Capítulo 40 - Escolhas

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Letizia

Giuliano dormia tranquilo, tirei seu braço de cima de mim e sem fazer muito barulho, coloquei a roupa, escovei os dentes, lavei o rosto, arrumei o cabelo e saí.

Passei pela sala, onde alguns empregados estavam recolhendo papéis de presente espalhados por todo o local e fui para a cozinha.

Manoela estava sentada, com uma xícara nas mãos.

A mesa de café ainda estava posta, dois lugares apenas.

Olhou para mim:

- Boa tarde, Tizia. Dormiu bem?

Apertei os olhos, pela claridade:

- Tarde? Que horas são?

Ela riu:

- Duas e meia.

Bocejei:

- O maldito fuso horário. Giuliano está desmaiado.

Ela aproveitou:

- Falando nele, fico contente em ver que estão bem.

Enquanto me servia de café e torradas, pensava em uma resposta para o que ela realmente queria saber:

- Somos o assunto do momento. O boato na organização é que ele é capaz de fazer qualquer coisa por mim e que eu iria até o inferno, com ele.

Soltei uma risada, porque achava engraçado essa fantasia. Garotas das famílias, em idade de casar, sonhando em ter um casamento como o nosso. Sem ter ideia do que passamos para chegar até aqui.

- E você iria? Até o inferno?

Tomei um gole de café, queria acabar logo com aquela conversa:

- Provavelmente.

Manoela desviou o olhar:

- Você sabe, que eu e ele somos amigos há muito tempo, e me preocupo...

Cortei a frase:

- Vocês tiveram um relacionamento, há muito tempo atrás.

Ela parecia surpresa:

- Ele te contou?

- Sim. É passado, e sei que você é apaixonada pelo meu irmão.

Giuliano apareceu, com a cara amassada, vestindo uma calça de moletom e camiseta, barba por fazer, seus cabelos estavam um pouco mais compridos. Eu gostava dele assim. Trazia nas mãos meus chinelos.

Cumprimentou Manoela, beijou minha cabeça:

- Descalça, como sempre.

Colocou os chinelos do meu lado, no chão.

Sorri:

- Grazie, tesoro.

(Obrigada, querido)

Ele sentou do meu lado:

- Agora estamos falando em italiano? Me abraçou.

Virei meus olhos.

Beijou meu pescoço e colocou algumas frutas no prato, mantendo uma de suas mãos na minha perna.

Domenico chegou, e segurou Manoela pela cintura.

Olhou para mim:

- Tornou-se uma esposa dedicada, irmãzinha.

Giuliano e Manoela começaram a rir.

Eu o fuzilei com o olhar:

- Sempre fui dedicada, em tudo que faço.

Continuou provocando:

- Chego a sentir pena de Sergei.

- Você sabe muito bem só me envolvi com Sergei para me livrar do contrabando de drogas. Não tenho culpa se ele algum dia achou que era sério.

Disfarcei, pois tinha sido um pouco mais que isso. Cheguei a cogitar que ele seria uma opção, se eu não estivesse empenhada em conseguir o comando italiano, na época.

Giuliano estava comendo e apertou minha perna, olhando feio para mim. Pulei na cadeira, fazendo uma expressão de dor.

Virei para meu irmão:

- Está vendo o que fez? Agora explique.

Domenico esclareceu:

- Tizia se envolveu com ele para conseguir 100% do negócio de armas na Rússia. Mas, ele nunca a esqueceu.

Olhei para meu marido e passei as mãos nos seus cabelos:

- Penso solo a te, amore mio.

(Eu só penso em você, meu amor)

Levantei e sentei no seu colo, sem me importar se estavam olhando ou não. Começamos a nos beijar, com desejo. Ele colocou as mãos por dentro da minha blusa, alisando as minhas costas. Senti o volume na sua calça, encostando no meio das minhas pernas.

Olhei com o canto do olho e vi Manoela e meu irmão irem para a sala.

Me soltei:

- Você confia em mim?

Ele sorriu:

- Em você sim, em Sergei não. Vamos sair daqui.

Segurei sua mão e voltamos para o quarto, assim que fechei a porta, tirei minhas roupas e me joguei na cama, esperando por ele, que em seguida se juntou a mim. Não vimos o tempo passar, e quando me dei conta, já era noite.

Decidimos ficar por mais alguns dias em Nova York, antes de retornar para a Itália. Giuliano conhecia bem a cidade e queria me mostrar alguns pontos turísticos e seus locais preferidos.

Eu ia aproveitar para fazer a tatuagem com seu nome. Depois voltaríamos para a loucura do nosso dia a dia. Contrabando, boates, conselho e todo o resto.

Mas, estávamos juntos. E eu iria até o inferno por ele, se me pedisse.


Manoela

Mais um ano se passou.

Mathew voltou para a escola interna, e nos víamos aos finais de semana, quando Domenico o levava para assistir algum jogo, visitávamos os museus, parques. Estavam cada vez mais próximos.

Nossas empresas estavam indo bem. A startup cresceu, contratando mais empregados e meu marido estava cada vez mais empolgado, chegou a ganhar um premio como destaque do ano na categoria pequenos e médios empresários da Europa.

Letizia e Giuliano continuavam no eixo Sicília - Florença - Moscou. No submundo, todos comentavam sobre o casal máximo da máfia, cujas demonstrações públicas de afeto eram comentadas nas reuniões e festas, fazendo as garotas suspirarem pelos cantos, desejando um relacionamento como o deles.

A presença de Tizia no conselho italiano fortaleceu a liderança de Giuliano, que além de apaixonado, era grato à ela por isso.

Gisela continuava na Sicília, levando uma vida confortável às custas de uma mesada considerável.

Lucca estava sendo educado para seguir os passos da família, mas sempre que possível, fazíamos uma visita para ele. Nas férias de verão, ficava conosco.

Se há dezesseis anos atrás, alguém dissesse que eu chegaria até aqui, não acreditaria. Naquele tempo, eu estava mais preocupada em me esconder e manter meus empregos para juntar dinheiro. Eu era uma garota, com meus vinte anos, assustada. Ex-princesa da máfia, como me chamavam.

Na cozinha, observo Mathew conversando animado com Domenico que está sem camisa, preparando algo para o café da manhã. Vejo meu nome tatuado na sua pele. Ele percebe que estou olhando há algum tempo, vem até mim e me beija, dizendo que me ama.

Eu, Domenico, Mathew e Lucca. Uma família.

Eu tinha o poder de escolha, e nunca mais abriria mão disso.

FIM

Já disponível o livro: A Senhora das armas, sobre Letizia Belikov, no meu perfil.

Ex-princesa da máfia (livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora