Capítulo 37 - Mentiras

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Letizia

Abri meus olhos e continuava no meu quarto. Nua e sozinha, em cima da cama.

Olhei para a penteadeira e minha arma estava lá, intacta, dentro do coldre.

Foi um sonho?

Me dei conta que devia ter desmaiado na cama, já estava me sentindo mal desde a chegada.

Batidas na porta.

Me enrolei nos lençóis, sentindo a tontura me atingir novamente. Anna entrou com uma bandeja na mão:

- Trouxe um lanche. Queria chamá-la para o almoço, mas disseram que estava descansando.

Ela deixou a bandeja sob a cama. Comecei a devorar o sanduíche e as frutas, e perguntei, enquanto mastigava:

- Por que a casa está tão movimentada?

- Vamos ter convidados para o jantar, a segurança foi redobrada.

- Quem são?

Peguei o copo de suco, comecei a beber.

- Domenico falou sobre o conselho, acho. E seu marido, mas creio que já o tenha visto.

Cuspi o suco.

- O quê?

- O conselho e seu marido, Giuliano.

Não esperei que desse mais informações.

Em dois segundos meus neurônios fizeram todas as sinapses necessárias para que eu chegasse à conclusão que algo estava muito errado, que eu não tinha sonhado, liberando a raiva dentro de mim.

Saí correndo até o banheiro, vesti um roupão, tirei minha pistola do coldre e fui até o escritório do meu irmão, dispensei os seguranças que estavam de guarda, dei um chute com toda a força na porta, gritando:

- QUE PORRA É ESSA?

Ele se levantou da cadeira. Só então vi Manoela e Giuliano, sentados no sofá.

Meu irmão veio até mim, fazendo sinal para que me acalmasse.

- Tizia, solte a arma.

Apertei meus olhos, apontei a arma para onde os dois estavam sentados.

E de repente, tudo ficou muito claro na minha cabeça, antes perturbada:

- Você não vai assumir, é isso?

Ele ficou quieto. Os dois traidores italianos estavam de pé, olhando para mim, atônitos.

Comecei a gritar novamente:

- NÃO É? RESPONDA? AGINDO PELAS MINHAS COSTAS!

Passou as mãos pelos cabelos, nervoso:

- Já está decidido, eu estava esperando você acordar.

Não quis ouvir mais nada:

- Sua ex-esposa resolveu te aceitar de volta, é isso? E em troca, você devolve o comando para ele – apontei para Giuliano com a arma – sabe o que você é, Nico? Um fraco! Sempre foi. Se eu não tivesse assumido o comando em Moscou, nós estaríamos ferrados, trabalhando para Sergei até hoje.

Ele retrucou:

- O conselho italiano nunca deixaria uma mulher assumir em definitivo, sabe disso.

Senti o ódio tomar conta de mim:

- Nosso pai teria vergonha de você! VERGONHA!

Abri a trava de segurança da pistola, apertei o gatilho, desviando poucos centímetros de onde Manoela e Giuliano se encontravam, deixando a parede cheia de furos e os dois abaixados, com as mãos na cabeça.

Ex-princesa da máfia (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora