dominar Um CretinoOnde histórias criam vida. Descubra agora